Medições das emissões de metano a nível global de instalações de petróleo, gás e carvão com recurso a dados de satélites

A tecnologia de deteção remota pela constelação de satélites GHGSat (Greenhouse Gas Emissions Monitoring Service), permite uma monitorização global das emissões de metano provenientes de instalações de petróleo, gás e carvão.

Satélites
Atualmente dados obtidos por determinados satélites de alta resolução permitem a monitorização a nível global das emissões de metano.

Um estudo publicado na revista Science demonstra a utilidade das observações de satélite de alta resolução que fornecem informações úteis para diversos fins, inclusivamente para indústrias que procuram descarbonizar as suas atividades.

Emissões globais de metano do setor energético

O estudo realizado por investigadores da GHGSat, do Instituto Holandês de Investigação Espacial SRON e da Carbon Mapper, baseia-se em dados da constelação de satélites GHGSat, líder mundial para quantificar as emissões de metano de milhares de instalações industriais em todo o mundo.

A GHGSat está a expandir a sua constelação e, até à data, lançou já 16 satélites, que rastreiam as emissões de milhares de instalações anualmente, o que permite uma melhor cobertura, tanto espacial quanto temporal, permitindo detetar mais emissões e monitorizá-las com mais frequência.

O metano é o segundo gás de efeito de estufa que contribui para o aquecimento global, estando o dióxido de carbono em primeiro lugar.

Uma elevada quantidade das emissões de metano vem do setor energético, muitas vezes de fontes pontuais concentradas, como chaminés de queima, carvão e minas a céu aberto.

Gases de efeito de estufa
O metano é o segundo gás de efeito de estufa que contribui para o aquecimento global.

A fim de se mitigar o aquecimento global, através da redução dessas emissões de metano, é fundamental a identificação das diferentes origens a nível global e é nesta área que este estudo deu um contributo muito importante.

Foi assim produzido uma visão global, ao nível das instalações, das emissões de metano, com identificação de milhares de locais individuais de petróleo, gás e carvão que estão a libertar o gás de efeito estufa na atmosfera da Terra.

Com recurso a observações de alta resolução da constelação de satélites GHGSat, os autores deste estudo elaboraram a primeira estimativa global em rede das emissões anuais de metano a partir de milhares de instalações industriais em todo o mundo.

Este resultado é útil para melhorar a compreensão e as previsões das emissões de metano e, portanto, fornecer informações úteis para orientar os esforços de mitigação. O estudo fornece informações valiosas sobre o comportamento das emissões de metano nos setores de petróleo e gás e carvão.

Os investigadores estimaram que cerca de 9 milhões de toneladas de metano foram emitidas em 2023, a partir de 3.114 instalações de petróleo, gás e carvão em todo o mundo.

A constelação de satélites GHGSat combina alta resolução espacial (cerca de 25m), boa sensibilidade (limite de deteção da ordem de 100 kg por hora) e boa cobertura (2,4 milhões de km2 observados em 2023).

Países e persistência das emissões de metano

Os países onde foram medidas as maiores emissões de metano proveniente do petróleo e do gás são o Turquemenistão, os EUA, a Rússia, o México e o Cazaquistão, enquanto a China e a Rússia são os países com maiores emissões derivado do carvão.

Ao avaliar a persistência, ou a frequência com que um determinado local foi encontrado a emitir, a análise constatou que os locais emissores de petróleo e gás tinham uma taxa de persistência de aproximadamente 15%, em todo o mundo, enquanto os locais de carvão apresentavam taxas de persistência de quase 48%.

Estas descobertas confirmam que as fontes de emissão de petróleo e gás são muito mais intermitentes e imprevisíveis do que outros setores, um padrão que tem implicações importantes para os esforços de mitigação. Compreender a frequência com que as instalações emitem metano permite esforços de inspeção e reparação mais eficazes.

Metano
As fontes de emissão de petróleo e gás são muito mais intermitentes e imprevisíveis do que outros setores

A constelação de satélites da GHGSat, que foram concebidos para apoiar os decisores na luta contra as emissões, identificam a origem de fugas de metano tão pequenas, que chegam a ser inferiores a 100 kg/h, muitas vezes até ao nível de equipamentos individuais. Esta informação permite à GHGSat alertar os operadores sobre as emissões poucas horas após a deteção.

A publicação desta investigação sublinha a importância crescente da medição direta no avanço da compreensão global do metano, um gás com efeito de estufa responsável por cerca de um terço do aquecimento atual.

Os decisores políticos e as partes interessadas da indústria exigem cada vez mais dados precisos e verificados sobre as emissões, e este trabalho ilustra como as medições derivadas de satélites contribuem diretamente para inventários mais precisos e estratégias de mitigação mais eficazes.