No início de agosto, Portugal poderá ser um dos poucos países com anomalias quentes na Europa
É cada vez mais provável que julho termine com uma onda de calor em Portugal, embora a sua intensidade e duração exatas estejam por determinar. Olhando para os primeiros dias de agosto, irá este estado do tempo continuar? Eis a previsão!

Até amanhã o vento que irá imperar em Portugal continental será a nortada (ventos de Nor-Noroeste). Aliás, na quarta-feira, 23 de julho, é quando se espera que ocorra o auge da influência da intensidade deste vento na nossa geografia (rajadas até 65 km/h no litoral Norte, Centro e Oeste e em pontos das terras altas - com especial destaque para os distritos de Leiria e Lisboa).
Porém, os episódios de calor intenso da época estival não tardarão a chegar. Tal como antecipado pela Meteored por diversas vezes nas suas últimas previsões, espera-se uma mudança na direção do vento, que rodará progressivamente, passando a soprar do quadrante Leste e abrindo caminho à entrada de massas de ar quente e seco, originárias do Norte de África e do interior da Península Ibérica.
Este processo atmosférico será impulsionado pela consolidação do anticiclone dos Açores, que ao deslocar-se para nordeste, formará uma crista em direção ao Golfo da Biscaia e mais tarde à Europa Central.
Onda de calor deverá durar até finais de julho e é possível que se arraste pelos primeiros dias de agosto
De acordo com os mapas de referência da Meteored, baseados no modelo determinista do ECMWF, é possível que este episódio de calor extremo em Portugal continental se estenda até quarta-feira, 30 de julho.
Esta potencial onda de calor não só afetará as regiões do interior (registos de 40 ºC, ou localmente mais), como também as regiões costeiras durante vários dias, com anomalias térmicas positivas muito acentuadas (temperaturas máximas com valores entre 5 e 15 ºC acima da média climatológica de referência).

Com base nas atuais previsões do modelo ECMWF e nos seus mapas de anomalia semanal da temperatura, é possível que o episódio de calor intenso em grande parte da Península Ibérica - estando todo o território de Portugal continental incluído nesta previsão - se alastre pelos primeiros dias de agosto.
Há locais de Portugal que poderão registar temperaturas até 6 ºC acima da média
No mapa vê-se uma grande parte da Europa coberta por anomalias térmicas negativas, fruto da influência de massas de ar mais frescas, que produzirão temperaturas invulgarmente mais baixas do que o habitual na maioria dos países do Continente em que Portugal está inserido.

Porém, fruto da combinação entre fatores geográficos e atmosféricos como a latitude, a posição geográfica, a corrente de jato polar, os ventos, a orografia, o oceano Atlântico, os centros de pressão atmosférica e as massas de ar, Portugal continental continuará, provavelmente, exposto ao tempo quente, 'escapando' às condições meteorológicas incomuns que irão condicionar a maioria dos outros países europeus. Mas não ao calor extremo ou abrasador.
A geografia continental portuguesa, sujeito ao fenómeno conhecido como 'forno ibérico', a par de outras zonas de Espanha, produzirá o seu próprio calor devido
à orografia (relevo da Península), estará exposto à circulação de massas de ar quente e seco provenientes da Península Ibérica e do Norte de África, aos ventos de Leste e, como já foi dito, também por causa da latitude e do posicionamento da corrente de jato.
Todos estes aspetos climáticos, geográficos e meteorológicos favorecerão a entrada de massas de ar tropical continental (muito quente e muito seco), que contribuirá para as anomalias térmicas positivas que se observam no nosso país. As zonas montanhosas do Norte e Centro poderão inclusive registar entre 3 e 6 ºC acima da média (distritos de Braga, Porto, Viseu e Aveiro).
No resto do Continente preveem-se temperaturas entre 1 e 3 ºC acima da média climatológica de referência. Nos Açores e Madeira essa anomalia seria mais suave ou inexistente (entre 0 e 1 ºC acima do normal).