Gostaria de oferecer novas terras ao priolo? Participe nesta campanha
A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves quer renaturalizar as pastagens degradadas da floresta Laurissilva de São Miguel e dar uma oportunidade a uma das aves mais simbólicas do Açores.

O priolo (Pyrrhula murina) é uma pequena ave de 15-17 centímetros com um assobio melancólico que só pode ser visto na zona este da ilha de São Miguel. Alimentando-se principalmente de botões florais, sementes e esporos de fetos, vive predominantemente na Serra da Tronqueira e no Pico da Vara e já esteve entre os pássaros mais ameaçados do mundo.
Foram precisos uma década de meia de um intenso trabalho de conservação desenvolvido na Laurissilva dos Açores pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), Governo dos Açores, entre outros parceiros, para recuperar uma população que hoje não ultrapassa os 1200 indivíduos.
É precisamente esse o intuito da iniciativa da SPEA que pretende aumentar o habitat da espécie. “Dê um Azevinho ao Priolo” é o mote da campanha, que coincide com a 32º aniversário da organização.
O intuito passa por angariar entre 10 e 20 mil euros para adquirir quatro parcelas de terreno com cerca de três hectares, que permitirão expandir o habitat desta ave nativa da ilha de São Miguel.

O azevinho simboliza o habitat do priolo que, na floresta Laurissilva, encontra as condições ideais para prosperar. Três hectares podem parecer insignificantes, mas a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves relembra que a área por onde a espécie endémica se espalha não é muito superior a seis mil hectares.
Restaurar terras degradadas
A sua presença no território, todavia, está dispersa em fragmentos, dificultando o trabalho de interligação entre as várias bolsas de vegetação natural. Esta é, portanto, a principal razão para a organização ter lançado a campanha.
O que se espera é adquirir os terrenos para que possam ser intervencionados de raiz, recriando o ambiente propício para o priolo se desenvolver na natureza.
O projeto – assegura a SPEA – é ambicioso, envolvendo múltiplos proprietários com os quais estão a trabalhar há já vários anos, procurando reconverter áreas de pastagem degradada em floresta natural.

Um dos principais motivos que conduziu à sua quase extinção foi a destruição do habitat natural e a perseguição que lhe foi movida no século XIX durante o ciclo da laranja, justamente pela grande destruição que fazia nas flores das laranjeiras.
Acelerar a recuperação da espécie
A deflorestação e a caça não representam, nos dias de hoje, uma ameaça, mas a ave enfrenta um novo desafio que são as espécies invasoras. A remoção de plantas exóticas, como a conteira, a faia-do-norte ou a samambaias é uma empreitada dispendiosa e muito demorada por causa dos terrenos acidentados, com encostas íngremes que exigem estabilização da terra e recuperação da vegetação.
A melhor forma de acelerar este processo é, por isso, criar bolsas de vegetação natural, oferecendo aos priolos novos habitats onde possam viver livre de todas as ameaças que comprometem a sua sobrevivência. É, aliás, esse o trabalho que tem sido feito ao longo das últimas décadas e que já permitiu travar o declínio da espécie e manter a população estável.

A campanha irá decorrer até inícios de março e, se tudo correr como planeado, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves conta estar na posse dos terrenos em novembro de 2026 para começar a plantar as primeiras espécies que irão dar início à transformação de áreas de pastagens degradadas em terras renaturalizadas para o priolo.
Referência da notícia
Consulte o website da SPEA para participar na campanha “Dê um Azevinho ao Priolo”. Os donativos podem também ser feitos em formato de presente. No email automático de recibo, será enviado um cartão para imprimir ou enviar digitalmente à pessoa a quem quer oferecer.