Meteored avisa: “Após impactar os Açores, o furacão Gabrielle poderá atingir Portugal continental enquanto tempestade"

Depois de atingir o arquipélago dos Açores na reta final desta semana enquanto furacão de categoria 1, Gabrielle poderá chegar a Portugal continental na condição de tempestade, provocando chuva, vento e agitação marítima.

O furacão Gabrielle vai sofrer uma intensificação rápida ao longo das próximas horas. Espera-se que por volta da meia-noite de 23 de setembro já esteja plenamente transformado num furacão de categoria 4. Porém, de acordo com os visores de satélite de furacões da Meteored, este poderoso sistema ciclónico tropical irá perder força de forma muito rápida, embora persista durante vários dias em águas atlânticas até alcançar os Açores enquanto furacão de categoria 1 entre quinta (25) e sexta-feira (26).

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Após esta segunda-feira (22) chuvosa e instável, em que o aviso amarelo de precipitação esteve ativo no arquipélago dos Açores, entre terça (23) e quinta (25) são expectáveis apenas aguaceiros fracos e dispersos nalgumas das ilhas, com o tempo a revelar-se maioritariamente estável, seco e com períodos de céu nublado e boas abertas.

Ainda é precoce definir com precisão a magnitude dos efeitos nos Açores, mas eis o que os mapas revelam

Todavia, prevê-se que a situação meteorológica registe uma mudança brusca nas últimas horas de quinta (25) e durante praticamente toda a jornada de sexta-feira (26) devido à aproximação e impacto do furacão Gabrielle. De acordo com os mapas de referência da Meteored, Gabrielle atingirá os Açores enquanto furacão de categoria 1.

Ao contrário do indicado na última previsão, a mais recente atualização do modelo que merece a nossa maior confiança (ECMWF) coloca agora o Grupo Central dos Açores como o mais afetado pelo vento, com rajadas de vento a poderem ultrapassar os 170 km/h nas primeiras horas da tarde de sexta-feira, 26 de setembro, com particular destaque para a ilha do Pico.

De momento, os mapas sugerem que as ilhas mais afetadas pela chuva seriam Corvo, Flores e Graciosa.

Deste modo, as ilhas do Grupo Central (Graciosa, São Jorge, Terceira, Faial e Pico) poderão registar ventos sustentados na ordem dos 120 a 140 km/h, bem como períodos de chuva moderada a forte potencialmente acompanhada de trovoada.

As ilhas mais afetadas pela chuva seriam as mais ocidentais (Corvo e Flores) e a Graciosa, estando previstos valores próximos aos 190 mm de precipitação acumulada nas Flores, 120 mm no Corvo e até 105 mm na parte noroeste da Graciosa.

Quanto às restantes ilhas, a chuva acumulada poderá variar entre 30 e 65 mm, exceto no Grupo Ocidental (São Miguel e Santa Maria) onde se prevê uma precipitação acumulada total entre 5 e 30 mm. A trovoada poderá surgir um pouco por todas as ilhas açorianas, mas, de momento, os mapas revelam que a probabilidade é mais elevada para o Grupo Central.

Por fim, os mapas antecipam um temporal marítimo muito agreste. A agitação marítima será extremamente perigosa para qualquer tipo de atividade próxima ou a decorrer no mar, pelo que é fortemente desaconselhado que, por motivos laborais ou de lazer, se aproxime do mar açoriano na sexta-feira, 26 de setembro.

Espera-se que na madrugada e manhã de sexta (26) a agitação marítima gerada por Gabrielle possa provocar ondas de altura máxima entre 7 e 10 metros nas ilhas do Grupo Ocidental, sendo que umas horas mais tarde, já a meio da manhã, as ondas atingiriam entre 8 e 12 metros de altura máximas nas ilhas do Grupo Central, podendo manter-se neste registo quase até ao final do dia.

Prevê-se que o furacão Gabrielle provoque um temporal marítimo muito agreste, com altura máxima de onda a poder superar os 14 metros.

Por último, a partir do início da tarde de sexta (26) seria a vez do Grupo Ocidental dos Açores receber a fase mais crítica da manifestação de Gabrielle na agitação marítima, com ondas a poder atingir altura máxima entre 9 e 15 metros.

Irá Gabrielle chegar mesmo a Portugal continental? Caso tal aconteça, já seria enquanto tempestade

Na sua mais recente atualização a maioria dos cenários do modelo ECMWF revelam a impactante possibilidade de aquele que será o ex-furacão Gabrielle se aproximar da faixa costeira das Regiões Norte e Centro de Portugal continental no fim de semana de 27 e 28 de setembro. Caso tal aconteça, ocorrerá na condição de tempestade, embora não se possa excluir a possibilidade de manter alguns traços tropicais.

Tendo em conta a elevada incerteza que ainda persiste à data de hoje, por causa de prováveis alterações na trajetória que Gabrielle ainda possa vir a sofrer, aconselhamos fortemente que encare todos os dados indicados, quer para os Açores, quer para o Continente, apenas como projeções iniciais da previsão meteorológica. É importante relembrar que quanto mais próximo da data de impacto de Gabrielle estivermos, mais precisa será a previsão.

Quando o furacão Gabrielle interagir com a corrente de jato polar, iniciará a sua fase de extratropicalização, isto é, não só perderá intensidade, como também todas (ou quase todas) as características que o tornam um sistema ciclónico tropical. Mas atenção… o facto de perder força, não significa que os avisos meteorológicos daí advindos não sejam para levar a sério!

furacão Gabrielle Portugal
Estamos num prazo ainda muito precoce para confirmar ou descartar o cenário de impacto daquele que será o ex-furacão Gabrielle em Portugal continental. De qualquer das formas, o ECMWF contempla a possibilidade de provocar efeitos semelhantes aos das depressões atlânticas, previsivelmente a partir de domingo, 28 de setembro.

Em todo o caso, os seus efeitos seriam semelhantes aos das depressões atlânticas, com ventos fortes, agitação marítima e alguma chuva. Todavia, ainda é demasiado precoce estimar com precisão a intensidade, duração e zonas potencialmente mais afetadas no Continente, até porque a possibilidade deste sistema se desviar para norte ainda se mantém.

Antes de tudo isso, aquele que será o ex-furacão Gabrielle impulsionará uma massa de ar quente para a nossa geografia, provocando uma subida significativa das temperaturas, que será sentida vários dias antes da chegada do centro de baixas pressões.