Portugal estará sob influência de uma depressão. Mas o tempo manter-se-á estável: entenda porquê!

Nos próximos dias, especialmente a partir de segunda-feira, Portugal continental estará sob influência de um centro de baixas pressões. Contudo, não há previsão de chuva, nem de céu nublado. Saiba mais aqui!

Como temos vindo a avançar, Portugal continuará a registar temperaturas elevadas nos próximos dias, em boa parte do país, assim como dias secos e soalheiros. No entanto, a partir do início da próxima semana, uma depressão barométrica irá fixar-se sob a nossa geografia continental. Quais serão os efeitos?

No vídeo

Podemos observar o surgimento de uma baixa pressão a partir de segunda-feira, sobre a Península Ibérica. As baixas pressões, geralmente, resultam em condições de tempo adverso, no entanto, este pode não ser o caso.

Primeiramente, são vários os fatores que podem contribuir para a inibição dos efeitos das depressões e, neste momento, Portugal conta com alguns, pelo que, apesar desta presença, esperamos dias secos e soalheiros, típicos de influência anticiclónica.

A presença de uma alta pressão secundária pode contrariar os efeitos da depressão

Uma presença anticiclónica pode surgir, temporariamente, dentro ou ao lado de uma baixa pressão. O ar descendente da alta pressão contraria a ascensão do ar na baixa, impedindo a formação de nuvens e precipitação, levando, assim, a condições mais estáveis.

alta pressão vs. baixa pressão
Neste mapa conseguimos observar dois centros de diferentes pressões. Uma alta, o anticiclone dos Açores, e uma baixa, que será a depressão sobre o nosso território.

No entanto, mesmo sem a presença de uma alta pressão secundária, um forte movimento descendente do ar numa área de baixa pressão pode levar à estabilidade. Este ar descendente comprime e aquece, dificultando, mais uma vez, a formação de nuvens e chuva. Esta situação ocorre devido à dinâmica atmosférica vertical e está relacionada aos princípios da termodinâmica do ar em movimento.

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Neste caso específico, temos uma depressão sob a Península Ibérica e o anticiclone dos Açores que ao estender-se, cobre uma parte da área da depressão, o que faz com que os dias permaneçam secos e soalheiros.

A humidade relativa do ar também tem um papel muito importante neste processo

Já percebemos que uma baixa pressão, por si só, pode não causar tempo instável, mas a presença de um anticiclone na área não é a única razão. A baixa humidade do ar também contribui para a inibição dos efeitos de uma depressão, pois não havendo humidade suficiente, não há forma de se criarem nuvens, pois não há vapor de água para condensar quando o ar ascende.

humidade relativa do ar
A baixa humidade relativa do ar pode inibir os efeitos de uma baixa pressão.

Para além disto, temos também o aquecimento por compressão que ocorre quando o ar seco desce na atmosfera. Este aquece e pode contribuir ainda mais para uma menor humidade relativa do ar, resultando numa maior estabilidade atmosférica.

As temperaturas elevadas e persistentes podem ser outro fator importante

Como temos vindo a assistir, Portugal atravessa um período de calor intenso e persistente, em praticamente todo o país. Estas temperaturas elevadas deverão continuar nos próximos dias. Mas qual é a relação entre a temperatura e a pressão atmosférica?

temperatura do ar à superfície
As temperaturas elevadas e persistentes podem, também, inibir os efeitos de uma baixa pressão.

Em casos de temperaturas elevadas e persistentes, como as que estamos a atravessar em Portugal continental, estes valores de temperatura mais altos contribuem para o aquecimento das superfícies em que, caso a humidade do ar seja baixa, como está a acontecer, o ar não terá capacidade para condensar e, mais uma vez, para formar nuvens.

Desta forma, e tendo em conta todos estes fatores que farão parte do cenário atmosférico português, mesmo com a presença de uma depressão ao longo da próxima semana, vamos poder contar com dias secos, quentes e soalheiros.