Réplica digital da Terra pode salvar o mundo de um desastre climático

Para que o mundo perceba a dimensão real das alterações climáticas num sistema tão complexo como o terrestre, a Agência Espacial Europeia (ESA) está a desenvolver uma réplica digital da Terra. Contamos-lhe mais aqui!

Digital Twin Earth
Uma réplica digital da Terra poderá ajudar os cientistas a encontrar soluções para os problemas provocados pelas alterações climáticas.

Uma réplica digital da Terra poderá ajudar os cientistas a modelar melhor o futuro do nosso planeta, ao mesmo tempo que procuram encontrar soluções para os problemas causados pelas alterações climáticas.

O modelo avançado chamado Digital Twin Earth está a ser desenvolvido pela Agência Espacial Europeia (ESA) e parceiros com base em dados e imagens de satélites de observação terrestre e sensores no solo. Para funcionar de forma fiável, o projeto vai exigir a aplicação de novos algoritmos avançados de inteligência artificial e poderosos supercomputadores – atualmente em desenvolvimento.

A ESA lançou o projeto Digital Twin Earth em 2020 e o objetivo deste megamodelo planetário é simular os efeitos de vários processos naturais e atividades humanas no planeta e cenários-modelo de evolução futura.

Exemplos das funcionalidades da Digital Twin Earth

Por exemplo, os cientistas poderão conseguir modelar de que forma a substituição da produção energética de combustíveis fósseis numa determinada região por centrais de energia renovável altera as concentrações de gases com efeito de estufa na atmosfera, e como essa mudança, consequentemente, afeta a taxa de subida do nível do mar.

Há também modelos parciais, “gémeos” – em menor escala - centrados em várias regiões da Terra ou nos subsistemas do planeta. Refira-se a Antártida, por exemplo. Esta área detém 60% de toda a água doce da Terra. Se todo este gelo derretesse, o nível global do mar subiria num ápice – cerca de 58 metros. Assim, há um modelo digital da Antártida que está a ser desenvolvido para ajudar os investigadores a compreender melhor o estado da camada de gelo, bem como o processo de descongelamento.

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Para obterem este modelo “gémeo” da Antártida, os cientistas recorreram a observações de satélite, simulações numéricas e inteligência artificial, que continha as suas camadas de gelo, a sua hidrologia, o oceano circundante, a atmosfera e a biosfera. De acordo com Noel Gourmelen, cientista da criosfera da Universidade de Edimburgo, "utilizámos o gémeo antártico para localizar o paradeiro da água derretida sobre e sob o manto de gelo, e para explorar como as plataformas de gelo derretem sob vários cenários hidrológicos".

Digital Twin Ocean, desenvolvido para analisar a interação entre atmosfera e oceanos

O Digital Twin Ocean, desenvolvido pelo National Institute for Ocean Science em França, analisa a interação entre as mudanças na atmosfera e o comportamento dos oceanos. Os cientistas vão usar este modelo para estudar a amplificação ártica, um processo pouco compreendido que diz respeito ao facto das regiões polares do norte estarem a aquecer duas vezes mais rápido do que o resto do mundo.

Estes modelos foram concebidos de uma maneira acessível para que sejam facilmente consultados por utilizadores que não possuam conhecimentos técnicos avançados de observação da Terra e de modelação do clima. São os ideais para os decisores políticos (…).

Os modelos foram concebidos de uma maneira acessível para que sejam facilmente consultados pelos utilizadores sem conhecimentos técnicos avançados de observação terrestre e modelação climática. Para os investigadores, estes modelos são os ideais para os decisores políticos percecionarem as alterações nos ecossistemas e as consequências (em modelo) de várias decisões.

Digital Twin Food Systems e Forest Digital Twin

Um outro modelo é o Digital Twin Food Systems. Este projeto simula de que forma as atividades agrícolas condicionam o sistema natural amplo, mas também modela os efeitos das variações climáticas na produção alimentar.

floresta; solo; plantas; co2
O modelo "Forest Digital Twin" pretende estudar as funções que as florestas desempenham na vida do planeta, como por exemplo o armazenamento de CO2.

Por último, destaque para o Forest Digital Twin tem como objetivo a criação de um modelo mais preciso e realista da cobertura florestal à escala global e pretende estudar as funções que as florestas desempenham na vida do planeta, tais como o armazenamento do dióxido de carbono que provoca o aquecimento do clima.