Há data para o regresso do calor e tempo estável a Portugal? Saiba o que revelam os mapas da Meteored

O modelo de referência da Meteored prevê mais uma semana de temperaturas frescas, mas com uma grande tendência para o domínio da estabilidade atmosférica. Saiba quando esperar a chegada do calor quase de verão a Portugal!
Há várias semanas que o nosso país está à mercê de sucessivas frentes e depressões devido a um bloqueio anticiclónico nas latitudes altas. A persistência deste padrão em termos de duração tem sido notável, forçando as tempestades que se formam no Atlântico a deslocarem-se para latitudes mais meridionais (sul), o que acaba por se traduzir na nossa geografia.
Nesta época do ano as depressões cavadas já não chegam até nós com os temporais típicos de inverno. Em vez disso, o ar frio associado em altitude gera instabilidade devido ao forte aquecimento das superfícies continentais. Isto reflete-se na quantidade de chuva acumulada de norte a sul de Portugal continental, sobretudo em regiões como Algarve e Alentejo, tipicamente mais secas e expostas quase anualmente à escassez da água.
Estas regiões meridionais da nossa geografia manifestam nesta altura de 2025 valores impressionantes no que toca aos recursos hídricos e à cor verde e florida dos campos. Perante este panorama, e à medida que a reta final da primavera se vai aproximando, o artigo procurará explicar se o verão climatológico irá finalmente prevalecer nas semanas vindouras.
A próxima semana continuará fresca, mas provavelmente muito menos instável
Na previsão da próxima semana (12-18 maio) o modelo Europeu, referência de confiança para a Meteored, antecipa uma continuidade do tempo frio em quase todo o território português. Entre segunda (12) e domingo (18) espera-se que as temperaturas registem valores inferiores à média em toda a geografia de Portugal continental, com exceção do Minho e Grupo Central dos Açores (temperaturas dentro dos valores médios de referência da normal climatológica) e Oriental dos Açores (ligeiramente acima do habitual).

As anomalias situar-se-ão entre -1 e -3 ºC em grande parte da geografia do Continente. No arquipélago da Madeira, no litoral Norte e Centro e algumas zonas do interior Norte e no Grupo Ocidental dos Açores também haverá uma ligeira anomalia negativa de temperatura (até 1 ºC inferior ao normal para estas datas).
Ao longo da próxima semana, o bloqueio de altas pressões situado sobre as Ilhas Britânicas e a Islândia não só irá manter-se, como também se fortalecerá, com máximos de pressão barométrica superiores a 1025 hPa.
Este panorama atmosférico provocará a chegada de ar frio a camadas médias da troposfera em direção à nossa latitude, permitindo a pontual ocorrência de aguaceiros fortes e trovoadas ao final da manhã e meio-dia ou durante a tarde.
No entanto, em termos gerais, parece que a estabilização atmosférica - tempo seco e geralmente pouco nublado ou soalheiro - terá tendência a ser dominante na maioria dos dias.
Prevê-se que o calor que faz "lembrar o verão" chegue a partir desta data a Portugal
Os mapas do modelo de referência da Meteored já estão a antecipar uma data para o término deste tempo frio e variável, marcado por diversos períodos de instabilidade. O anticiclone regressará à sua posição habitual sobre o arquipélago dos Açores, com a crista associada a condicionar decisivamente o estado do tempo em Portugal continental em grande parte da segunda quinzena de maio e nos primeiros dias de junho.
De facto, os mapas apostam num período que fará lembrar a estação estival (verão) entre os dias 19 e 26 de maio em Portugal continental, com anomalias de calor de +1 a +3 ºC. Tudo indica que a corrente de jato polar continuará a apresentar ondulações significativas. Porém, o Sudoeste Europeu permanecerá sob as suas ramificações ascendentes, o que se traduziria na subida em latitude de massas de ar tropical marítimo ou ar tropical continental.

A crista que subiria em latitude procedente do Norte de África (ar tropical continental) poderia refletir-se numa subida acentuada das temperaturas, com as máximas a subirem rapidamente de 25 para 30 ºC em grande parte das regiões do litoral e talvez acima dos 30 ºC nalgumas zonas do interior, desde vales e montanhas até às planícies.
A variável da precipitação é muito mais complexa de prever, o que torna substancialmente mais difícil afirmar por quantos dias irá o tempo manter-se estável ou instável. Isto estará diretamente relacionado com os padrões de circulação atmosférica de grande escala (mais fáceis de prever) e os sistemas de menor escala (mais difíceis de prever no curto prazo e com importantes variações entre regiões próximas).
Vai ser preciso esperar uma vez que o grau de incerteza é diretamente proporcional ao horizonte temporal da previsão meteorológica, isto é, é tanto maior quanto maior for o prazo da previsão.