Orçamento da Agricultura para 2026 “é o mais elevado e exigente de sempre”, garante o ministro no Parlamento
José Manuel Fernandes, ministro da Agricultura, esteve no Parlamento a explicar o orçamento do seu ministério para 2026. Sobre o problema da febre catarral nos ovinos (língua azul), o governante recomendou: “Vacinem, vacinem, vacinem”.

A agricultura, o mar, as pescas e as florestas de Portugal são “mais do que um setor económico”; são “uma expressão da identidade coletiva, das tradições e da história nacionais, constituindo um eixo estratégico fundamental para o futuro do país”, assume o Ministério da Agricultura nas linhas orientadoras da nota explicativa do Orçamento do Estado para 2026.
O Governo reconhece “os desafios que o setor enfrenta” e assume o “compromisso de os transformar em oportunidades”, através de uma “visão estratégica assente na modernização, inovação e sustentabilidade, promotora da competitividade e da coesão territorial”.
Em 2026, o orçamento da Agricultura e Mar é o “mais elevado e exigente” de sempre, garantiu ontem no Parlamento o ministro José Manuel Fernandes. Falou de “mais de 3.000 milhões de euros”, entre apoios ao rendimento e investimento, embora a verba orçamentada e constante dos mapas entregues aos deputados seja de 1.687,4 milhões.
Orçamento "super exigente"
“Esta audição tem início, e espero que fim, no dia mundial de Uma Só Saúde [3 de novembro], princípio que subscrevemos com ações concretas. O Orçamento do Estado da Agricultura e Mar é o mais elevado de sempre em termos de rendimento e investimento, mas é também super exigente”, afirmou o ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, que interveio numa audição parlamentar conjunta com as comissões de Agricultura e Pescas e Orçamento, Finanças e Administração Pública.
E há ainda o programa Compete 2030, que passa a poder financiar projetos para a agroindústria. Além de que, na reprogramação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a agricultura ganhou “mais 111 milhões de euros e outros 50 milhões de euros em linhas de financiamento”, garantiu o governante.

“O Governo considera a agricultura estratégica, estruturante e transversal, não estando só num ministério. Não poderia deixar de dar um agradecimento à atuação dos ministro da Economia, [Castro Almeida], e do Ambiente, [Maria da Graça Carvalho]”, frisando que, para 2026, a Agricultura conta com uma “diversidade de fontes de financiamento”, disse no Parlamento o ministro da Agricultura.
Língua azul: 1,3 milhões de animais vacinados
Um dos temas mais debatidos durante o dia desta segunda-feira, 3 de novembro, foi o impacto e os prejuízos causados pela febre catarral ovina, mais conhecida como língua azul, que é uma doença viral, de notificação obrigatória, que afeta os ruminantes, mas que não é transmissível a humanos.
Apesar de não adiantar mais números ou detalhes sobre este processo, o ministro José Manuel Fernandes apelou aos produtores para continuarem a vacinar os seus animais. “Vacinem, vacinem, vacinem”, alertou.
9,9 milhões para a língua azul
Em maio, o Governo avançou com um apoio global de 1,9 milhões de euros para os detentores de ovinos, com quebras de rendimento inferiores a 30% devido à doença da língua azul.
A ajuda prevista neste apoio foi de 48 euros por ovino morto, registado no Sistema Nacional de Informação e Registo Animal (SNIRA).

No início do mesmo mês, o Governo lançou também uma ajuda de 9,9 milhões de euros para fazer face ao impacto da doença da língua azul e da tempestade Kirk.
Nos últimos meses, têm sido muitas as explorações pecuárias afetadas pelo vírus da língua azul no distrito de Beja, o que levou, na passada quinta-feira, a Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA) a enviar uma carta ao ministro da Agricultura e Mar a reivindicar medidas de apoio para o setor.
A FAABA explicava, nessa comunicação, que “a doença grassa com violência nas zonas que foram menos afetadas em 2024, embora também se manifeste de forma significativa nos efetivos acometidos no ano passado”.
Castelo Branco afetado pela língua azul
É o caso do território conhecido como Campo Branco, que abrange os concelhos de Castro Verde, Almodôvar, Ourique e parte do de Aljustrel, todos no distrito de Beja.
Nesta área, segundo dados transmitidos à agência Lusa pela AACB, existem atualmente 240 explorações onde foi detetado o vírus da língua azul (ou febre catarral ovina), sobretudo o serótipo 3 da doença.
“Temos animais com muitos abortos e muitos borregos mortos, o que vai afetar muito o rendimento das explorações no próximo ano”, confirmou à Lusa o presidente da AACB, António Aires.