Vídeo: Chuvas torrenciais atingem a área metropolitana de Buenos Aires (Argentina) e transformam ruas em rios

As fortes chuvas, que acumularam mais de 100 mm em apenas duas horas, inundaram as ruas da capital argentina. Veículos e equipamentos urbanos foram arrastados pela corrente inesperada, enquanto a água chegava à cintura dos peões.

A Região Metropolitana de Buenos Aires (AMBA) viveu uma das piores noites já registadas este sábado. Uma tempestade de extraordinária intensidade despejou mais de 115 milímetros de chuva em apenas duas horas, provocando enormes inundações que transformaram avenidas e ruas em verdadeiros rios.

Esta quantidade é semelhante à precipitação média de todo o mês de outubro.

As imagens são assustadoras: carros e mobiliário urbano a flutuar nas correntes, enquanto troços da Avenida General Paz e bairros inteiros de San Martín e Lanús parecem completamente inundados. Além disso, as linhas de energia sofreram cortes generalizados, deixando mais de 40.000 pessoas sem energia.

Ruas transformadas em rios

As autoridades meteorológicas emitiram um aviso laranja para tempestades intensas, mas o nível de chuva superou as expectativas.

O sistema de drenagem já estava saturado pelas chuvas dos últimos dias, o que poderá ter estado na origem do colapso do sistema de infraestruturas hídricas urbanas. A velocidade com que a água avançou surpreendeu muitos transeuntes, que, em poucos minutos, viram a água atingir a altura da cintura.

Um drama repetido

As caves e os pisos térreos de centenas de casas e estabelecimentos comerciais foram inundados, resultando em perdas económicas significativas.

Felizmente, nenhuma morte por afogamento foi relatada até agora (uma morte foi relatada, mas devido a insuficiência cardíaca).

Este episódio faz lembrar outras inundações muito graves que Buenos Aires já sofreu. Uma das mais dramáticas ocorreu em 2013, quando chuvas torrenciais provocaram perdas humanas e materiais significativas na Grande Buenos Aires (AMBA).

O papel dos rios nas cheias

O Rio Matanza-Riachuelo é um fator-chave neste tipo de eventos. A sua bacia drena grande parte da região sul da área metropolitana, e o seu transbordo ou a falta de capacidade de escoamento contribuem para as inundações urbanas.

Vista do Rio da Prata à passagem por Buenos Aires, Argentina.

Além disso, a urbanização acelerada, que inclui a impermeabilização do solo, a baixa capacidade de drenagem e a deficiente manutenção das obras hidráulicas, agrava o impacto quando chegam chuvas de magnitudes como as de ontem, como relatam os afetados.

Outro fator relacionado é o vento sueste (um fenómeno meteorológico comum nesta região), que pode elevar os níveis de água do Rio da Prata e obstruir a saída natural de pequenos cursos de água urbanos para o rio, retardando a drenagem.

Lições a aprender

Para além do curto prazo, que passa pela reparação de estradas inundadas pelas águas das cheias, pela restauração das redes elétricas, pela restauração dos transportes públicos e pelo apoio a quem perdeu veículos, pertences e casas, o debate urgente é outro.

É necessário implementar uma política de uso do solo e de adaptação climática que tenha em conta a possibilidade cada vez mais frequente de eventos de intensidade muito elevada como este.

Caso contrário, os residentes da região da AMBA continuarão à mercê das chuvas e das suas consequências devastadoras. Nas palavras de um dos afetados — entre muitos outros testemunhos dramáticos — "esta não é uma Tecnópolis, mas uma necrópole".