Incêndio na Pampilhosa da Serra preocupa as autoridades, mas há menos frentes ativas no país e os fogos tendem a ceder

O cenário meteorológico mais ameno e os teores de humidade mais elevados que se fazem sentir a partir desta segunda-feira, 18 de agosto, podem ajudar a mitigar a propagação dos incêndios em Portugal continental.

Incêndio
O ICNF revela ainda que, desde o início do ano e até ao dia de ontem, 17 de agosto, já deflagraram 6.378 incêndios, a grande maioria dos quais em povoamentos florestais (45%) e matos (42%).

O incêndio que lavra em Pampilhosa da Serra, no distrito de Coimbra, e que deflagrou em Arganil, é, de todos os que estão ativos neste momento em Portugal, o que mais preocupa as autoridades nas últimas horas.

O presidente da autarquia, Jorge Custódio, disse à agência Lusa pelas 11.45 horas desta segunda-feira, 18 de agosto, que havia várias frentes de fogo “descontroladas”, que já tinham ameaçado várias aldeias durante a noite e que o fogo já passou para Silvares, no concelho do Fundão.

A semana que arrancou nesta segunda-feira, 18 de agosto, promete afastar a massa de ar quente que vinha alimentando a onda de calor dos últimos dias em Portugal. Também as temperaturas do ar deverão registar uma diminuição em todo o país. Mas, apesar disso, o perigo de incêndio continua muito elevado.

Mais de 80 concelhos do interior Norte e Centro e Algarve continuam hoje em perigo máximo de incêndio rural, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). E vários concelhos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria, Portalegre, Castelo Branco, Santarém. Évora, Beja e Faro estão em perigo muito elevado.

Além da Pampilhosa da Serra, há vários incêndios ativos no país, um dos quais deflagrou na tarde de ontem, domingo, 17 de agosto, no concelho de Mirandela, nas aldeias de Frechas, São Pedro de Vale do Conde e Valverde da Gestosa, mas que, na manhã desta segunda-feira, já só tem uma frente ativa, perto do Cachão. Isso mesmo adiantou à agência Lusa o comandante sub-regional de Trás-os-Montes da Proteção Civil.

Incêndio de Tarouca dá mostras de ceder

Noel Afonso explicou que, perto da meia noite, esse fogo tinha três frentes ativas e já se tinha alastrado ao concelho de Vila Flor, pondo em risco a aldeia de Macedinho, mas que, entretanto, “está resolvido”. Às 11:25 da manhã desta segunda-feira havia 154 operacionais no terreno, apoiados por 49 viaturas e um meio aéreo.

Já o incêndio de Tarouca, que deflagrou no sábado, 16 de agosto, na manhã desta segunda-feira dá mostras de ceder ao combate, apesar de manter ainda duas frentes ativas que podem entrar em resolução com a entrada de meios aéreos. Isso mesmo referiu à agência Lusa o comandante dos Bombeiros Voluntários de Armamar.

Nuno Fonseca fez um ponto de situação esta manhã e explicou aos jornalistas que “a noite correu bem, os trabalhos correram favoravelmente” e que “a situação está consideravelmente melhor”. “Estamos a tentar fechar o incêndio, apesar de ainda se manterem duas frentes”, disse à agência Lusa pelas 09:00 horas o comandante Nuno Fonseca.

Incêndio
A base de dados nacional de incêndios rurais do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) registava, no período compreendido entre 01 de janeiro e 17 de agosto, 172.054 hectares de área ardida.

Pelas 09:05 de hoje, combatiam este fogo 207 operacionais apoiados por 67 veículos e um meio aéreo, segundo a página oficial na Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).

Já o incêndio que deflagrou na última sexta-feira em Freixo de Espada à Cinta tinha, nesta segunda-feira, 18 de agosto, de manhã, “90% do perímetro consolidado, com uma pequena frente de fogo ativa, junto a Mós, em Torre de Moncorvo”, avançou o comandante sub-regional das Terras de Trás-os-Montes, João Noel Afonso, pelas 08:00, à agência Lusa.

“O incêndio ao início da noite já tinha começado a ceder aos meios, apenas havia uma preocupação nas aldeias de Mós e Carviçais, no concelho de Torre de Moncorvo. A esta hora 90% do perímetro do incêndio está consolidado e a frente de Mós vai ter intervenção dos meios aéreos”, revelou o comandante sub-regional das Terras de Trás-os-Montes, João Noel Afonso.

Às 13:00 desta segunda-feira estavam ativos 10 fogos, que envolvem 1900 bombeiros, 617 meios terrestres e 19 meios aéreos. À mesma hora havia 13 incêndios em despacho e nove incêndios em fase de resolução.

Neste domingo, 17 de agosto, a ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, anunciou que a situação de alerta devido ao risco agravado de incêndio foi novamente prorrogada, agora até às 24:00 de terça-feira, 19 de agosto.

O Mecanismo Europeu de Proteção Civil, que foi ativado a 15 de agosto, deverá fazer chegar a Portugal nas próximas horas dois aviões Fire Boss, para reforço do combate aos incêndios.

172.054 hectares de área ardida

Os fogos em Portugal provocaram, até ao momento, dois mortos, incluindo um bombeiro, e vários feridos, na maioria sem gravidade, tendo destruído total ou parcialmente casas de primeira e segunda habitação e múltiplas explorações agrícolas e pecuárias e uma vasta área florestal.

Bombeiro
Em Espanha, que também está a ser assolada pelos fogos há várias semanas, já arderam 343 mil hectares, superando o recorde de 306 mil hectares registado em 2022.

A base de dados nacional de incêndios rurais do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) registava, no período compreendido entre 01 de janeiro e 17 de agosto, 172.054 hectares de área ardida.

Volvidas pouco mais de duas semanas, os números oficiais até hoje, 18 de agosto, ainda que necessariamente provisórios, revelam que já arderam 185.753 hectares no país, mais do que a área ardida em todo o ano de 2024, que foi de 136.424 hectares.

Só neste último fim de semana (sábado e domingo), arderam 32 mil hectares.

O ICNF revela ainda que, desde o início do ano e até ao dia de ontem, 17 de agosto, já deflagraram 6.378 incêndios, a grande maioria dos quais em povoamentos florestais (45%) e matos (42%), e os restantes em terrenos agrícolas (13%).

Em Espanha, que também está a ser assolada pelos fogos há várias semanas, já arderam 343 mil hectares, superando o recorde de 306 mil hectares registado em 2022, de acordo com os dados avançados esta segunda-feira pelo Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS).