Hoje e amanhã uma intrusão de poeiras do Saara mudará a cor do céu em Portugal: saiba em que regiões!

Portugal continental viverá o arranque da última semana de agosto com céu turvo ou esbranquiçado devido à presença de poeiras em suspensão provenientes do deserto do Saara. Contamos-lhe aqui as regiões mais afetadas!

A última semana do verão climatológico arranca sob um cenário de grande variabilidade meteorológica. A presença de uma pequena bolsa de ar frio em torno do Golfo de Cádis provocará o transporte de uma grande ‘língua’ de poeiras do Saara até Portugal continental, Espanha peninsular e Ilhas Baleares.

Adicionalmente, espera-se ainda que esta configuração seja favorável à subida em latitude de uma massa de ar mais quente, embora de carácter temporário, uma vez que na próxima quarta-feira (27) uma massa de ar mais frio chegará do Atlântico.

Poeiras do Saara deixarão o céu turvo ou esbranquiçado em várias regiões portuguesas

O início da última semana de agosto em Portugal continental será condicionado pela presença de poeiras em suspensão sobre a nossa geografia. A advecção de poeiras em suspensão provenientes de África espalhar-se-á por uma porção significativa do país, afetando maioritariamente as regiões do Interior. O Litoral será, de um modo geral, poupado a este fenómeno. Não obstante, o litoral Alentejano e o litoral algarvio (setores ocidental e meridional) também estarão expostos à intrusão de poeiras.

O que são poeiras?
As poeiras, normalmente provenientes do deserto do Saara e arredores, são minúsculas partículas sólidas em suspensão na atmosfera - principalmente constituídas por poeira, areia ou cinzas - que reduzem a visibilidade e dão ao céu um aspeto nublado, esbranquiçado ou, por vezes, quando em concentrações mais elevadas, até mesmo um tom alaranjado ou acastanhado. São transportadas por ventos de Sul nas camadas médias da atmosfera.

Uma pequena bolsa de ar frio (ou depressão isolada em altitude) situada sobre o sudoeste da Península Ibérica será favorável à entrada das poeiras, deixando o céu turvo ou tingindo-o em tons esbranquiçados/ligeiramente alaranjados. Isto gerará uma atmosfera nublada e aumentará a sensação de calor.

Estas condições manter-se-ão de um modo geral até ao final do dia de terça-feira (26), altura em que começarão a dissipar-se no nosso país, sendo que na quarta (27) a sua concentração em Portugal continental será praticamente residual. Prevê-se que amanhã - terça-feira, 26 de agosto - seja mesmo o dia mais quente da última semana de agosto.

Como já foi mencionado, o Interior será sobejamente mais exposto às poeiras do que o Litoral, apesar de, para o litoral Alentejano (parte meridional distrito de Setúbal e litoral do distrito de Beja) e Algarvio, também estarem previstas concentrações. De acordo com o modelo de referência da Meteored, prevê-se que as concentrações mais elevadas surjam sobre o Algarve (distrito de Faro).

Numa intensidade ligeiramente menor, é expectável que as poeiras também surjam sobre o Alentejo (distritos de Beja, Évora, Portalegre), Beira Baixa (distrito de Castelo Branco), Beira Alta (distrito da Guarda), Nordeste Transmontano (distrito de Bragança), e, durante alguns períodos, em zonas dos distritos de Viseu e Coimbra.

Efeitos das poeiras nas temperaturas diurnas e noturnas

Apesar de o aspeto mais chamativo das poeiras ser o aspeto turvo/esbranquiçado do céu ou a possibilidade de “chuva de lama” quando coincide com a precipitação, este fenómeno também tem um impacto significativo nas temperaturas, tal como as nuvens. A presença de elevadas concentrações de poeiras na troposfera dispersa e bloqueia parte da radiação solar, fazendo com que menos energia chegue ao solo.

Quando as poeiras do Saara atingem o nosso território, costumam deixar várias superfícies sujas, como por exemplo o piso das ruas ou a parte exterior dos automóveis.

Isto faz com que as temperaturas diurnas sejam um pouco mais baixas do que o previsto sem poeiras, porque o ar e a superfície da Terra aquecem com menos intensidade.

Por outro lado, o efeito é o oposto à noite, quando a mesma ‘língua’ de poeiras retém parte da radiação infravermelha libertada pela superfície terrestre, impedindo que o calor se dissipe facilmente. Consequentemente, as mínimas noturnas são geralmente mais elevadas, criando a sensação de um ambiente abafado.

Este cenário, percetível a partir de hoje, manter-se-á em boa parte do nosso país até perto da meia-noite de terça (26) para quarta-feira (27), dissipando-se após às primeiras horas da madrugada de quarta-feira (27), altura em que concentrações já serão praticamente residuais.