O fumo dos incêndios afeta gravemente a qualidade do ar e é uma ameaça à saúde respiratória: conheça os seus impactos

O fumo dos incêndios afeta gravemente a qualidade do ar, ameaçando a saúde pública, reduzindo a visibilidade e agravando problemas respiratórios. Saiba aqui como se prevenir.

Exposição ao fumo
A exposição ao fumo proveniente dos incêndios possui elevados níveis de partículas e toxinas que podem ter efeitos nocivos a nível respiratório, cardiovascular e oftalmológico.

Atualmente, Portugal enfrenta uma das piores vagas de incêndios do ano, com 39 incêndios ativos, segundo fontes oficiais, sendo 9 considerados de grande dimensão, espalhados de norte até ao centro do país.

Desta forma, os incêndios florestais, além de causarem destruição ambiental e perdas materiais, libertam grandes quantidades de fumo que representam sérios riscos para a saúde humana.

O fumo contém uma mistura complexa de gases tóxicos e partículas finas que podem penetrar profundamente nos pulmões e até atingir a corrente sanguínea.

Partículas PM2.5

Um dos principais componentes perigosos do fumo dos incêndios é o material particulado fino (PM2.5), que tem menos de 2,5 micrómetros de diâmetro.

Por serem extremamente pequenas, essas partículas são facilmente inaladas e podem atingir os alvéolos pulmonares, causando inflamação e agravando doenças respiratórias e cardiovasculares.

Pessoas com asma, bronquite, enfisema ou doenças cardíacas são especialmente vulneráveis.

Além do PM2.5, o fumo dos incêndios também contém monóxido de carbono (CO), um gás incolor e inodoro que pode reduzir a capacidade do sangue de transportar oxigénio.

A exposição ao CO pode provocar dores de cabeça, tontura, fraqueza e, em níveis mais altos, até perda de consciência.

Crianças, idosos e gestantes estão entre os grupos de risco mais elevados

Outros poluentes presentes no fumo incluem compostos orgânicos voláteis (COVs), dióxido de nitrogénio (NO₂) e aldeídos tóxicos, como o formaldeído. Estas substâncias podem irritar os olhos, nariz e garganta, causar tosse persistente, dificultar a respiração e desencadear crises de asma.

A exposição prolongada ou repetida também pode ter efeitos a longo prazo, incluindo o aumento do risco de cancro no pulmão. Mesmo quem está longe da linha de fogo pode ser afetado, já que o fumo pode espalhar-se por centenas ou até milhares de quilómetros, dependendo das condições atmosféricas.

Imagem de satélite
Imagens do satélite Copernicus mostram a grande nuvem de fumo gerada pelos incêndios na região de Arouca. Incêndios em Ponte da Barca, Penafiel, Seia e Nisa continuam a preocupar. Fonte Copernicus

Nas cidades, os efeitos podem ser agravados pela poluição urbana já existente, criando um ambiente ainda mais prejudicial à saúde.

Saiba como se proteger

Segundo a DGS, para se proteger, é recomendável evitar atividades ao ar livre durante os períodos de fumo intenso, manter portas e janelas fechadas, usar purificadores de ar e, se possível, máscaras N95, que filtram partículas finas.

Em casos de emergência, procure abrigo em locais públicos climatizados pode ser uma medida eficaz para reduzir a exposição.

Além disso, é fundamental estar atento a sintomas como falta de ar, chiadeira no peito, dor no peito ou palpitações.

Pessoas com condições de saúde pré-existentes devem seguir rigorosamente as orientações médicas e ajustar a medicação, se necessário.

Por fim, embora os incêndios florestais sejam, em parte, fenómenos naturais, o aumento na frequência e intensidade desses eventos está ligado às mudanças climáticas e à ação humana.

Assim, promover a preservação das florestas e investir em políticas ambientais eficazes também é uma forma de proteger a saúde coletiva.