Passagem de ano vai coincidir com mudanças na troposfera: últimas previsões de temperaturas e precipitação em Portugal

As previsões meteorológicas para o final de dezembro continuam marcadas por incerteza, mas o modelo mais recente sugere alterações significativas na troposfera, com entrada de ar frio e descida acentuada das temperaturas.

A reta final de 2025 deverá ser marcada por uma viragem no padrão atmosférico que afeta Portugal Continental. De acordo com a Meteored Portugal, entre 29 e 31 de dezembro há indícios consistentes de uma intrusão de ar muito frio, com potencial prolongamento para os primeiros dias de janeiro.

A influência do anticiclone deverá dominar o início de 2026, mantendo o tempo seco e estável, mas com madrugadas muito frias e geadas no interior.

Apesar de a incerteza continuar elevada, os principais modelos meteorológicos, nomeadamente o europeu, ECMWF, usado pela equipa da Meteored, começam a convergir para um cenário de frio intenso e tempo predominantemente seco durante a transição de ano.

Tempo seco, céu limpo e geadas generalizadas

A influência de uma crista anticiclónica sobre a Península Ibérica deverá consolidar-se na véspera de Ano Novo, favorecendo condições estáveis e céu geralmente pouco nublado. Este padrão atmosférico, associado ao regime ATR (Atlantic Ridge), deslocará as tempestades atlânticas para latitudes mais elevadas, como o Reino Unido e a Escandinávia, afastando a instabilidade das regiões do sul da Europa.

Os dias que antecedem a passagem de ano deverão ser muito frios, com temperaturas abaixo dos 0 ºC em várias localidades do interior Norte, reforçando-se este padrão atmosférico na aproximação à data da mudança de ano.

Temperaturas mínimas inferiores a 0 ºC em Portugal Continental nos dias que antecedem a passagem de ano.
Os dias antecedentes à passagem do ano deverão registar temperaturas muito baixas. No dia 30 vários distritos poderão verificar temperaturas mínimas inferiores a 0 ºC.

Assim, a passagem de ano deverá ser dominada por frio intenso, noites muito frias e grande amplitude térmica. O cenário mais provável aponta para máximas entre 6 e 16 ºC e mínimas entre -2 e 10 ºC, com destaque para o interior Norte e Centro, onde o frio será mais intenso.

Os distritos de Bragança, Guarda e Vila Real poderão registar máximas de apenas 6 a 8 ºC, enquanto Lisboa, Coimbra e Faro deverão manter valores próximos de 14 a 15 ºC.

Durante a madrugada de 1 de janeiro, prevê-se uma descida acentuada das temperaturas, com mínimas de -3 ºC em Bragança e -2 ºC na Guarda, condições ideais para a formação de geadas.

Este frio deverá prolongar-se pelos primeiros dias do novo ano, sob influência de ar polar continental ou marítimo. A nossa equipa sublinha a influência da posição do anticiclone e trajetória das massas de ar frio como determinantes.

Caso o anticiclone se desloque ligeiramente para oeste, a entrada de ar frio poderá ser reforçada, intensificando o frio noturno. Se, pelo contrário, a alta pressão se mantiver centrada sobre a Península, o frio persistirá, mas de forma mais seca e estável.

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Entre 29 e 31 de dezembro, os modelos do Centro Europeu indicam temperaturas entre -2 e -4 ºC a 1500 metros de altitude, tal como já foi referido pela nossa equipa anteriomente.

Estes valores correspondem a massas de ar significativamente frias na troposfera média e poderão traduzir-se em frio notável à superfície. A conjugação deste ar frio em altitude com noites longas e céu limpo deverá favorecer fortes inversões térmicas e geadas generalizadas em vales e planícies interiores.

A ausência de vento e nebulosidade reforçará o arrefecimento radiativo, resultando em madrugadas geladas e em temperaturas próximas de 0 ºC mesmo em áreas do litoral norte.

Cenário de neve é muito pouco provável. Crista anticiclónica deve influenciar as condições atmosféricas

Apesar da chegada do ar frio, a possibilidade de neve é, para já, considerada muito improvável. A falta de precipitação associada à presença do anticiclone limita a ocorrência de neve, mesmo em regiões de montanha.

anticiclone
Anticiclone deverá influenciar o estado de tempo em Portugal Continental na passagem de ano.

De momento, as saídas mais recentes dos modelos meteorológicos continuam a privilegiar um cenário de fim de ano seco, frio e com grande amplitude térmica diária, sem sinais de precipitação significativa. As regiões interiores deverão enfrentar as condições mais rigorosas, enquanto o litoral e o Algarve experimentarão temperaturas ligeiramente mais amenas, mas ainda assim abaixo da média para a época.

A instalação da crista anticiclónica no Atlântico Norte reforçará o bloqueio atmosférico, mantendo as massas de ar frio sobre a Península Ibérica.

Este cenário é típico dos períodos de inverno em que o anticiclone se expande sobre a Península, criando uma troposfera estabilizada e dificultando a entrada de perturbações atlânticas.

Alerta-se que esta estabilidade poderá prolongar-se até à primeira semana de janeiro, favorecendo temperaturas persistentemente baixas, especialmente nas madrugadas do interior.