Será esta a nova Bali? O paraíso que divide opiniões

Uma ilha asiática está a ser apontada como a nova Bali, mas enquanto turistas e investidores se entusiasmam, crescem receios sobre o impacto ambiental e cultural do turismo em massa.

Nova Bali
Praias paradisíacas e águas cristalinas tornaram esta ilha asiática um novo ponto de atração turística, mas o crescimento acelerado começa a preocupar ambientalistas e residentes locais.

Nos últimos anos, uma nova ilha do Sudeste Asiático tem vindo a ganhar destaque nas revistas de viagens e nas redes sociais. Com praias de areia branca, mar turquesa e uma paisagem tropical que parece saída de um postal, muitos já lhe chamam “a nova Bali”.

O entusiasmo é palpável: investidores internacionais constroem resorts, influencers promovem o destino e as autoridades locais sonham com um boom turístico. Mas, como aconteceu noutras ilhas da região, nem todos estão convencidos de que seguir os passos da famosa ilha indonésia seja o melhor caminho.

O novo destino da moda

A popularidade desta ilha, cujo nome alguns preferem manter em segredo, para “protegê-la” da invasão turística, começou discretamente, com viajantes em busca de autenticidade.

O que antes era um paraíso tranquilo, acessível apenas por barco, começou a aparecer nos feeds de redes sociais, promovido como o próximo grande destino tropical.

Com a procura, veio o investimento. Novos hotéis e complexos turísticos começaram a surgir, acompanhados por promessas de desenvolvimento económico e emprego.

O aeroporto local, outrora modesto, prepara agora uma ampliação. As estradas estão a ser alargadas, e as praias antes desertas enchem-se de bares e cafés voltados para o turismo internacional.

Para muitos, trata-se de uma oportunidade histórica

O turismo representa uma fonte vital de rendimento e um meio de tirar milhares de pessoas da pobreza. As autoridades locais falam em “crescimento sustentável” e defendem que o turismo pode coexistir com a preservação ambiental.

Contudo, nem todos partilham da mesma visão otimista. Para os críticos, o rótulo de “nova Bali” é mais uma maldição do que uma bênção.

Bali também começou assim: promessas de desenvolvimento, depois vieram a especulação imobiliária, o congestionamento, o lixo e a perda de identidade cultural.
Segundo uma ativista local citada pela BBC.

O receio é que a ilha, ao tentar imitar Bali, acabe por perder o que a torna especial. Organizações ambientais alertam para a pressão crescente sobre os recursos naturais, sobretudo a água e o saneamento, e para o impacto da construção desordenada sobre os ecossistemas costeiros.

Praias
O boom de construção de resorts e infraestruturas promete desenvolvimento económico, mas também levanta dúvidas sobre a sustentabilidade e a preservação da identidade cultural da ilha.

Além disso, há uma preocupação cultural: o rápido aumento de turistas estrangeiros tende a alterar o modo de vida tradicional. Os preços sobem, os terrenos mudam de mãos e as novas gerações começam a abandonar práticas ancestrais em favor de empregos ligados ao turismo. “O turismo é uma faca de dois gumes”, afirma um investigador indonésio citado no artigo da BBC. “Traz rendimento, mas também dependência e desigualdade.”

A lição de Bali

Bali é, sem dúvida, um caso de sucesso, mas também de advertência. A ilha recebe mais de 5 milhões de visitantes por ano e é um dos destinos mais conhecidos do mundo.

No entanto, o crescimento acelerado teve um custo elevado: poluição, falta de água potável, congestionamento e uma sensação crescente de que a autenticidade balinesa está a desaparecer.

O termo “Bali-ficação” tornou-se sinónimo de um modelo turístico baseado na exploração intensiva dos recursos naturais e na transformação cultural. É esse modelo que muitos temem ver replicado noutras partes do Sudeste Asiático.

O futuro incerto

A pergunta impõe-se: é possível ser “a nova Bali” sem repetir os seus erros? Especialistas acreditam que sim, mas só se forem tomadas medidas desde já.

Sustentável
Entre o progresso e a preservação, a “nova Bali” enfrenta o desafio de equilibrar o turismo internacional com a proteção dos seus ecossistemas e tradições ancestrais.

Isso inclui limitar o número de visitantes, promover alojamentos geridos localmente, investir em infraestruturas sustentáveis e proteger as áreas naturais. Alguns projetos pioneiros já seguem essa linha, apostando em eco-resorts, em programas de educação ambiental e em experiências culturais genuínas.

“A nossa meta é atrair turistas conscientes, não apenas visitantes de passagem”, afirma um empresário local.

Ainda assim, o desafio é grande. O apetite global por “novos paraísos” é insaciável, e a pressão económica é forte. Numa era em que uma simples publicação viral pode transformar uma aldeia remota num ponto turístico, manter o equilíbrio entre desenvolvimento e preservação é mais difícil do que nunca.

Entre o sonho e a realidade

Ser “a nova Bali” é, afinal, um título ambíguo: por um lado, representa sucesso e reconhecimento; por outro, carrega o peso de um modelo turístico que muitos consideram insustentável.

Para esta ilha emergente, o futuro dependerá da capacidade de aprender com os erros dos outros, e de resistir à tentação de crescer a qualquer preço. Talvez o verdadeiro desafio não seja tornar-se a nova Bali, mas continuar a ser aquilo que sempre foi: um paraíso único, com alma própria, digno de ser descoberto, mas também de ser protegido.