Tire os nabos da púcara e conheça os seus poderosos benefícios para a saúde
Está na altura de reconhecer o valor deste rico vegetal no combate a diabetes, doenças cardiovasculares, cancerígenas, problemas digestivos e muito mais. Saiba como escolhê-los, prepará-los e cultivá-los.

É difícil entender por que o nabo ganhou má fama ao longo da sua história. Na cultura anglo-saxónica, a sua reputação, já no século XV, estava associada aos saloios, eles próprios também injustamente desprezados. Nos romances de Charles Dickens, chamar alguém de nabo era o mesmo que insultá-lo de idiota.
A civilização romana muito contribuiu para a desconsideração de que foi alvo ao longo dos séculos. Entre os romanos, o nabo já foi arma de arremesso contra figuras impopulares, tal como o tomate e a fruta podre eram na Europa atirados aos artistas sem talento no século XIX.
As virtudes de um vegetal finalmente valorizado
Esses dias estão felizmente enterrados no passado. Nas décadas mais recentes, o nabo deixou de ser um herói anónimo e assumiu um protagonismo determinante na nossa alimentação. Os seus benefícios são hoje largamente reconhecidos.

Tal como outros vegetais da família Brassicaceae ou Cruciferae - brócolos, couves-de-bruxelas, couve-flor ou repolho -, os nabos são uma fonte rica de sulforafano e glucosinolatos - compostos que ajudam a prevenir doenças crónicas associadas ao stress oxidativo, que resulta na destruição das células saudáveis.
Outrora marginalizado, o nabo está atualmente entre os vegetais e frutas que contêm 10% ou mais de nutrientes para cada porção de 100 calorias. São por isso muitas e boas razões para trazê-lo até aos nossos pratos.
Cru ou cozinhado: opções para todos os gostos
Há inúmeras maneiras de confecioná-lo e até poderá comê-lo cru. Ralado ou em pequenos cubos, podem ser misturados em saladas, tal como as cenouras, a beterraba ou o pepino.
Os nabos mais jovens e também mais pequenos são os que têm melhor sabor para serem consumidos crus. O seu paladar é mais neutro, ao contrário dos maiores e maduros, com um travo apimentado e semelhante ao rabanete.
Os nabos podem ser cortados em cubos, misturados em azeite e especiarias e assados a 200 °C (400°F) no forno durante 20-30 minutos.
Podem ainda ser cozidos, até ficarem macios, e amassados em manteiga e especiarias para serem consumidos como um puré no acompanhamento de pratos de carne e de peixe. Cortados em rodelas finas e salteados brevemente em azeite são também uma excelente opção para os que gostam de legumes crocantes.
Como prepará-los na cozinha
Os nabos podem ser apreciados em conserva, cozidos, assados, esmagados, em guisados, em sopas e ainda como uma alternativa à batata, com menos calorias e hidratos de carbono.
Ao prepará-los, comece por descascar a casca, cortando a raiz da base e removendo os talos. Nem todos os supermercados vendem este vegetal com as nabiças. Mas se os seus nabos tiverem as folhas verdes intactas, aproveita-as para a fazer sopa, salteá-las ou ainda cozê-las a vapor, como faria com outras hortaliças, como os espinafres ou as couves.
Como cultivar na horta ou jardim
Melhor ainda do que trazer os seus nabos das prateleiras do supermercado é tirá-los diretamente da horta e levá-los para a cozinha. Não é uma ciência complicada, são precisos apenas seis passos, segundo a Associação de Consumidores Biológicos da Austrália.
- Plante as sementes no seu jardim no início da primavera ou no final do verão
- Escolha um local ensolarado com solo bem drenado
- Coloque as sementes a cerca de cinco centímetros de distância e a 1,25 cm de profundidade
- Mantenha o solo húmido, mas não encharcado
- Desbaste as mudas a uma distância de 10 a 15 cm quando atingirem 10 cm de altura
- Colha após seis a 10 semanas, quando as raízes tiverem cinco a oito centímetros de diâmetro
Os nabos são um alimento recomendado para todas as idades em qualquer refeição, mas há algumas reservas que devem ser tidas em consideração.
Quem deve ter cuidado com o nabo?
As pessoas que tomam anticoagulantes devem evitar comer grandes quantidades de nabos de uma só vez. Por serem relativamente ricos em vitamina K, o seu consumo pode interferir com a medicação.
Consumidos em excesso, os nabos também podem afetar a função da tiroide. Este é um dos legumes que contém goitrogénios, podendo, no entanto, ver os seus níveis reduzidos durante a cozedura. Quem tem problemas de tiroide, todavia, deverá aconselhar-se com o seu médico antes de introduzir os alimentos com goitrogénicos na dieta.
Tirar nabos da púcara
Após este périplo pelas melhores virtudes do nabo, resta apenas descodificar a expressão idiomática portuguesa que está no título deste artigo. Tirar nabos da púcara, na linguagem popular, significa recolher informações sobre um determinado assunto com muito cuidado para não ferir sensibilidades.

A comparação tem uma estreita relação com a forma como os nabos cozidos são tirados de uma panela ou de uma púcara. Uma vez que o legume se desfaz com facilidade, o processo exige habilidade para conseguir retirá-los inteiros. Da mesma forma, aliás, como as informações selecionadas de vários estudos para enriquecer este artigo e que podem ser consultados nas referências.
Referências da notícia
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Ağagündüz D, Şahin TÖ, Yılmaz B, Ekenci KD, Duyar Özer Ş, Capasso R. Cruciferous vegetables and their bioactive metabolites: from prevention to novel therapies of colorectal cancer. Evid Based Complement Alternat Med
USDA FoodData Central. Turnips, cooked, boiled, drained, without salt.
Violi F, Lip GY, Pignatelli P, Pastori D. Interaction between dietary vitamin k intake and anticoagulation by vitamin k antagonists: Is it really true? A systematic review. Medicine
Bajaj JK, Salwan P, Salwan S. Various possible toxicants involved in thyroid dysfunction: a review. J Clin Diagn Res
Rebecca Rupp. The Vegetable That Terrorized Romans and Helped Industrialize England. National Geographic