Risco de chuva de lama nos Açores: a que se deve?

Está iminente um evento de intrusão de poeiras saarianas nos Açores. O aparecimento destas partículas naturais com origem numa região árida poderá despoletar “chuva de lama”. Como? Contamos-lhe tudo aqui!

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Risco de "chuva de lama" nos Açores entre segunda-feira 31 de janeiro e quarta-feira, 2 de fevereiro. A precipitação prevista poderá desencadear a deposição das poeiras provenientes do Saara.

De acordo com as previsões do programa CAMS (Copernicus Atmospheric Monitoring Services), as mesmas poeiras que têm estado a afetar a qualidade do ar em grande parte de Portugal continental e Madeira neste domingo de eleições legislativas, tornando o céu esbranquiçado e num tom mais esquálido que o normal, irão circular até aos Açores nos próximos dias, nomeadamente no período entre segunda-feira 31 de janeiro e quarta-feira, 2 de fevereiro.

As partículas naturais com origem em regiões áridas vão ser transportadas gradualmente por todas as ilhas do Arquipélago açoriano, afetando, em primeiro lugar, as ilhas do Grupo Oriental e posteriormente, os restantes Grupos. Abaixo vemos uma imagem captada este domingo da poeira saariana em Portugal continental.

A intrusão de poeiras saarianas é despoletada pela ocorrência de movimentos verticais ascendentes sobre a região do deserto do Saara que transportam estas partículas para os níveis mais elevados da troposfera. Além disso, a presença de uma circulação favorável à superfície, potenciada pelo fluxo de Leste e pelo posicionamento de um anticiclone a norte/nordeste do Açores, favorece este panorama.

A que se deve o risco de “chuva de lama”?

Ao invés do habitual céu azul a que estamos habituados, presenciar-se-á uma tonalidade distinta, praticamente esbranquiçada. A adicionar a isto, graças à elevada probabilidade de ocorrência de precipitação ao longo dos próximos dias em todas as ilhas açorianas, embora não seja muita, poderá fazer com que se desenvolva “chuva de lama”. Este fenómeno é provocado pela precipitação que, ao cair, depositará boa parte das poeiras em suspensão na atmosfera.

O dia que acumulará mais água “enlameada” nos solos açorianos será já esta segunda-feira, 31 de janeiro, sendo que as ilhas mais condicionadas pelo fenómeno serão as de São Miguel e Santa Maria. Por último, e não menos importante, convém mencionar o vento que soprará forte de leste. As rajadas máximas poderão atingir, pontualmente, 65 km/h, tornando o estado do tempo ainda mais adverso.

Pessoas com doenças respiratórias devem ter cuidado

As poeiras africanas, provenientes do Saara, revelam algumas particularidades. Quando possuem concentrações relativamente elevadas, além de provocarem a deterioração da qualidade do ar e de tornarem o céu turvo, podem causar problemas nas pessoas com doenças respiratórias, ou até mesmo desencadear reações alérgicas.

No caso dos Açores, segundo os nossos mapas de previsão na Meteored Portugal – tempo.pt, as concentrações à superfície das poeiras em suspensão poderão atingir até 30 mg/m3.