As placas tectónicas já foram o principal motor climático da Terra

Antes dos últimos 150 anos, o clima da Terra flutuava à escala de milénios, por vezes com frio suficiente para se tornar numa Terra "bola de neve", ou numa estufa. Saiba mais aqui!

tectónica de placas
De acordo com os investigadores, o motor dos ciclos climáticos a longo prazo é, na realidade, a tectónica de placas. Pelo menos assim era até ao século passado.

De acordo com uma investigação publicada na revista Nature, a resposta para aquilo que impediu a Terra de se fixar numa zona de temperatura extrema reside na tectónica das placas e no ciclo do carbono.

Segundo a modelação efetuada pelos investigadores, o movimento das placas tectónicas serviu de ajuda à correia transportadora de carbono mundial, que, por sua vez, regulava o clima da Terra.

"Somos os primeiros a modelar explicitamente todos os processos de emissão e armazenamento de CO2 que estão embutidos na tectónica de placas", diz o primeiro autor do estudo, Professor Dietmar Müller, coordenador do grupo EarthByte da Universidade de Sydney.

A investigação

Os investigadores utilizaram modelos termoquímicos para compreender como o carbono se deslocou pelo globo ao longo dos últimos cem milhões de anos. "Estes modelos termoquímicos já existem há bastante tempo", diz Müller. "O seu objetivo é: eles seguem materiais, rochas e minerais através da temperatura e do espaço de pressão.

Esta modelação complexa permitiu aos investigadores ver como a tectónica das placas poderia impulsionar o ciclo do carbono. Quando as placas tectónicas se movem rapidamente, o aumento da atividade vulcânica expulsa mais dióxido de carbono para a atmosfera, fazendo com que a Terra aqueça.

Mas à medida que as placas tectónicas abrandam, elas têm o efeito oposto. Isto acontece devido ao crescimento de cadeias maciças de montanhas, como os Himalaias, causadas pela colisão entre as placas tectónicas.

"Estas cadeias de montanhas têm muitas rochas continentais com muitos minerais silicatos, como granito, arenito ou basalto. São erguidas, e ficam erodidas", afirma Müller.

A tectónica de placas sempre mostrou ter impacto nas alterações climáticas, essencialmente, por servir de "empurrão" ao ciclo global de carbono, que tem influência na temperatura da Terra.

Acontece que a reação em cadeia que está envolvida na dissolução destas rochas - chuva ácida muito fraca, porque tem CO2 [atmosférico] dissolvido nelas - faz com que as rochas fiquem corroídas. E, em última análise, os produtos dissolvidos são transportados para os oceanos pelos rios. A partir daí, o carbono é armazenado pelo fitoplâncton, acabando por cair no fundo do fundo do mar como um sumidouro de carbono.

O significado que esta descoberta pode ter para as atuais alterações climáticas

Esta descoberta tem implicações para a gestão das atuais alterações climáticas. O padrão de dissolução do silicato nas montanhas é uma técnica de remoção de carbono - e é possível melhorá-la.

Rochas terrestres como a olivina poderiam melhorar este processo de dissolução, lavando mais CO2 da atmosfera para os oceanos. Espalhar o pó de rocha no solo agrícola poderia ter um efeito semelhante. Müller frisa que a sua modelação será relevante para os investigadores que "tentam aliviar o aquecimento global induzido pelo homem".