O que ocorrerá após a supertempestade Ex-Erin? Saiba o novo padrão do tempo previsto pelo modelo europeu para Portugal

O ex-furacão Erin está a interagir com o jato polar, agitando-o. Isto poderá gerar uma mudança no padrão meteorológico em Portugal. Saiba os seus possíveis efeitos no estado do tempo!

Nos últimos dias, a situação meteorológica manteve-se condicionada pela presença de um forte anticiclone em crista sobre o Sudoeste Europeu, enquanto vários vales depressionários se sucediam no Atlântico, sem penetrar diretamente na Europa. Estes vales depressionários também favoreceram a ascensão de massas de ar quente a todos os níveis, desde as latitudes subtropicais até ao sul do continente, mas também induziram uma ligeira instabilidade atmosférica.

O ex-furacão Erin já foi absorvido pela corrente de jato polar

Isto, traduzido numa certa flutuabilidade do ar em algumas regiões, foi favorável a que, em certos momentos, os gigantescos incêndios florestais que iam devastando as Regiões Norte e Centro de Portugal continental, adquirissem um comportamento convectivo e extremo. Atualmente, a aproximação destes vales depressionários e a deslocação das altas pressões para norte permitiram a entrada de ar mais frio na nossa geografia.

A descida em latitude da corrente de jato polar vai ser favorável à formação e circulação de baixas pressões em latitudes mais meridionais. Deste modo, a Península Ibérica não só ficará potencialmente mais exposta à chegada da precipitação, mas também a massas de ar mais frescas.

Dito isto, há que agora concentrar todas as atenções no Atlântico, onde se irá desenrolar o evento potencialmente mais notável para a meteorologia a médio prazo em Portugal: o ex-furacão Erin irá sofrer um forte processo de extratropicalização, sendo absorvido pelo jato polar e alterando a sua dinâmica significativamente.

NAO negativa e corrente de jato polar em latitudes mais baixas

Como consequência deste importante processo de extratropicalização, em que o ex-furacão Erin, já sem as suas características tropicas se tornará numa grande depressão, grandes massas de ar quente nos níveis médios e superiores serão desviadas para as latitudes polares. Isto fará com que as altas pressões se estabilizem no extremo norte do oceano Atlântico, forçando as depressões a deslocarem-se mais para sul. Esta nova configuração sinóptica tornará a Europa Ocidental e Meridional potencialmente mais exposta à chegada de frentes, depressões ou seus remanescentes.

O padrão NAO- prevalecerá ao longo dos últimos dias de agosto.

É precisamente a pressão mais elevada do que o habitual em torno da Islândia, em contraste com um enfraquecimento ou deslocamento do Anticiclone dos Açores, que permite o estabelecimento da teleconexão climática NAO negativa, uma vez que o gradiente de pressão típico entre as duas áreas diminui. Como consequência disto, o jato polar irá descer em latitude, facilitando a formação de sistemas de baixas pressões mais a sul, que poderão afetar Portugal continental e Espanha peninsular.

Temperaturas mais frescas e possibilidade de chuva fraca ou aguaceiros nestas regiões

Prevê-se que a depressão Ex-Erin permaneça, muito provavelmente, nas imediações das Ilhas Britânicas, acabando por se juntar a um conjunto de depressões que permanecerão nestas zona do globo ao longo da próxima semana. Estas depressões serão responsáveis por impulsionar o ar quente para leste, empurrando o ar polar marítimo para a extremidade ocidental da Europa.

chuva Portugal
O provável impulsionamento de sistemas depressionários para latitudes mais a sul poderá fazer com que o litoral Norte e Centro de Portugal continental fiquem expostos a remanescentes de frentes e depressões a partir de quarta-feira, 27 de agosto. Isto traduzir-se-á em períodos de chuva fraca ou aguaceiros.

Em conclusão: espera-se que durante os últimos dias de agosto as temperaturas registem valores bem abaixo da média da estação de norte a sul de Portugal continental (anomalia térmica negativa -1 a -3 ºC). Deste modo, é expectável que o final do verão climatológico de 2025 seja ameno ou fresco.

As frentes destas depressões também irão "passar de raspão" pelas Norte e Centro de Portugal continental, deixando chuva sobretudo nas regiões a oeste da Barreira de Condensação (distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Vila Real e Viseu), e, de forma mais residual, também no litoral Centro, Oeste (Coimbra, Leiria) e também em pontos do interior Norte e Centro. Apesar da elevada incerteza associada a esta previsão, este panorama meteorológico poderá manter-se até aos primeiros dias de setembro.