Eis o que Alfredo Graça tem claro sobre o furacão Gabrielle: “se chegar como tempestade a Portugal, fá-lo-á neste dia”

O furacão Gabrielle atingiu a categoria 4 nas últimas horas, após um cavamento muito rápido. Agora, prevê-se que se desloque para leste em direção aos Açores e talvez para Portugal continental, já na condição de tempestade extratropical.
O modelo Europeu (ECMWF) continua a insistir que Gabrielle, agora um furacão de categoria 4 em pleno Oceano Atlântico, se dirija para leste. Nessa trajetória estão os Açores e depois Galiza e Portugal continental. Apesar da degradação deste sistema ciclónico estar prevista, esperando-se que perca intensidade e algumas das suas características tropicais, não deixa de ser um fenómeno único que atrai a atenção dos especialistas em clima e meteorologia, devido à raridade com que este tipo de baixas pressões chega até às nossas latitudes.
De acordo com o último relatório do Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC), a autoridade máxima nesta matéria no Atlântico, o Gabrielle apresenta neste momento um olho bem definido e características suficientes para ser considerado um furacão de categoria 4. No seu seio, a velocidade sustentada dos ventos vai atingindo os 225 km/h. Deverá também provocar chuvas torrenciais e uma enorme ondulação.

A última atualização das imagens de satélite revela uma estrutura sólida, criada pela continuidade de um olho bem definido e envolto por nuvens convectivas. O furacão começou a deslocar-se para nordeste, tomando lentamente a direção prevista para os Açores. Neste momento, convive com uma crista subtropical, mas quando esta se dissipar, o que se espera que ocorra amanhã (quarta-feira, 24), o Gabrielle começará a deslocar-se muito mais rapidamente para leste.
Açores vão ser atingidos por Gabrielle. Resta perceber se será enquanto furacão Categoria 1 ou tempestade tropical
Na mais recente atualização do modelo ECMWF o poderoso furacão Gabrielle de categoria 4 situava-se cerca de 2640 km a oes-sudoeste do Grupo Ocidental dos Açores, apresentando uma pressão mínima central de 949 hPa à medida que se deslocava para nordeste. Nas próximas horas ‘rodopiará’ para leste, tomando a direção prevista para os Açores.
Prevê-se que ao longo dos próximos dias, à medida que se for aproximando do Arquipélago dos Açores, Gabrielle perca muita intensidade devido à dissipação da crista subtropical que vai convivendo com este sistema. Deste modo, espera-se que atinja a referida região insular portuguesa na sexta-feira, 26 de setembro, com ventos com força de furacão de categoria 1 ou de tempestade tropical.

Assim, para a próxima sexta-feira (26), prevê-se chuva nas 9 ilhas açorianas, com os mapas a mostrarem que será mais forte e potencialmente acompanhada de trovoada nos Grupos Ocidental e Central. A precipitação acumulada total poderá chegar aos 130 mm nas ilhas do Corvo e das Flores (Grupo Ocidental), podendo variar entre 15 e 30 mm nas restantes ilhas.
O vento, inicialmente a soprar de sudoeste e posteriormente de noroeste, vai fortalecer-se substancialmente, podendo gerar rajadas a variar entre os 130 e os 150 km/h. É também expectável um aumento da agitação marítima, com ondas de 8 a 10 metros de altura significativa e altura máxima na ordem dos 14 a 18 metros, especialmente ao largo das ilhas dos Grupos Ocidental e Central.
Irá o ex-furacão Gabrielle afetar Portugal continental?
No sábado, 27 de setembro, já depois de Gabrielle ter cruzado o arquipélago dos Açores, é expectável que ocorra uma extratropicalização a 100%. Os modelos revelam que o ciclone deixará de ter um núcleo quente e passará a ter um núcleo frio, alterando o seu mecanismo para sobreviver em águas e latitudes mais frias.
Já na condição de depressão extratropical e com o prefixo ‘ex’, poderá gerar instabilidade meteorológica em Portugal continental no domingo, 28 de setembro, sendo mais provável nas regiões do Litoral. Abaixo contamos os efeitos atualmente previstos, mas cuja intensidade e zonas geográficas potencialmente abrangidas devem ser encaradas com muita cautela.
Espera-se chuva fraca numa vasta extensão do país, sendo pontualmente moderada ou forte nalgumas zonas. Atualmente, os mapas apontam para uma maior probabilidade, frequência e intensidade de precipitação no Ribatejo, Área Metropolitana de Lisboa e Regiões de Aveiro, Coimbra e Leiria, com o vento a gerar rajadas até 50 km/h na faixa costeira ocidental, sobretudo a sul do Cabo Mondego, tampouco se excluindo a possibilidade de desencadear avisos por agitação marítima (mapas revelam atualmente ondas com altura máxima entre 5 e 7 metros).

Relembramos que estes dados são apenas provisórios e que quanto mais próximo da data de impacto do ex-furacão Gabrielle estivermos, mais precisa será a previsão.