Alfredo Graça avisa para o tempo durante o resto de setembro: "os mapas são bastante convincentes para Portugal"

O modelo europeu acaba de atualizar a sua previsão para o resto do mês de setembro em Portugal: em análise, as tendências de temperatura e chuva para as próximas duas semanas.
Apesar das temperaturas amenas e das ondulações frontais de fraca atividade que trouxeram chuva a boa parte da geografia de Portugal continental na segunda semana de setembro, as condições meteorológicas têm vindo a estabilizar desde sexta-feira, dia 12.
Como já referimos aqui na Meteored nas mais recentes previsões, neste segundo fim de semana de setembro o aspeto mais marcante da meteorologia em Portugal será a subida praticamente generalizada das temperaturas, o que significa que durante o dia as temperaturas serão mais típicas de pleno verão numa porção considerável do nosso país.
Deste modo, a primeira quinzena de setembro despedir-se-á com um ambiente veranil e com uma estabilidade contundente. É expectável uma mudança radical para a segunda quinzena do mês? De seguida, serão analisadas as tendências a curto e médio prazo do modelo Europeu (ECMWF).
Mapas do modelo Europeu são bastante claros quanto à próxima semana
Tal como explicado anteriormente aqui na Meteored, tudo indica que a teleconexão climática NAO+ está confirmada para os próximos dias e, com as últimas previsões, este padrão irá provavelmente persistir pelo menos durante a próxima semana (14-21 de setembro). Quando a NAO entra na sua fase positiva, resulta em tempestades que circulam sobre latitudes muito altas (Europa setentrional e Ártico) e em cristas subtropicais a envolver Portugal.

O modelo Europeu é bastante convincente para a semana de 15 a 21 de setembro, com temperaturas que poderiam estar entre 1 e 3 ºC acima da média em grande parte da geografia de Portugal, especialmente nas regiões do Interior e no Grupo Oriental dos Açores. Porém, mesmo em vastas zonas do Interior, sobretudo nas mais próximas à fronteira com Espanha, as anomalias poderiam ser ainda mais quentes (3 a 6 ºC acima do normal na Beira Alta, Beira Baixa e zonas fronteiriças do Alto e Baixo Alentejo).
Nos Grupos Ocidental e Central dos Açores as anomalias térmicas positivas seriam mais moderadas (até 1 ºC acima do normal), enquanto no litoral Norte, Centro, Oeste e Área Metropolitana de Lisboa, as temperaturas poderão registar valores em torno da média de referência para o período.
No que diz respeito à precipitação, os mapas mostram-se sem sombra de dúvida: a próxima semana registará um estado do tempo seco em relação à média de referência para estas datas em praticamente toda a geografia de Portugal, incluindo o Grupo Oriental dos Açores e o arquipélago da Madeira. A única exceção ao que parece ser a regra na semana vindoura são mesmo as ilhas centrais e ocidentais açorianas (entre 0 e 10 e 10 e 30 mm acima do normal, respetivamente).
A anomalia de precipitação negativa mais proeminente (-10 a -30 mm de chuva em relação à média) está prevista para as regiões onde costuma chover mais nesta época do ano (litoral Norte e Centro e Cordilheira Central) por força da persistência da circulação atlântica, mas que para estes próximos dias teimará em não aparecer. Isto não significa que não vá chover, simplesmente significa que caso tal aconteça, será em quantidades substancialmente menores do que é o normal para um mês de setembro.
É expectável uma mudança de padrão nos últimos dias de setembro?
Para a última semana de setembro (dias 22 a 29), o modelo europeu continua a insistir na persistência de anomalias quentes em quase todo o território de Portugal, com temperaturas entre 1 e 3 ºC superiores à média para a época. Estas anomalias seriam moderadas em ambos os Arquipélagos, onde poderiam ser até 1 ºC acima dos valores médios de referência. Apenas para o litoral Centro e Oeste se perspetiva o registo de temperaturas em torno da média climatológica.

No entanto, há muito mais incerteza quanto ao padrão meteorológico dominante, sendo que poderá prevalecer um padrão de bloqueio ou um padrão de crista atlântica com uma corrente de jato polar mais ondulante. Alguns cenários indicam a possibilidade da eventual aproximação de bolsas de ar frio a Portugal, o que poderia gerar algumas instabilidade localizada, mas este não é o cenário mais provável por agora. Todavia, tendo em conta o longo horizonte temporal da previsão, é provável que este panorama se altere.
As últimas atualizações dos modelos apostam num setembro quente e seco em Portugal, algo que é bastante provável, especialmente no que toca às temperaturas. Porém, o elemento climático da precipitação deve ser encarado com nuances: é importante recordar que, caso a atividade ciclónica no Atlântico ganhe mais energia e dinamismo, os restos de ex-furacões, tempestades ou depressões tropicais poderiam agitar ainda mais as previsões, podendo eventualmente gerar chuva no nosso país e mudando a tendência ou padrão de precipitação para a última semana do mês (22 a 29 de setembro).