Incêndios: Governo cria linha de apoio à recolha de informação para assegurar alimentação aos animais

A Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) está a recolher informação junto das explorações pecuárias afetadas pelos fogos, de modo a identificar com celeridade as necessidades de alimentação animal. A linha de apoio - 213 329 621 - já está ativa.

Incêndios
Na última semana, o impacto das chamas já era "evidente em vários setores e a fatura do impacto económico ascende já aos 700 milhões de euros”, refere Carlos Brito da Ordem dos Economistas.

No final da última semana, sem ainda se prever o nível de devastação que os incêndios iam - e estão ainda - a provocar nos dias seguintes, o presidente da Direção Regional Norte da Ordem dos Economistas declarou ao portal “Notícias ao Minuto” que, “da agricultura ao turismo, passando pela saúde e pela restauração, o impacto das chamas é evidente em vários setores e a fatura do impacto económico ascende já aos 700 milhões de euros”.

Carlos Brito explicava que os setores mais penalizados são a "agricultura e a exploração florestal (devido à perda de culturas, gado e madeira), o turismo e a restauração nos territórios afetados, os transportes e a energia/comunicações (em virtude das vias cortadas e da necessidade de reparação das redes) e a saúde, decorrente dos impactos a nível respiratório e não só (quer nas populações quer naqueles que combatem ativamente os incêndios)".

Em declarações ao Notícias ao Minuto, o mesmo responsável da Ordem dos Economistas (região Norte) lembrou que os incêndios têm "custos diretos, indiretos e sistémicos". E apontou para o impacto nas contas públicas, referindo que "num ano com vários episódios severos, o saldo orçamental tende a piorar, como aconteceu noutros anos de grandes incêndios".

Governo faz levantamento dos danos

Os incêndios ainda grassam em várias regiões do país e, por essa razão, é impossível contabilizar com rigor ao dia de hoje o volume definitivo dos prejuízos materiais decorrentes desta época de fogos.

Fogo florestal
Os Ministérios da Economia e Coesão Territorial e da Agricultura estão a realizar “o apuramento dos danos, de forma a apoiar agricultores e comunidades”, revelou o Governo em comunicado.

Ainda assim, os Ministérios da Economia e Coesão Territorial e da Agricultura e Mar estão a realizar “o apuramento dos danos, de forma a apoiar agricultores e comunidades”, revelou o Governo através de um comunicado emitido na tarde da passada terça-feira, 19 de agosto.

Este levantamento está a ser feito através das comissões de coordenação e desenvolvimento regional (CCDR) do Centro e Norte, da Direção-Geral da Alimentação e Veterinária (DGAV), dos serviços regionais do Ministério da Agricultura e Mar e do ICNF, em articulação com a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil.

Estas instituições, garante o Governo, já disponibilizaram, aliás, “uma linha de apoio destinada à recolha de informação, para assegurar o fornecimento de rações e alimentação para animais”.

Conselho de Ministros extraordinário

Isso mesmo foi decidido na reunião do Conselho de Ministros de 7 de agosto, sendo certo que esta quinta-feira, 21 de agosto, há novo Conselho de Ministros, extraordinário, que terá lugar em Viseu, com vista a afinar o diagnóstico dos prejuízos e aprovar medidas de apoio às populações e aos agricultores afetados pelos fogos.

O Governo garante que os Ministérios da Economia e Coesão Territorial e da Agricultura e Mar, através das suas estruturas, se encontram “desde o primeiro dia” a proceder ao levantamento dos prejuízos nas regiões afetadas pelos incêndios no Centro e Norte do país, “assegurando uma presença constante no terreno junto dos agricultores e comunidades atingidas”.

Os dois ministérios “desencadearam o trabalho de proximidade assim que deflagraram os incêndios”, sendo que o levantamento que está a ser feito “visa assegurar uma avaliação rigorosa e rápida da extensão dos danos sofridos para se avançar rapidamente para o apoio financeiro aos que foram afetados”.

Linha de apoio 24 horas

Desta forma, refere o Governo no seu comunicado, “são identificadas as necessidades de reparação das explorações atingidas, a reposição do potencial produtivo, as primeiras habitações afetadas, assim como as indústrias e comércios”.

O Governo garante que, “tal como fez nos incêndios de setembro de 2024”, vai “ajudar rapidamente as populações, agricultores, produtores, empresários e os que sofreram perdas e prejuízos, em primeira habitação, culturas, animais, e equipamentos agrícolas, industriais e comerciais”.

alimentação animal
Está ativa uma linha telefónica - 213 329 621 - destinada a informar munícipes e o público sobre a existência e localização dos espaços de acolhimento para animais.

Para o efeito, está também ativa uma linha telefónica da DGAV - 213 329 621 - destinada a informar munícipes e o público sobre a existência e localização dos espaços de acolhimento para animais e os procedimentos a seguir para o encaminhamento dos animais durante os incêndios.

Importância dos jovens agricultores

Esta linha serve para que se reportem necessidades de apoio. O número (213 329 621) está disponível 24 horas por dia, enquanto durar a atual situação de incêndios no território nacional.

Nos últimos anos, “mais de 75% do país vem assistindo a um abandono das atividades económicas” e “luta contra o despovoamento, contra o envelhecimento populacional e assiste à saída dos seus jovens que procuram melhores soluções de vida” fora do interior e mesmo fora do país, refere a AJAP - Associação dos Jovens Agricultores de Portugal.

A AJAP, que emitiu um comunicado na passada segunda-feira, 18 de agosto, a lembrar ao Governo, a propósito dos incêndios que continuam a devastar o país, que, “não há mais tempo a perder” e que “sem jovens não há futuro”.

“Não são apenas hectares de mato e floresta que ardem, são vidas, empresas e sonhos que desaparecem em minutos”, alerta a AJAP, lembrando que agricultores, pequenos empresários e populações “vivem no limite da resiliência” e “muitos já não acreditam” na atividade agrícola.

Pior, diz a AJAP: “Cada vez menos jovens estão dispostos a investir em territórios condenados à repetição deste ciclo de destruição”. É por isso que é "urgente revitalizar os territórios rurais, apoiar as suas gentes e criar dinâmicas económicas e sociais que impulsionem o desenvolvimento".