Comissão Europeia quer criar um centro europeu de combate a incêndios para apoiar os países da UE

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, lembrou os prejuízos causados pelos incêndios florestais deste ano em vários países, entre os quais Portugal, nos quais arderam “mais de um milhão de hectares” de florestas.

combate a incêndios
Os últimos dados do Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais indicam que, este ano, 2,35% do território português ardeu. Portugal foi, este verão, um dos países da UE mais afetados.

Os últimos dados do Sistema Europeu de Informação de Fogos Florestais indicam que, este ano, 2,35% do território português ardeu.

Portugal foi, aliás, este verão, um dos países da União Europeia mais afetados por incêndios florestais.

Até 31 de agosto de 2025 foram registados um total de 254.296 hectares de área ardida, um valor três vezes superior à média dos últimos 20 anos. Isso faz com que o ano de 2025 se tenha tornado o terceiro pior ao de sempre nesta matéria, depois de 2003 e 2005.

Em Espanha, por exemplo, as estimativas do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais calculam que terão ardido 380 mil hectares este ano (até 31 de agosto). Registaram-se 228 incêndios no mesmo período. As regiões mais afetadas foram a Galiza, as Astúrias, Castela e Leão e a Extremadura.

Centro europeu de combate a incêndios

Ciente disso, no seu discurso do Estado da União, e perante o Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França), Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, avançou com a ideia de criar um centro europeu de combate a incêndios.

Combate aos fogos
No discurso do Estado da União, em Estrasburgo (França), Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, avançou com a ideia de criar um centro europeu de combate a incêndios.

Esse centro europeu deverá ter sede em Chipre e terá como objetivo apoiar os países vizinhos regionais da União Europeia, sobretudo os que mais sofrem com os incêndios todos os anos, como é o caso de Portugal.

“Temos de nos dotar dos instrumentos necessários para reagir”, referiu Ursula von der Leyen, que convidou o bombeiro grego Nikolaos Paisios, líder de uma equipa que ajudou a combater fogos em Espanha, a estar presente na sessão plenária do Parlamento Europeu.

A presidente da Comissão destacou, aliás, que o Mecanismo de Proteção Civil Europeu “faz diferença no combate aos incêndios”.

Ursula von der Leyen salientou ainda que, ao abrigo daquele mecanismo, foram destacados 760 bombeiros europeus para vários Estados-membros afetados pelos fogos florestais este ano.

Portugal foi um dos países que acionou este Mecanismo em 2025, no dia 15 de agosto.

Campanha “Compre produtos alimentares europeus”

"Considerando que Portugal está há 23 dias consecutivos com condições meteorológicas de grande adversidade, com incêndios ativos de extrema complexidade, a que se acrescem os ventos fortes registados durante a noite e que impediram o rescaldo que se esperava", o Governo português acionou o Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia", lê-se na resolução do Conselho de Ministros publicada nessa data.

No discurso do Estado da União, a presidente da Comissão falou ainda das alterações climáticas, que estão a tornar cada verão mais quente e rigoroso, razão pela qual a União Europeia tem de “intensificar radicalmente os esforços de resiliência e adaptação às alterações climáticas e soluções baseadas na natureza”.

No mesmo discurso do Estado da União, a presidente da Comissão Europeia assumiu ainda que quer apoiar a agricultura e as pescas na União Europeia, tendo, inclusive, proposto o lançamento de uma campanha para aumentar o consumo de produtos europeus. Terá como lema “Compre produtos alimentares europeus”.

Incêndio
Até 31 de agosto de 2025 foram registados um total de 254.296 hectares de área ardida, um valor três vezes superior à média dos últimos 20 anos. Isso faz com que no ano de 2025 Portugal se tenha tornado o terceiro pior ao de sempre, depois de 2003 e 2005.

Ciente de que os agricultores europeus “enfrentam dificuldades” devido aos elevados custos dos fatores de produção e à burocracia ou a concorrência desleal, Ursula von der Leyen diz que esta esta campanha vem no seguimento da simplificação da Política Agrícola Comum (PAC) já adotada e que prevê a redução da burocracia e o reforço da posição dos agricultores na cadeia alimentar.

“Os agricultores têm direito a um preço justo pelos seus alimentos – e a um lucro justo para as suas famílias. Iremos rever a aplicação da nossa legislação sobre práticas comerciais desleais”, sublinhou a presidente da Comissão.

Ursula von der Leyen garantiu ainda “salvaguardas sólidas” no acordo comercial entre a União Europeia e os países do Mercosul, que foi assinado em dezembro de 2024 e carece agora de ratificação pelos 27 Estados-membros.

Da parte do Brasil, o presidente Lula da Silva está ansioso pela sua implementação. No início de setembro, deu indicações de que esse acordo com a UE será assinado "até ao final do ano".

Estas declarações surgiram logo depois da decisão da Comissão Europeia de propor um pacto provisório para acelerar a entrada em vigor do acordo.

"Até o final do ano, em nossa presidência do Mercosul, este acordo estará assinado, beneficiando produtores e consumidores do Mercosul e da União Europeia", escreveu Lula da Silva nas redes sociais.