Previsão muda para o que virá após depressão Benjamin: ventos ábregos poderão chegar a Portugal pouco depois

A previsão do tempo mudou radicalmente. Agora, os mapas antecipam o domínio dos ventos ábregos, que se traduziriam na chegada de mais chuva abundante e vento forte a Portugal continental na última semana de outubro.
Esta semana o estado do tempo em Portugal continental tem vindo a ser condicionado pela passagem de sucessivas frentes associadas a depressões atlânticas, a última delas, a depressão Benjamin, que trouxe chuva e vento forte na noite de quarta (22) para quinta-feira (23). Com maior ou menor intensidade, o panorama de precipitação e céu muito nublado tem persistido, resultando em condições meteorológicas de muita humidade e instabilidade.
A presente configuração sinóptica traduz-se numa ampla faixa de centros de baixa pressões (principais e secundários) situados entre a Islândia e a Rússia, e na presença de altas pressões temporariamente mais deslocadas para sul.
Entre as baixas pressões a norte e as altas pressões a sul, têm vindo a ser canalizados sucessivos rios de humidade transportados pelos ventos de Oeste em direção à Península Ibérica, responsáveis pelo tempo abafado, húmido e chuvoso que temos sentido, em particular nas Regiões Norte e Centro de Portugal continental.
Nos próximos dias este panorama meteorológico vai manter-se. Entre o que resta desta quinta-feira (23) e até domingo, 26 de outubro, o estado do tempo em Portugal continental continuará a ser condicionado pelos ventos de Oeste, que arrastam uma massa de ar com conteúdo elevado em vapor de água (rio atmosférico), o que dará origem a mais períodos de chuva forte e persistente, especialmente na sexta-feira (24) e no sábado (25).

Nestes próximos dias a Região Centro é a que tem maior probabilidade de registar acumulados de precipitação mais elevados (entre 50 e 70 mm), logo seguida da Região Norte. Para domingo (26) prevê-se uma estabilização das condições meteorológicas no Norte e no Centro, uma vez que o sistema frontal se deslocará para a Região Sul, onde a chuva poderá ser temporariamente mais forte neste dia até ao início da tarde.
Mapas previam tempo estável e soalheiro a partir de domingo, dia 26, mas o cenário alterou radicalmente
Após a depressão Benjamin e os rios atmosféricos que continuarão - grosso modo - até sábado (25), os mapas previam a mudança para um tempo seco, soalheiro e estável, embora com temperaturas mais frias a partir de domingo, 26 de outubro.
Porém, as mais recentes atualizações das cartas do modelo determinista do ECMWF revelam uma mudança drástica nas previsões, antecipando a continuidade do tempo chuvoso, muito húmido e instável durante praticamente toda a semana vindoura, com alguns poucos períodos de estabilidade.
Se as atuais previsões dos mapas de referência da Meteored se cumprirem, segunda-feira, 27 de outubro, seria o único dia da próxima semana com ausência de chuva no Norte e Centro de Portugal continental (embora essa possibilidade esteja prevista para o Baixo Alentejo e Algarve).
Ventos ábregos poderão impor-se a partir da próxima quarta-feira, 29 de outubro
Para terça-feira (28) vislumbra-se a possibilidade das primeiras linhas de instabilidade associadas a uma depressão formada a oeste do nosso país, começarem a regar as regiões situadas a sul do Tejo, com a chuva a estender-se para norte e a afetar todo o país na quarta (29) e na quinta-feira (30).

Na quarta (29) e na quinta (30) a depressão atlântica, potencialmente alimentada por um novo rio atmosférico carregadíssimo de humidade, ficaria relativamente estacionária sobre o nosso país, gerando vários períodos de chuva persistente e moderada, por vezes forte, o que poderia consequentemente gerar inundações. Para este cenário contribuiriam os chamados ventos ábregos, que começariam a impor-se no nosso país a partir de quarta (29).
Os ábregos são ventos quentes e húmidos do quadrante Sul (normalmente de Sudoeste) que provocam normalmente chuvas fortes, sobretudo na metade ocidental da Península Ibérica e com particular ênfase na sua fachada atlântica, isto é, em Portugal continental e na Galiza.
Indo mais além, entre sexta (31) e domingo (2), os nossos mapas contemplam a possibilidade de os ventos ábregos (ou “chuvosos”) sofrerem uma intensificação em toda a geografia de Portugal continental, deixando rajadas significativamente mais fortes do que nos dias anteriores e ainda mais períodos de chuva abundante e persistente.

É preciso relembrar que, devido à distância temporal da previsão, prevalece uma enorme incerteza em relação à intensidade e distribuição, quer da chuva, quer do vento. Quaisquer ajustes no posicionamento e trajetória dos centros de ação atmosférica - como as depressões e os anticiclones - poderão influenciar as atuais previsões, pelo que deve sempre ter em conta a possibilidade de alterações consideráveis em relação ao estado do tempo nas datas aqui mencionadas.
Dado o horizonte temporal de previsão - superior a uma semana - ainda não é possível confirmar ou descartar a ocorrência deste cenário meteorológico, nem quantificar os valores de precipitação acumulada ou de rajadas de vento com precisão, uma vez que os modelos podem estar a “pecar por excesso”. Porém, é importante ter em conta esta tendência de tempo muito chuvoso, acompanhado de rajadas de vento muito intensas para a semana vindoura.
Desse lado, mantenha-se atento às próximas previsões da Meteored para estar a par dos ajustes que o tempo em Portugal para a semana de 27 de outubro a 2 de novembro possa eventualmente sofrer.