Vindimas à porta no Douro e os viticultores “com perspetivas de enormes dificuldades no escoamento das uvas”

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e a Associação dos Viticultores e da Agricultura Familiar Douriense convocaram uma conferência de imprensa para 20 de agosto, no Peso Régua. Com as vindimas à porta, exigem “medidas adequadas para acudir aos produtores”.

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Com mais uma vindima à porta na Região Demarcada do Douro, os viticultores perspetivam “enormes dificuldades no escoamento das uvas” e dizem que “é urgente a aplicação de medidas".

Com mais uma vindima à porta na Região Demarcada do Douro, os viticultores durienses perspetivam “enormes dificuldades no escoamento das uvas” e dizem que “é urgente a aplicação de medidas adequadas para acudir aos produtores”.

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) foi recebida na passada quarta-feira, 13 de agosto, pelo ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, em Lisboa.

Um encontro onde, segundo a Confederação, “foram abordados os principais temas que envolvem o setor agrícola, particularmente a agricultura familiar e o mundo rural”.

No contexto da Política Agrícola Comum (PAC), a CNA transmitiu ao ministro da Agricultura “a sua grande preocupação relativamente aos cortes previstos nas verbas para a agricultura na proposta de orçamento do novo Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia”. Aquela organização apelou ainda ao Governo para que, “em Bruxelas, se bata pela reversão destes cortes”.

A CNA reiterou também as “preocupações já manifestadas relativamente à proposta do Governo, submetida a Bruxelas, para a 4ª Reprogramação do PEPAC”, salientando a necessidade de “uma mais justa distribuição das ajudas da PAC e do reforço do pagamento aos pequenos agricultores”, enquanto fatores que consideram “determinantes” para a manutenção da atividade de muitas explorações agrícolas.

No que respeita ao rendimento dos agricultores, que se “mantêm muito abaixo da média das restantes atividades”, a CNA denunciou ao ministro da Agricultura “os persistentes desequilíbrios na distribuição de valor ao longo da cadeia agroalimentar”.

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No dia 2 de julho, o Ministério da Agricultura anunciou que estava “a estruturar um plano para o Douro, em articulação com os seus organismos, o envolvimento de agentes da região e a Comissão Europeia”.

Uma situação que, diz a Confederação, é “muito provocada pelo domínio comercial das grandes superfícies, que impõem preços muito baixos à produção”.

Governo prepara plano para o Douro

No dia 2 de julho, o Ministério da Agricultura e Mar anunciou que estava “a estruturar um plano para o Douro, em articulação com os seus organismos, o envolvimento de agentes da região e a Comissão Europeia”.

As medidas que estarão a ser “ultimadas” “têm carácter estrutural e serão dirigidas aos produtores, sobretudo aos pequenos produtores”, garantia o Ministério tutelado por José Manuel Fernandes.

Porém, até à data, e com as vindimas à porta e o corte no benefício - quantidade total de mosto que pode ser transformada em vinho do Porto - para apenas 75 mil pipas em 2025, nenhuma medida foi ainda apresentada formalmente pelo Governo.

Com uma “crise sem precedentes no Douro”, que já vem de anos anteriores, e com o impacto, que anteveem “devastador”, do corte de 15 mil pipas no benefício do vinho do Porto decretado a meados de julho pelo Conselho Interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), os viticultores “exigem medidas urgentes do Governo antes do início das vindimas”.

Conferência de imprensa a 20 de agosto

Por essa razão, a Confederação Nacional da Agricultura e a AVADOURIENSE – Associação dos Viticultores e da Agricultura Familiar Douriense convocaram para o dia 20 de agosto, pelas 10h30, em frente à Casa do Douro, no Peso Régua, uma conferência de imprensa com a presença de dirigentes e viticultores da Região Demarcada do Douro.

Região Demarcada do Douro
O Governo assume que a Região Demarcada do Douro representa “um território de excecional valor vitivinícola” e “reconhece as legítimas preocupações manifestadas pelos viticultores".

Em cima da mesa, dizem, está “a crise sem precedentes no Douro” e a exigência de “medidas urgentes do Governo antes do início das vindimas” com vista a mitigar “a situação dramática dos pequenos e médios viticultores”.

Serão apresentados “testemunhos diretos de quem sente o problema na pele”, garante a CNA.

A Confederação fala da “urgência na implementação das medidas de apoio direcionadas para os pequenos e médios viticultores” e garante que já apresentou ao Governo “propostas concretas para mitigar a crise e garantir a sustentabilidade do setor".

O Governo assume que a Região Demarcada do Douro representa “um território de excecional valor vitivinícola, cultural e patrimonial” e “reconhece as legítimas preocupações manifestadas pelos viticultores da região, num contexto particularmente desafiante para o setor vitivinícola mundial, derivado da diminuição do consumo”.