Este fim de semana Erin transformar-se-á numa tempestade muito forte no Atlântico: eis os potenciais efeitos em Portugal

O ainda furacão Erin atravessará o Atlântico Norte este fim de semana, transformando-se numa tempestade extremamente cavada que deixará um grande temporal de mar e vento: saiba os seus possíveis efeitos em Portugal!
O furacão Erin surpreendeu os meteorologistas há alguns dias, quando se intensificou de forma explosiva, passando da categoria 1 para a categoria 5 em pouco mais de 24 horas. Os ventos sustentados atingiram ou ultrapassaram ligeiramente os 260 km/h no passado dia 16 de agosto, quando o sistema se encontrava a nordeste de Porto Rico.
Erin vai transformar-se numa tempestade muito cavada no Atlântico Norte
O modelo Europeu, utilizado como referência pelo Departamento de Meteorologia da Meteored, prevê que Erin atravesse o Atlântico ao longo deste fim de semana de 23 e 24 de agosto. Ao interagir com um vale depressionário, iniciará a sua fase de extratropicalização, perdendo a maior parte das suas características tropicais e aumentando o seu raio de ação. Isto traduzir-se-á na geração de ventos com força de furacão em redor do seu centro, chuvas intensas e uma forte agitação marítima em pleno Atlântico Norte.

Embora alguns cenários tivessem previsto a sua aproximação à Europa e até mesmo a Portugal continental e Espanha peninsular em meados da próxima semana, o ex-furacão Erin será absorvido por um vale depressionário de dimensão considerável. Os mapas apostam que o ex-Erin se irá manter entre a Islândia e as Ilhas Britânicas, onde ganhará intensidade gradualmente. As mais recentes previsões sugerem que atravesse o arquipélago britânico, já muito enfraquecido, no final da última semana de agosto.
É importante relembrar que é bastante frequente que antigos furacões, impulsionados pela corrente de jato polar, chegam ao continente europeu sob a forma de tempestades (ou depressões) cavadas. Neste caso, o que é mais chamativo, é o facto de acontecer na segunda quinzena de agosto, algo que é raro, dado que é invulgar ver uma depressão tão cavada no Atlântico Norte nesta altura do ano.
Refira-se ainda que, a partir das 06:00 da manhã deste sábado, 23 de agosto, Erin já não será mais um furacão, mas sim um poderoso ciclone extratropical (vento máximo sustentado 139 km/h e rajadas de vento até 167 km/h), ou seja, uma típica depressão das latitudes médias, que será extremamente forte para esta época do ano. E, claro, não vai atingir diretamente Portugal.
Potenciais efeitos indiretos do ex-furacão Erin em Portugal
Não obstante, os mapas meteorológicos antecipam a possibilidade de que o ex-Erin provoque efeitos indiretos no nosso país. Esta situação é expectável pois o ainda furacão Erin (atualmente categoria 1) irá sacudir a corrente de jato polar, provocando ondulações significativas no mesmo.
Uma destas ondulações irá soltar-se da circulação geral da atmosfera, ficando completamente isolada sobre a Península Ibérica, e originando uma depressão isolada em altitude no domingo, 24 de agosto. Nos dias posteriores poderemos sentir alguns (mas não todos) os seus efeitos indiretos. Por exemplo, a precipitação não deverá ser um dos principais efeitos (embora possa chover de forma esporádica e residual).

Se a atual previsão se mantiver, a agitação marítima e o vento serão dos principais efeitos a ter em conta, além de uma eventual chuva residual e temperaturas mais frescas. A ondulação poderá tornar-se agreste e atingir a faixa costeira ocidental, especialmente no litoral Norte e Centro, a partir da próxima terça-feira, 26 de agosto.
Algumas ondas isoladas poderão ultrapassar os 7 metros no litoral Norte (distritos de Viana do Castelo, Braga e Porto) e atingir entre 5 a 6 metros na restante faixa costeira ocidental de Portugal continental (de Aveiro até Faro). A agitação marítima poderá manter-se forte (embora a diminuir gradualmente de intensidade) ao longo de quarta-feira, dia 27.
Outro dos efeitos indiretos será o vento: tanto na terça (26), como na quarta-feira (27), preveem-se rajadas fortes (50 a 60 km/h), sobretudo durante a tarde, nas terras altas do Norte e Centro (Vila Real e Guarda), no litoral Oeste (Leiria e Lisboa), no litoral alentejano (Setúbal e Beja) e no Barlavento Algarvio.