Douro não é só vinho: prepare-se para conhecer a nova rota turística do azeite em 2026

Os municípios do Douro vão criar um roteiro, centrado na cultura do azeite, esperando consolidar a região como um destino turístico sustentável.

Paisagem do Douro
A cultura do azeite no Douro vai dar origem a uma nova rota turística. Foto: Centro interpretativo D’Olival ao Azeite do Douro/Município de Alijó

O azeite sempre fez parte do Douro, mas é pelo vinho que é sobejamente conhecido. Não é caso para menos, tendo em conta que é a região demarcada mais antiga do mundo. Mas, aqui, o azeite é igualmente cultivado desde a ocupação romana, que implementou técnicas e sabedoria não só da vinha, mas também da oliveira.

O clima mediterrânico, aliado aos seus pobres solos xistosos, criam as condições ideais para a produção de azeites muito aromáticos e saborosos. A sua história nestes territórios é ancestral, mas não é tão conhecida nem valorizada como no Alentejo, região que concentra, aliás, 85% da produção nacional.

Caminhos por entre os olivais

Está na hora, por isso, de promover o azeite das terras mais a norte do país. Esse é o plano da Comunidade Intermunicipal do Douro (CIM). Até ao segundo semestre de 2026, será lançada uma nova rota turística, centrada no azeite.

Quinta de Ventoselo, Douro
Os olivais da Quinta de Ventozelo, em São João da Pesqueira, espalham-se por mais de 20 hectares, sendo uma das maiores e mais emblemáticas do Douro. Foto: Quinta de Ventozelo

Douro: Olive Oil Experiences” é o nome deste novo programa, que irá incluir visitas a lagares modernos e tradicionais, degustações e experiências gastronómicas. É ainda objetivo desta iniciativa valorizar os produtores que mantêm viva esta tradição.

“O Douro é mundialmente conhecido pelo seu vinho do Porto, mas a alma e a paisagem do nosso território não se limitam à vinha. O azeite é o nosso ouro líquido, um legado de séculos que enriquece as nossas terras e molda as nossas gentes.”
João Gonçalves, presidente da CIM Douro

Com o “Douro: Olive Oil Experiences” os 19 municípios que integram a CIM não pretendem criar unicamente uma rota turística. O intuito é, acima de tudo, dar o devido reconhecimento e valorizar as variedades de azeite.

A rota vai, como tal, centrar as experiências na dedicação dos olivicultores, ligando a qualidade do produto à paisagem do Douro, Património Mundial da UNESCO desde 2001.

Viagens por entre histórias e sabores

O novo produto turístico visa oferecer aos visitantes uma imersão completa na cultura do azeite. Além de degustações com diferentes variedades e perfis de sabor, haverá visitas a lagares tradicionais e modernos para mostrar o processo de transformação da azeitona em azeite e ainda workshops gastronómicos direcionados para o uso do azeite do Douro como ingrediente principal.

A ligação à terra entre o passado e futuro

A colheita das azeitonas nesta região é um processo que mistura tradição e inovação. Em muitos olivais, ainda se utilizam métodos manuais, preservando a ligação com a terra, enquanto noutros, a maquinaria moderna já se instalou, agilizando o trabalho.

E aqui o azeite assume uma qualidade de excelência e com produção limitada, dado que não se pratica o olival intensivo.

No Douro, predominam variedades de azeitona como a Galega, conhecida pelo azeite suave e um ligeiro traço adocicado, a Cobrançosa, que oferece sabores intensos com notas de erva fresca, e a Verdeal, apreciada pelos aromas frescos e herbáceos.

vinhas e olival na região do Douro
Os olivais das quintas da Real Companhia Velha, em Gaia, coexistem com as vinhas, sendo muitas oliveiras centenárias, mantidas para produção de azeite biológico. Foto: Real Companhia Velha

Mas existem ainda inúmeras outras variedades autóctones, como Madural, Coimbreira, Cornicabra, Cordivil ou Negrinha do Freixo. Estas variações estão diretamente relacionadas com o clima e solo, conferindo características distintas ao fruto e ao azeite do Douro.

Apoiar as comunidades locais

O projeto, segundo a CIM, terá uma forte componente de desenvolvimento local. Pretende-se apoiar a olivicultura regional, gerando novas fontes de rendimento para as comunidades locais. Uma estratégia que a Comunidade Intermunicipal do Douro considera fundamental para impulsionar a fixação das populações que trabalham o campo.

Ao integrar o azeite e a olivicultura na experiência turística, os municípios da região acreditam que estarão a promover não só um produto regional de alta qualidade, mas também a criar oportunidades para valorizar o território, as suas comunidades e o estatuto do Douro como destino turístico sustentável.

Apanha manual da azeitona
A Quinta da Vacaria, no Peso da Régua, é uma das mais antigas do Douro, datada de 1616. Foto: Quinta da Vacaria

Com esta nova rota do azeite que irá nascer a partir do verão do próximo ano, a festa já não tem de acabar com o lavar dos cestos vindimas. Com o outono chega o momento da apanha da azeitona, tradição profundamente enraizada nesta região e que, com esta iniciativa, poderá trazer novas perspetivas para o Douro.

Referência da notícia

CIM Douro assina contrato de financiamento com o Turismo de Portugal IP para o desenvolvimento da Rota do Azeite do Douro. Comunidade Intermunicipal do Douro