Uma pequena gota fria poderá quebrar a hegemonia do super anticiclone

O mês de fevereiro começará com algumas mudanças, dado que a crista anticiclónica deverá enfraquecer. Será algo temporário? Irá finalmente chegar a tão desejada chuva? Confira a previsão!

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A chuva poderá voltar a Portugal continental nos primeiros dias de fevereiro, embora seja muito localizada e apenas numa parte do país.

O mês de janeiro despede-se com céu limpo de norte a sul do país, como já vem sendo habitual nas últimas semanas graças ao potente bloqueio anticiclónico que impede a chegada de tempestades. Nos últimos dias, surgiu, inclusive, uma tonalidade no céu mais esquálida devido à presença de poeiras saarianas em suspensão na atmosfera que contribuem para uma deterioração da qualidade do ar e o agravamento de problemas e doenças respiratórias em pessoas mais vulneráveis. Já nas Ilhas o panorama foi distinto, com o surgimento de alguma chuva na Madeira, bem como a provável ocorrência do fenómeno de chuva de lama nos Açores.

Como se não bastasse o prolongado estado do tempo seco e soalheiro, a seca meteorológica já alcançou contornos muito preocupantes em praticamente todo o país, com destaque para as regiões do Algarve e Alentejo, e também para as bacias hidrográficas do Lima, Sado e Barlavento Algarvio. Para já, tudo indica que teremos de esperar pelo menos mais uma semana para falar de uma situação de precipitação generalizadas e abundante, embora haja indícios de que o anticiclone irá ceder momentaneamente nos primeiros dias de fevereiro.

A semana arranca com céu limpo e subida das temperaturas

Hoje as novidades são poucas. O último dia de janeiro reserva a continuidade do fluxo de leste (embora sopre de norte ou nordeste nalgumas partes do país) e a presença de poeiras em suspensão que revelam o céu esbranquiçado. Aparte disso, o mais significativo foi a subida das temperaturas no Continente. Nalgumas localidades ribatejanas, alentejanas e algarvias, tais como Santarém, Évora, Cuba, Beja, Ourique e Faro, os termómetros atingiram ou até mesmo superaram os 20 ºC.

Nos Açores o tempo apresentará alguma variabilidade, com bons períodos de sol, nuvens e chuva (nalgumas ocasiões poderá ser de “lama” graças ao facto da precipitação provocar a deposição das poeiras africanas). Prevê-se também vento forte de Leste com rajadas até 60 km/h. Na Madeira o panorama é semelhante aos Açores em relação às poeiras saarianas dado que ainda persistem concentrações razoavelmente elevadas nesta Ilha. Aqui, também o vento soprará com bastante intensidade com rajadas até 50 km/h.

Amanhã continuará o tempo anticiclónico em Portugal continental, com as temperaturas diurnas a baixarem no Centro e Sul de forma notável. Quanto ao vento, voltará a ser predominante de Leste e aumentará de intensidade em todo o país. Provável formação de geadas, ainda que pouco consistentes no interior Norte, sobretudo em localidades do Nordeste Transmontano e da Beira Alta. As mínimas serão iguais ou inferiores a 0 ºC em cidades como Bragança e Guarda.

A partir de quarta-feira, sol em quase todo o Continente e Açores, chuva na Madeira

Na quarta-feira a crista anticiclónica deslocar-se-á para leste, fixando-se sobre a Península Ibérica e o maior destaque irá para o aumento das temperaturas diurnas, com máximas que se aproximarão dos 20 ºC em várias capitais distritais do Centro e do Sul. Nalguns vales poderá surgir nevoeiro.

Por outro lado, com o avanço de um cavado pelo Atlântico os períodos de chuva ou aguaceiros intensificar-se-ão na Madeira, sendo localmente intensos na Vertente Sul da ilha em localidades como Ribeira Brava.

mapa precipitação europa ecmwf
Alguma instabilidade prevista em meados da semana no Arquipélago da Madeira, acompanhada por vento forte de Leste.

Na quinta-feira a situação deverá agravar-se na Madeira, com a precipitação a intensificar-se em toda a Ilha, registando por vezes aguaceiros localmente fortes. De norte a sul de Portugal continental, é provável que o tempo soalheiro dê lugar a céu nublado, antecipando-se também uma descida ligeira das temperaturas.

Demorará muito para que a crista anticiclónica quebre?

Com base no nosso modelo de confiança, o do ECMWF, é possível que graças à deslocação da crista anticiclónica, possa formar-se uma depressão isolada em altitude (Gota Fria) no sul da Península Ibérica, com potencial de alguma acumulação de água no sábado (5) e domingo (6) na região do Algarve, e de forma mais dispersa no Alentejo.

Apesar disso, de momento não se afiguram perspetivas de depressões de grande impacto, seja de chuva ou até de neve, uma vez que a curto e médio prazo vão continuar a imperar as situações de bloqueio ou de NAO+ (tempestades a circular em latitudes altas).