O clarão mais procurado pelos marinheiros que dura um segundo: o segredo meteorológico para “apanhar” o raio verde

Um clarão fugaz, quase mágico, surge por vezes quando o sol se põe abaixo do horizonte. O raio verde é um dos fenómenos atmosféricos mais breves e mais fascinantes do planeta.

Um raio verde muito intrigante que tem sido avistado pelos marinheiros desde há séculos.

Durante séculos, os marinheiros falaram de um clarão fugaz que aparecia no momento em que o sol desaparecia no horizonte, um segundo de luz esverdeada, quase irreal, que muitos consideravam um mito. Foi mesmo popularizado por escritores da estatura de Júlio Verne.

Esta luz verde é conhecida como raio verde e é um dos fenómenos atmosféricos mais breves, esquivos e fascinantes que podem ser observados a olho nu.

O que é um raio verde e porque é que ocorre?

O raio verde é um fenómeno ótico que pode ser observado ao amanhecer ou, mais frequentemente, ao anoitecer, no momento em que o bordo superior do Sol se põe ou se eleva acima do horizonte, com uma duração de uma fração de segundo a um máximo de dois segundos.

A explicação para este fenómeno reside na refração e dispersão da luz solar na atmosfera. Por outras palavras, a luz branca do Sol é composta por diferentes cores, cada uma com um comprimento de onda diferente, e quando a luz passa pela atmosfera terrestre, esta atua como um prisma gigante.

  • As cores de comprimento de onda longo (vermelhos e laranjas) são dispersas mais cedo.
  • Os azuis e os violetas são tão dispersos que se perdem.
  • O verde, que está mesmo no meio, pode separar-se brevemente e tornar-se visível quando as condições são perfeitas.

É nesse instante final, quando o sol está quase escondido, que o verde consegue “espreitar” por uma réstia.

A importância da atmosfera: ar limpo e estável

Nem todos os pores-do-sol permitem ver o raio verde e, de facto, trata-se de um fenómeno relativamente raro porque exige uma atmosfera muito estável.

As melhores condições para um belo pôr do sol são um ar limpo, sem poluição ou poeiras e, por outro lado, com camadas de ar com temperaturas diferentes e bem definidas.

Por esta razão, é mais frequente vê-lo no mar, onde o ar é normalmente mais homogéneo, ou a partir de locais altos com vistas distantes.

Quando e onde tentar “apanhar” um raio verde?

Embora possa aparecer ao amanhecer, a maioria dos observadores deteta-o ao anoitecer, porque o olho está menos ofuscado e há mais tempo para se preparar.

Eis algumas dicas importantes:

  • Observe apenas a última borda do Sol, não o disco inteiro.
  • Não pestaneje nos últimos segundos.
  • Evite olhar diretamente sem proteção durante muito tempo; o brilho é visto quando o Sol está quase escondido.

Conselhos fotográficos para o captar

Fotografar raios verdes é difícil, mas possível com a técnica correta.

  • Utilize uma teleobjetiva longa (mínimo 300 mm).
  • Fotografe em modo burst, uma vez que dura pouco tempo.
  • Defina uma velocidade elevada para evitar a sobre-exposição.
  • Utilize um filtro solar se o sol ainda estiver brilhante.
  • Fotografe em RAW para recuperar os detalhes da cor.

Muitas das melhores imagens do raio verde foram captadas quase por acidente, revendo a sequência de fotografias posteriormente.