Temperaturas elevadas até domingo em Portugal, poeiras vindas de África e incerteza no tempo no fim de semana

Portugal continental terá uma semana marcada por calor extremo, com máximas a rondar os 37 ºC no interior e noites tropicais em várias regiões. As poeiras vindas do Norte de África vão intensificar-se a partir de quarta-feira, agravando o desconforto.
O verão regressa em pleno a Portugal continental numa altura em que já se esperaria sentir os primeiros sinais do outono. Entre terça-feira, 16, e domingo, 21 de setembro de 2025, o território vai enfrentar uma situação marcada por temperaturas excecionalmente elevadas para a época, com máximas a rondar ou mesmo a ultrapassar os 37 ºC em alguns locais do interior, acompanhadas de noites tropicais e agravadas pela presença de poeiras em suspensão vindas do Norte de África.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) já emitiu avisos de tempo quente para vários distritos, confirmando que a semana será de pleno verão, prolongando um setembro que se apresenta muito mais seco e quente do que o habitual.
Subida das temperaturas, com valores extremos a partir de quarta-feira
As temperaturas irão subir gradualmente nos próximos dias, com valores que se tornam mais extremos entre quarta e quinta-feira. No interior centro e sul, em distritos como Évora, Beja, Portalegre e Castelo Branco, as máximas deverão variar entre 35 e 37 ºC, não se excluindo que em alguns vales interiores do Tejo e do Douro os termómetros possam mesmo tocar nos 35 ºC. Lisboa poderá chegar aos 35 ºC, enquanto no litoral norte, em cidades como Porto, Viana do Castelo ou Braga, os valores devem ser mais moderados, entre 23 e 27 ºC.
As mínimas, por sua vez, também vão subir, com noites tropicais em muitas regiões a partir de quarta-feira. Em localidades do interior e até em algumas áreas costeiras do Sul, como Faro, é provável que as mínimas atinjam entre 21 e 24 ºC, prolongando a sensação de calor sem descanso durante a madrugada.

A partir de quarta-feira, uma massa de ar quente de origem africana transportará poeiras em suspensão que se deverão manter durante três a cinco dias. Este fenómeno, cada vez mais recorrente no território ibérico, será responsável por um agravamento do desconforto térmico, redução da qualidade do ar e céu esbranquiçado ou acastanhado.
O impacte será mais visível no sul e interior do país, mas poderá afetar grande parte do território. Apesar disso, o tempo manter-se-á estável, com céu geralmente limpo, apenas com possibilidade de alguma neblina matinal junto ao litoral em dias pontuais, dissipando-se rapidamente ao longo da manhã.
O risco de incêndio rural atingirá valores muito elevados a máximos em grande parte do território a partir de quarta-feira. O calor extremo, aliado à baixa humidade relativa e à presença de vento localmente moderado em áreas altas e do litoral, irá favorecer a rápida propagação de eventuais ignições. As autoridades já apelaram à adoção de comportamentos de precaução, desaconselhando o uso de maquinaria agrícola em áreas florestais e a realização de queimadas ou fogueiras.
Temperaturas da água mantêm-se elevadas durante a semana, principalmente no Sul
Nos primeiros dias, segunda e terça-feira, a agitação marítima ainda se fará sentir, fruto de uma depressão no Atlântico Norte, com ondas que podem atingir os 3 a 4 metros na costa ocidental. Contudo, a partir de quarta-feira, a ondulação diminuirá, e a temperatura da água do mar subirá ligeiramente, podendo atingir 20 ºC em algumas praias do sul. O cenário favorecerá idas à praia, sobretudo quando conjugado com as temperaturas elevadas e o vento fraco, mas a presença das poeiras poderá condicionar a experiência balnear.
A maior incerteza surge na reta final da semana. Os modelos meteorológicos divergem quanto à evolução do anticiclone que dominará a Península Ibérica até sexta-feira. Há previsões que apontam para a sua quebra parcial, o que abriria caminho à aproximação de uma depressão atlântica e à possibilidade de instabilidade, com ocorrência de aguaceiros, ainda que parcos. Até ao início de domingo, espera-se que a precipitação acumulada não ultrapasse os 15 mm no Norte Litoral.

Outros cenários sugerem apenas uma descida temporária da temperatura, seguida de novo reforço do calor, mantendo-se o padrão seco e quente. Para já, é apenas certo que alguma alteração deverá ocorrer no sábado ou domingo, mas o detalhe ainda é impossível de definir. Curiosamente, há indicações de que no litoral o fim de semana poderá até ser mais quente, caso se instale um fluxo de leste, mesmo que no interior os valores desçam ligeiramente.
Independentemente da incerteza associada ao fim de semana, os sinais para a última semana de setembro apontam para a continuação de temperaturas acima da média. A probabilidade de instabilidade atmosférica será maior, mas os períodos de calor deverão persistir, prolongando uma situação que se insere num outono antecipadamente seco e quente.
Vários modelos sugerem que até mesmo outubro poderá começar com temperaturas elevadas, adiando a chegada do regime de precipitação mais característico da estação. Entre terça e domingo, portanto, Portugal continental enfrentará uma semana de pleno verão, marcada por calor excecional.