Alto Douro Vinhateiro premiado pela 'Wine Enthusiast’. Um prémio que “honra o trabalho de gerações”, diz o IVDP

A Região Demarcada do Douro acaba de ser distinguida como “International (Non-U.S.) Wine Region of the Year” nos ‘Wine Enthusiast Wine Star Awards 2025’, um dos mais prestigiados galardões do setor a nível mundial.

Região Demarcada do Douro
A Região Demarcada do Douro acaba de ser distinguida como “International (Non-U.S.) Wine Region of the Year” nos ‘Wine Enthusiast Wine Star Awards 2025’.

A Região Demarcada do Douro (RDD) estende-se ao longo do Rio Douro e dos seus afluentes numa extensão de cerca de 250 mil hectares, entre Barqueiros e Barca d’Alva.

Esta região tem origem na delimitação territorial de 1756, data da primeira demarcação das Vinhas do Alto Douro, que definiu mundialmente o primeiro modelo institucional de organização de uma região vinícola.

Vinhedos que cobrem os grandes declives

Originalmente estabelecida para regular a produção do vinho fortificado a que chamamos de vinho do Porto, hoje a RDD circunscreve a Denominação de Origem Controlada dos vinhos do Porto e Douro.

A produção de vinho neste território duriense é uma lição sobre a capacidade e determinação do homem na otimização dos recursos naturais. As vinhas foram construídas num território marcado por declives acentuados e pela quase inexistência de terra e água. Os vinhedos que cobrem os grandes declives levantam-se do rio Douro e configuram um imenso escadório de socalcos e patamares.

A monumentalidade da paisagem do Alto Douro Vinhateiro tem um reconhecido valor universal. Em 2001 foi inscrita na lista do Património Mundial da Humanidade da UNESCO. Esta área corresponde a uma língua de cerca de 24 600 hectares que se estendem ao longo do rio.

A produção vitivinícola tem variado de ano para ano, mas, na última campanha - 2024/2025 -, foram produzidos 1,55 milhões de hectolitros de vinho apto a Denominação de Origem Protegida (DOP) ou Indicação de Origem Protegida (IGP) na Região do Douro. Este ano, o Conselho Interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) aprovou a produção de 75 mil pipas de vinho do Porto, menos 15 mil do que no ano anterior.

Viticultores com dificuldade em escoar as uvas

A região do Douro enfrenta uma crise económica grave, devido à queda nas vendas do vinho do Porto e do vinho em geral, à desvalorização da uva e ao aumento dos custos de produção, sendo que os produtores, especialmente os pequenos, estão sem rendimento e têm dificuldade em escoar as suas uvas.

Uvas
A produção vitivinícola tem variado de ano para ano, mas, na última campanha - 2024/2025 -, foram produzidos 1,55 milhões de hectolitros de vinho apto a Denominação de Origem Protegida (DOP) ou Indicação de Origem Protegida (IGP) na Região do Douro.

Mas uma boa notícia surgiu na última semana. O Alto Douro Vinhateiro recebeu um novo reconhecimento internacional, tendo sido distinguido como “International (Non-U.S.) Wine Region of the Year” nos 'Wine Enthusiast Wine Star Awards 2025', pela publicação "Wine Enthusiast".

Trata-se de um reconhecimento internacional que “celebra a excelência vitivinícola, a singularidade paisagística e a hospitalidade duriense”, afirma o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), em comunicado.

O presidente do IVDP realça que o prémio agora arrecadado é “um dos mais prestigiados galardões do setor a nível mundial” e que ele “honra o trabalho de gerações que moldaram socalcos, cuidaram vinhas e preservaram um saber-fazer que hoje se traduz em vinhos de excelência — do carácter dos DOC Douro à identidade inconfundível do nosso vinho do Porto”, afirma Gilberto Igrejas, presidente do Instituto. Para este responsável, este é também “um estímulo para continuarmos a elevar padrões de qualidade, sustentabilidade e enoturismo”.

A distinção como região vitivinícola do ano fora dos Estados Unidos da América reconhece ainda “a consistência qualitativa dos vinhos durienses, o património cultural e paisagístico único, assim como a capacidade de acolhimento e inovação das empresas da região”, afirma o IVDP.

O Instituto faz, aliás, questão de sublinhar que “esta é uma vitória de toda a fileira”, da produção vitivinícola nas vinhas do Douro ao comércio, nacional e internacional.

Vinhas
A produção de vinho neste território é uma lição sobre a capacidade e determinação do homem na optimização dos recursos naturais. As vinhas foram construídas num território marcado por declives acentuados e pela quase inexistência de terra e água.

Recorde-se que o Alto Douro Vinhateiro foi classificado como Paisagem Cultural Evolutiva e Viva pela UNESCO em 2001. Esta designação reconheceu a região, não só como um local de valor histórico e paisagístico, mas também como um ecossistema dinâmico moldado pela interação contínua entre o ser humano e a natureza.

Terroirs de altitude, castas autóctones

O IVDP não tem dúvidas de que o Douro Património Mundial “alia tradição e modernidade numa região de contrastes: terroirs de altitude, castas autóctones, viticultura heróica e uma nova geração de enólogos e produtores que reforçam a notoriedade internacional dos vinhos do Douro e do vinho do Porto”.

Paralelamente, o destino Douro tem “consolidado a sua oferta de enoturismo”, combinando experiências de visita a quintas, cruzeiros no rio, gastronomia regional e hotelaria de excelência.

Os 'Wine Enthusiast Wine Star Awards', no âmbito dos quais o Douro acabada de ser premiado, foram criados pela publicação ‘Wine Enthusiast’ e distinguem, anualmente, regiões, empresas e personalidades que se destacam pelo contributo excecional para o setor do vinho a nível global.