Portugal mantém situação crítica devido a temperaturas elevadas e risco de incêndio até, pelo menos, quarta-feira

Portugal prepara-se para enfrentar três dias de calor intenso, com máximas a ultrapassar os 40 ºC em algumas regiões. O início da semana trará temperaturas extremas, sobretudo no interior alentejano. O litoral sentirá algum alívio a partir de quarta-feira, mas o interior continuará sob condições críticas.
O arranque da semana de 11 a 13 de agosto será marcado por um episódio de calor extremo em Portugal Continental, com temperaturas excecionalmente elevadas, condições secas e risco máximo de incêndio. De acordo com as previsões, a conjugação de altas pressões sobre a Península Ibérica, a influência de massas de ar quente provenientes do Norte de África e a persistência de vento moderado a forte criam um cenário meteorológico exigente para a população e para as autoridades de proteção civil.
Calor extremo atinge Portugal entre segunda e quarta-feira, com máximas até 44 ºC no interior
Esta segunda-feira, 11 de agosto, será um dos dias mais quentes do verão, com valores de temperatura máxima a atingir entre 40 e os 42 ºC no interior, podendo mesmo ultrapassar os 42 ºC em alguns vales do Alentejo e do Douro. No litoral, embora as temperaturas sejam mais moderadas, o calor ainda será significativo, com máximas acima dos 30 ºC em vários pontos. O céu manter-se-á pouco nublado ou limpo na maioria das regiões, mas haverá a presença de poeiras em suspensão vindas do Norte de África, afetando a qualidade do ar. O vento soprará de oeste ou sudoeste, por vezes intenso no litoral norte. As noites serão tropicais, com mínimas acima dos 20 ºC, sobretudo no interior, aumentando o desconforto térmico e dificultando o arrefecimento noturno. O risco de incêndio será extremo em praticamente todo o território.
Para terça-feira podem esperar-se temperaturas ligeiramente mais elevadas na região Sul, com máximas entre os 42 ºC e os 44 ºC no Alentejo e a manter-se acima dos 40 ºC no interior centro e norte. Destacam-se os distritos de Évora e Beja como os que registarão as temperaturas mais elevadas. As poeiras em suspensão continuarão a afetar a atmosfera, e o vento de sudoeste ou oeste manter-se-á moderado a forte durante a tarde, sobretudo no norte e nas terras altas. Estas condições reforçam o risco máximo de incêndio, com humidade relativa muito baixa no interior e solo extremamente seco. No litoral, o calor persiste mas com menor intensidade, e a possibilidade de formação de neblinas ou nevoeiros costeiros será reduzida para este dia. A noite continuará a ser tropical em muitas localidades do interior, mantendo-se desconfortável.

Na quarta-feira assinalará uma mudança gradual nas condições meteorológicas, mas ainda sem eliminar o calor intenso. No litoral, haverá uma descida das temperaturas, com máximas mais próximas dos valores normais para a época, devido à entrada de maior humidade e ao reforço do vento de norte. Poderão formar-se nevoeiros matinais persistentes em alguns troços da faixa costeira, especialmente a norte do Cabo Carvoeiro. No interior, porém, a descida térmica será modesta: as máximas permanecerão entre 35 e 40 ºC, com humidade relativa baixa e vento a dificultar a propagação de qualquer incêndio. O risco de incêndio continuará muito elevado a extremo. Apesar de alguma nebulosidade média e alta, também se prevê alguma precipitação fraca durante a madrugada no Norte e Centro.
O cenário para estes três dias coloca pressão acrescida sobre os serviços de proteção civil e reforça a necessidade de medidas preventivas por parte da população. As autoridades recomendam evitar a exposição solar nas horas de maior calor, manter uma hidratação adequada, usar roupa leve e proteger pessoas mais vulneráveis, como idosos, crianças e doentes crónicos. Também é fundamental adotar comportamentos responsáveis para prevenir incêndios, evitando queimadas, o uso de maquinaria que possa produzir faíscas e o abandono de lixo em áreas florestais.
Calor extremo persiste até meados da semana, com seca agravada e poeira no ar
A situação sinótica aponta para a influência de um anticiclone a norte da Península Ibérica, combinado com ar quente e seco transportado de África. Este padrão é responsável não só pelas temperaturas extremas, como também pela baixa humidade e pela presença de poeira em suspensão. O vento, ora de oeste/sudoeste nos primeiros dois dias, ora de norte a partir de quarta-feira, terá um papel relevante na perceção térmica e no risco de incêndio.

Embora o litoral venha a sentir algum alívio térmico a partir de quarta-feira, o interior manterá condições críticas, e a ausência de precipitação prolongará o cenário de seca extrema que já caracteriza este verão. Aliás, 2025 está entre os verões mais secos registados em Portugal, e agosto confirma a tendência, com valores de precipitação muito abaixo da média.
Os Açores e a Madeira terão um início de semana mais ameno. Nos Açores, prevêem-se nuvens e alguns aguaceiros fracos ocasionais até quarta-feira, com vento fraco a moderado, maioritariamente de norte ou noroeste. Na Madeira, o tempo será seco e soalheiro, com vento moderado de nordeste, embora possam ocorrer nuvens ocasionais nas vertentes norte.
A previsão para o final da semana e para a segunda metade de agosto mantém alguma incerteza devido à atividade tropical no Atlântico. A formação de ciclones, ainda que sem impacte direto esperado em Portugal, poderá alterar o posicionamento do anticiclone e influenciar o regime de ventos e temperaturas. No entanto, para os próximos três dias, a mensagem é clara: o calor intenso veio para ficar, pelo menos até meados da semana.