Uma boa notícia: 2025 confirma tendência de recuperação a longo prazo da camada de ozono

O comportamento da camada de ozono na Antártida, durante este ano, leva os cientistas a aumentarem as esperanças de que se está a assistir a uma recuperação da camada de ozono.

Ozono
A camada de ozono protege o Globo dos raios UV prejudiciais ao ser humano.

O Serviço de Monitorização da Atmosfera Copernicus (CAMS) é responsável por monitorizar a área do buraco na camada de ozono sobre a Antártida. Através de diferentes medições remotas, tais como a concentração mínima de ozono na coluna e do défice de massa de ozono, é possível compreender a evolução desta camada protetora vital.

Um buraco na camada de ozono mais pequeno e de menor duração em 2025

A camada de ozono é uma camada gasosa composta pelo gás ozono (O3) e localizada numa região da atmosfera, chamada estratosfera, a cerca de 15 a 35 km da superfície da Terra.

Esta camada protege a Terra, uma vez que constitui uma barreira à passagem de 95% dos raios ultravioletas (UV), componentes da radiação solar com efeitos nocivos, que causam danos na pele e olhos, aumentando o risco de cancro da pele, além de problemas graves oculares.

O processo de decomposição da camada de ozono na atmosfera foi causado pela ação do homem, com a emissão de gases clorofluorcarbonetos (CFC), usados em sprays e frigoríficos, que degradaram a camada de ozono durante muitos anos, provocando a sua decomposição.

Este problema ambiental é observado em maior escala nos polos, sobretudo na Antártida, que são áreas em que a camada de ozono é menos espessa.

No entanto, desenvolvimentos recentes indicam progressos globais nos esforços de recuperação da camada de ozono ao abrigo do Protocolo de Montreal e das suas alterações.

Os esforços conjuntos a nível internacional têm dado frutos e têm confirmado a tendência a longo prazo de recuperação do escudo protetor da Terra contra o sol.

Durante o pico da época de destruição da camada de ozono deste ano, de 7 de setembro a 13 de outubro, a extensão média do buraco na camada de ozono em 2025 na Antártida foi de cerca de 18,71 milhões de quilómetros quadrados. Isto representa uma redução de cerca de 30% em relação ao maior buraco alguma vez observado, em 2006.

Este ano, dados do CAMS confirmaram o encerramento do buraco na camada de ozono sobre a Antártida a 1 de dezembro de 2025, marcando o buraco de ozono mais pequeno e de menor duração em cinco anos.

Para além da área e duração reduzidas, as análises do CAMS mostram valores mínimos de ozono na coluna atmosférica superiores ao normal e valores de défice de massa de ozono mais baixos em comparação com os últimos anos.

Buraco do ozono
Em 2025 o buraco do ozono foi o mais pequeno e o mais precoce.

Pelo segundo ano consecutivo, a extensão e a duração médias do buraco na camada de ozono foram notavelmente mais baixas em comparação com os buracos muito grandes e duradouros observados entre 2020 e 2023.

Calcula-se que o buraco na camada de ozono de 2023 possa estar relacionado com condições atmosféricas excecionais, incluindo a erupção massiva do vulcão Hunga Tonga em 2022, que lançou grandes quantidades de cinzas e vapor de água para a estratosfera. As alterações climáticas também estão envolvidas, com o arrefecimento da estratosfera à medida que a troposfera aquece.

De acordo com a NASA e a NOAA, o buraco na camada de ozono já está a fragmentar-se quase três semanas antes da média da última década.

Um exemplo de colaboração ambiental a nível global

Em 1957, um número significativo de estações foi instalado na Antártida, permitindo observações a longo prazo. Estas observações sistemáticas levaram às primeiras detecções de uma redução significativa da camada de ozono na Antártida durante a Primavera, recolhidas por um grupo de cientistas britânicos em 1985 e confirmadas um ano depois com dados de satélite.

O alerta emitido pelos cientistas sobre as consequências catastróficas do buraco na camada de ozono para a vida no planeta levou à assinatura do Protocolo de Montreal pouco tempo depois.

O Protocolo de Montreal, um acordo internacional histórico para a eliminação gradual das substâncias químicas que destroem a camada de ozono, entrou em vigor em 1992 e levou à eliminação gradual de 99% das substâncias que destroem a camada de ozono.

No entanto sabe-se que existem variações anuais no buraco na camada de ozono associadas à dinâmica atmosférica, designadamente na estratosfera.

Sprays
A emissão de gases clorofluorcarbonetos são prejudiciais à camada de ozono

Mas a monitorização científica confirma as previsões de que a camada de ozono está no bom caminho para a recuperação, graças ao Protocolo de Montreal com a eliminação gradual da grande maioria dos produtos químicos que destroem a camada de ozono, anteriormente utilizados na refrigeração, no ar condicionado, na espuma de combate a incêndios e até em sprays de aerossol para o cabelo.

O Protocolo de Montreal é amplamente considerado o tratado ambiental mais bem-sucedido de sempre das Nações Unidas e é um dos raros tratados a alcançar a ratificação universal.

É sempre bom realçar que o declínio do ozono estratosférico global poderia ter atingido níveis catastróficos sem a ação concertada do Protocolo de Montreal e as suas alterações subsequentes.