Vórtice polar em transição traz vários episódios de chuva e vento: o que esperar entre 27 e 29 de outubro

Entre segunda e quarta-feira (27 a 29 de outubro), Portugal terá um início de semana com breves abertas, seguido de uma frente mais ativa. A terça-feira concentra a chuva, as trovoadas mais prováveis a Sul e rajadas que podem ser, por vezes, fortes. Na quarta, o tempo mantém-se instável.
Entre segunda e quarta-feira (27–29 de outubro), Portugal continental atravessa uma sequência marcada por uma oscilação meteorológica, em que segunda se verifica ainda bom tempo, uma frente mais ativa na terça e um arrasto de instabilidade a partir de quarta.
O padrão resulta de frentes cavadas no Atlântico guiadas por uma corrente de jato ondulada e do recuo temporário do anticiclone. Para quem planeia atividades ao ar livre, segunda é o dia mais favorável, enquanto terça concentra os fenómenos mais intensos e quarta mantém tempo variável com aguaceiros e vento por vezes forte.
Esta transição favorece ondulações na corrente de jato, abre corredores de humidade subtropical e empurra frentes organizadas para latitudes médias, como o caso de Portugal. Em paralelo, o padrão NAO negativo (alta pressão mais robusta sobre a Gronelândia e anticiclone dos Açores enfraquecido) tem permitido a aproximação de frentes cavadas, mantendo o tempo instável. O resultado é uma reta final de outubro com chuva, vento e, localmente, trovoadas.
Temperaturas máximas mantêm-se relativamente elevadas, mas as mínimas devem descer
Na segunda-feira, 27 de outubro, o céu apresenta-se nublado com abertas principalmente no Norte e Centro. A instabilidade concentra-se sobretudo a Sul, onde o encontro de ar mais frio em altitude com massa de ar subtropical pode disparar aguaceiros e trovoadas dispersas durante a tarde.
Deverá ser o dia mais “ameno” desta sequência no Continente, com céu nublado e abertas, sobretudo no Norte e Centro. A instabilidade concentra-se a Sul, onde a interação de ar mais frio em altitude com massa de ar subtropical pode gerar células isoladas de aguaceiros e trovoadas durante a tarde.
Nem todos os locais serão afetados, mas onde ocorrerem os núcleos convectivos poderão ser intensos por breves períodos. O vento sopra fraco a moderado, de norte ou nordeste a norte do Tejo e de sul a sudeste a sul do Tejo.
As temperaturas recuam ligeiramente nas mínimas, com possibilidade das primeiras geadas localizadas em vales abrigados do Nordeste transmontano, enquanto as máximas se mantêm próximas ou um pouco acima do normal para o fim de outubro. As mínimas descem, podendo roçar 0 °C em vales abrigados do Nordeste transmontano, enquanto as máximas se mantêm acima do normal para a época.

Na terça-feira, 28 de outubro, um novo sistema depressivo organiza uma frente mais ativa e um ambiente francamente instável. Espera-se céu muito nublado ou encoberto no Continente, com poucos períodos de sol. A precipitação será mais disseminada, sob a forma de aguaceiros frequentes, por vezes acompanhados de trovoadas, com maior probabilidade no Sul e possibilidade de extensão ao Centro.
O vento soprará para sudoeste, moderado, com rajadas que podem atingir 50–60 km/h e picos superiores em células convectivas mais intensas. As temperaturas mínimas sobem ligeiramente a Sul, enquanto as máximas descem um pouco em todo o país, colocando os valores mais perto do normal climatológico de fim de outubro.
Quarta-feira com instabilidade, mas aproximação a novembro pode apresentar melhoria gradual no estado de tempo
A quarta-feira herda o rasto frontal e mantém o tempo variável, com aguaceiros intermitentes e abertas esporádicas, tendência a maior persistência no Minho, Douro Litoral e encostas voltadas ao fluxo.
A Sul, a instabilidade tende a diminuir gradualmente ao longo do dia, embora não se excluam aguaceiros moderados e trovoadas isoladas em transição de massas de ar. Os valores acumulados de precipitação podem chegar, no Algarve, e em particular em Faro, aos 70 mm até ao final do dia.
O vento conserva a componente sudoeste, por vezes moderado a forte no litoral e nas áreas montanhosas, abrandando ao final da tarde.

Em termos sinópticos, o cenário corresponde a um Atlântico perturbado, NAO perto do negativo e anticiclone dos Açores menos influente, permitindo a passagem de cavados a latitudes médias. A atividade tropical a sotavento funciona como reserva adicional de humidade, embora sem impacte direto esperado nesta janela.
A tendência para reforço do vórtice polar na viragem para novembro poderá reconfigurar a circulação, abrindo espaço a algum reforço anticiclónico, mas tal sinal ainda comporta incerteza e não invalida episódios de instabilidade residuais. O balanço geral sugere precipitação acima do habitual em vários pontos.
Alertamos, uma vez mais, para que em áreas urbanas, a limpeza prévia de caleiras, sumidouros e bueiros pode ajudar a mitigar inundações rápidas. Também quem circula a pé deve redobrar atenção a tampas soltas e pisos escorregadios.