Tempo em junho em Portugal: será que a chuva forte e as trovoadas vão persistir?

Maio despede-se com um tempo instável e sem calor excessivo em Portugal. Estamos praticamente em junho, o primeiro mês do verão climatológico: irá este panorama manter-se ou virá o calor intenso? Consulte a previsão mensal!

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Será que o tempo instável, de chuva, trovoada e granizo irá continuar em junho em Portugal? Ou virá sol e calor?

Maio de 2023 despede-se com aguaceiros fortes, trovoadas e quedas de granizo destrutivas em várias regiões de Portugal continental. Além disso, a temperatura, na esmagadora maioria dos distritos do país, tem-se mostrado inferior à média. O tempo primaveril por fim surgiu, apesar de o ter feito praticamente na reta final!

A chuva em maio teve uma distribuição geográfica muito desigual e irregular, nalguns locais muito intensa o que deu origem a inundações rápidas e localizadas. Em algumas regiões o granizo foi absolutamente catastrófico para as culturas agrícolas e vitícolas. No entanto, nas regiões onde caíram aguaceiros, houve algum alívio em relação à seca meteorológica, apesar de muitos solos ainda estarem severamente afetados após meses e meses sem gota de água. O que poderá acontecer em junho?

Climatologicamente, como costuma ser junho?

Em Portugal continental, junho é um mês ameno a quente… mas também de trovoadas. Trata-se, precisamente, do primeiro mês do verão climatológico que abrange junho, julho e agosto, meses que em comum possuem as temperaturas elevadas e a seca estival, mas também a possibilidade de aguaceiros fortes e chuvas de granizo catastróficas. Junho é também um mês luminoso: nas próximas semanas viver-se-ão os dias mais longos do ano.

Junho é o primeiro mês do verão climatológico, pode registar temperaturas altas e seca estival, mas também aguaceiros fortes, trovoada e catastróficas chuvas de granizo. É também o mês em que se produz o solstício de verão.

Em junho já costuma estar bastante calor e, de facto, a temperatura média à escala nacional é quase 4 ºC mais elevada do que a registada em maio em Portugal continental. Isto é especialmente mais percetível nas regiões a sul da cadeia montanhosa Montejunto-Estrela e em particular nas áreas fronteiriças da Beira Baixa, Alto Alentejo, Alentejo Central, Baixo Alentejo e Sotavento Algarvio.

No que concerne à chuva, costuma ser bastante escassa e incrivelmente irregular no interior Norte, no Centro e no Sul, mas no Litoral Norte e nas montanhas é mais significativa graças às trovoadas. É o 10º mês mais seco do ano, ficando apenas à frente de julho e agosto, e ligeiramente atrás de setembro no que toca à média da precipitação acumulada.

Junho de 2023: sem calor excessivo em Portugal?

Para aqueles que se dão mal com o calor intenso, há boas notícias! Para já, o nosso modelo de confiança (ECMWF) prevê para as próximas semanas valores de temperatura, muito provavelmente, abaixo da média climática de referência, especialmente nas regiões do interior de Portugal.

Os mapas revelam que, na primeira quinzena do mês poderão situar-se entre 1 e 3 ºC abaixo da média em praticamente todo o país, com esta situação de anomalia térmica negativa a ser realmente persistente e evidente nos distritos de Vila Real, Viseu, Bragança, Guarda, Castelo Branco, Portalegre, Évora, Beja e Coimbra, bem como nos pontos mais orientais - fronteiriços - da região do Algarve. No resto do país, à exceção dos primeiros cinco dias do mês, não se observam anomalias de temperatura significativas na primeira metade de junho de 2023.

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Em junho, uma significativa porção do país, sobretudo no interior, registará valores de temperatura abaixo da média climática.

Tanto para os Açores como para a Madeira prevê-se uma anomalia térmica positiva na primeira metade do mês. Nas ilhas açorianas a anomalia será mais suave (até 1 ºC acima do habitual), ao passo que na Madeira se espera valores de temperatura entre 1 ºC e 3 ºC acima da média climática. Na segunda quinzena do mês, nestas Regiões Autónomas, as primeiras tendências apontam para a manutenção destas anomalias térmicas, apesar de nos estarmos a referir a prazos muito longos em termos temporais o que, inevitavelmente, pressupõe uma elevada incerteza na previsão.

Já para Portugal, na grande maioria da sua geografia continental, prevê-se uma normalização dos valores de temperatura na segunda quinzena do mês, apenas com os distritos do interior Norte e Centro a manterem a toada de anomalia térmica negativa. Desta forma, não vale a pena que os amantes da praia entrem em pânico!

Poderá junho ser instável e tempestuoso? Eis o que se prevê!

Maio foi um mês muito variável em Portugal. Será que junho vai manter esta tendência? Tendo em conta o facto de que estas previsões a longo prazo devem ser encaradas com muita cautela, sobretudo no que diz respeito ao tipo de precipitação que costuma aparecer nesta época do ano, para já, os mapas antecipam uma situação muito instável para junho de 2023, com quantidades de chuva acima da média de norte a sul de Portugal, sem exceções.

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Segundo o ECMWF, parece provável que, pelo menos na primeira quinzena de junho, se registe precipitação acima da média climática de referência de norte a sul de Portugal continental.

Tudo parece indicar que o anticiclone de bloqueio em latitudes altas por lá se mantenha nas próximas semanas, com as descargas de ar frio com via aberta para atingir o nosso país, algo que aconteceu durante boa parte do mês de maio. Isto é, de momento, o que os mapas antecipam. Infelizmente, sabendo como costuma ser a precipitação em junho, não será de admirar a ocorrência de problemas e estragos nos campos.

Nos Açores e na Madeira também se prevê o mesmo cenário que no Continente: o de uma anomalia de precipitação positiva. Quer à escala continental, quer à escala insular (Regiões Autónomas) estima-se entre 10 e 60 mm acima do normal na primeira metade de junho.

Porque é difícil prever a chuva a longo prazo nesta altura do ano?

Tal como já explicamos anteriormente na Meteored Portugal, nesta época do ano (fim da primavera - início do verão) predomina tipicamente a precipitação de carácter convectivo: aguaceiros e trovoadas, por vezes sob a forma de granizo, essencialmente. São um tipo de chuva incrivelmente irregular e muito localizada, com grandes diferenças a distâncias muito curtas.

Por isso, relembramos-lhe que o valor destas previsões a longo prazo é relativamente reduzido: convém, isso sim, acompanhar a situação diariamente. Ainda assim, é de realçar que a tendência para o mês de junho é boa. Pelo menos para os amantes da chuva!