Clima extremo e vegetação densa: perito explica principais fatores por detrás do risco de incêndios florestais
Portugal é um dos países europeus com maior densidade de ignições de incêndios florestais, enfrenta um risco crescente devido à combinação de condições climáticas extremas e à proliferação de vegetação densa. Saiba mais aqui!

Portugal, é um dos países europeus com maior densidade de ignições de incêndios florestais, enfrenta um risco crescente devido à combinação de condições climáticas extremas e à proliferação de vegetação densa. Especialistas sublinham que estas duas variáveis são fatores-chave por detrás da suscetibilidade do território a grandes incêndios.
O Índice de Perigo de Incêndio Florestal (FWI) e, em particular, o Daily Severity Rating (DSR) – com o 90º ou 95º percentil (DSR90p/DSR95p) – são considerados bons indicadores de dias de tempo extremo de incêndio e estão fortemente relacionados com a área total queimada em Portugal.

Mudanças no uso do solo desde os anos 60, incluindo a diminuição de terras aráveis e o declínio florestal em algumas regiões, estão ligadas à ocorrência de incêndios.
O abandono de terras rurais contribui para um aumento da carga e continuidade de "combustível" vegetal, o que tem sido um fator chave para a mudança do regime de incêndios de limitado pelo combustível para impulsionado pela seca após os anos 70.

Áreas agrícolas e sistemas agroflorestais, por outro lado, são menos propensos a queimar. A homogeneização da paisagem, devido à expansão de matos e ao abandono agrícola, também contribui para o aumento das áreas queimadas. Adicionalmente, a ação humana é uma causa predominante de ignições em Portugal.
A expansão da interface urbano-rural também contribui para o aumento da incidência de incêndios. Fatores como a densidade populacional, a acessibilidade humana e a topografia (incluindo elevação e exposição) também desempenham um papel relevante na distribuição espacial das ignições e na suscetibilidade do território ao fogo.
Referências da notícia
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