O melhor modelo divide novembro em duas partes: “na segunda quinzena poderá haver alterações na circulação atmosférica”
O mês de outubro vai despedir-se com um episódio de chuva abundante de lés a lés de Portugal. Para saber se este período húmido e instável vai continuar em novembro, eis a nossa análise ao que prevê o modelo de referência da Meteored.

Outubro vai despedir-se de Portugal com um comboio de depressões e frentes que despejarão chuva em quase todo o território, e que será especialmente considerável nas Regiões Norte e Centro, onde nalgumas zonas ultrapassará localmente os 200 mm. No entanto, o frio vai demorar a chegar, pois com o tempo chuvoso a atmosfera permanecerá amena, apesar de alguns altos e baixos na temperatura.
Deixamos para trás um mês que nos deixou com temperaturas bem elevadas para esta época do ano e precipitação muito irregular, sendo especialmente intensa nas regiões a oeste da Barreira de Condensação. Em vésperas de novembro, o modelo Europeu, considerado o mais fiável pelos especialistas, acaba de atualizar as suas tendências para o penúltimo mês do ano.
Como costuma ser novembro, o último mês do outono climatológico
Novembro é o último mês do outono climatológico, uma estação que de acordo com a Climatologia inicia a 1 de setembro e termina a 30 de novembro. As temperaturas médias são inferiores às de outubro entre 3 e 4 ºC no litoral e entre 4 e 5 ºC no interior. A descida é mais moderada nas regiões do litoral, e nos arquipélagos (2 ºC), graças ao efeito termorregulador do oceano.
Nas zonas montanhosas as geadas tornam-se mais frequentes e fortes, e vários locais do interior Norte e Centro, destacando-se especialmente o Nordeste Transmontano, a Beira Alta e a Serra da Estrela, costumam registar temperaturas inferiores a 5 ºC durante a noite. Por outro lado, no Algarve, nos Açores e na Madeira é comum que as temperaturas atinjam entre 19 e 23 ºC durante o dia.
É um mês muito chuvoso na maioria das regiões portuguesas
No que diz respeito à precipitação, em novembro o vento de Oeste tende a prevalecer, com depressões e frentes atlânticas que deixam chuva em grande parte do país, sobretudo no Norte e Centro. Porém, nesta altura do ano, também é possível assistir a anticiclones de bloqueio persistentes (anticiclones que duram várias semanas) e que resultam em tempo muito estável, seco e frio. Bolsas de ar frio ou depressões isoladas em altitude também podem surgir, embora não sejam tão comuns.

É um dos três meses mais chuvosos do ano no seu conjunto em quase todos os distritos, estando mesmo em primeiro lugar nos distritos de Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria, Santarém, Lisboa, Setúbal e Évora, segundo a normal climatológica de 1991-2020. Só nos distritos de Braga, Bragança e Viseu é que novembro não figura entre os três meses mais chuvosos do ano.
Não há sinais de um episódio de frio intenso na primeira quinzena de novembro
As últimas previsões do nosso modelo de confiança indicam, para o período entre 1 e 9 de novembro, a persistência de um ambiente temperado ou ameno, com temperaturas que poderão estar entre 1 a 2 ºC acima da média para esta época do ano em Portugal continental, estando as anomalias térmicas mais acentuadas (+2 ºC) previstas para o interior Norte e Centro (distritos de Vila Real, Viseu, Bragança e Guarda) e zonas fronteiriças da Beira Baixa e do Alentejo. São expectáveis anomalias mais suaves no arquipélago da Madeira e em grande parte do arquipélago dos Açores (até 1 ºC acima do normal).

De 10 a 16 de novembro, espera-se que as anomalias fiquem mais moderadas em grande parte do território de Portugal continental, com valores térmicos até 1,5 ºC superiores à média. Para o arquipélago dos Açores e em grande parte do arquipélago da Madeira prevê-se um cenário com temperaturas dentro do normal. Quanto à segunda quinzena de novembro, o panorama poderá normalizar-se, com os mapas a anteciparem, neste momento, temperaturas típicas da estação, isto é, dentro dos valores médios da normal climatológica de referência.
Um novembro de 2025 muito chuvoso? Eis o que diz o modelo Europeu
No que diz respeito à chuva o cenário torna-se mais complexo e complicado de prever, dado que estamos numa estação extremamente variável e só é possível fazer algumas aproximações ou tendências muito gerais. Até 10 de novembro, o modelo Europeu prevê precipitação superior à média da época de norte a sul de Portugal continental, sendo especialmente abundante nas regiões a norte do Tejo (Norte e Centro) e em algumas zonas do Ribatejo e do Alto Alentejo, onde se vislumbram anomalias de precipitação positivas bastante expressivas (mais de 50 mm acima do normal).
Mesmo para as restantes regiões do Continente, grosso modo situadas a sul do Tejo, também se perspetivam anomalias de precipitação elevadas, estando previstos valores entre 30 e 50 mm acima do habitual na Grande Lisboa, Península de Setúbal, Alentejo Central, Baixo Alentejo e metade norte do Algarve. Apenas para a metade sul do Algarve se deteta uma anomalia de precipitação ligeiramente inferior em relação às restantes, mas mesmo assim expressiva: entre 20 e 30 mm acima dos valores médios de referência.

Nos Açores prevê-se um cenário bem mais seco do que o habitual (anomalias de precipitação negativas), isto não significa que não vai chover, mas sim que a ocorrência de precipitação será bem mais esporádica em relação ao que é normal neste arquipélago. Já para a R.A da Madeira vislumbra-se um tempo mais húmido do que o normal (+5 a +20 mm).
Após esta forte circulação de depressões e frentes atlânticas, o modelo Europeu pressente a possibilidade de que em torno dos dias 10 a 12 de novembro comece a dar-se uma alteração do padrão, sendo que à data de hoje o cenário mais provável é um padrão de bloqueio.
Deste modo, o panorama para a segunda quinzena de novembro poderá mudar, com uma corrente de jato polar mais ondulante e a possibilidade de subida em latitude de centros de altas pressões. Não obstante, esta tendência ainda será atualizada nos próximos dias na Meteored.