O “bloqueio meteorológico” continuará até ao final de maio na Europa, e em Portugal terá estes efeitos
Altas pressões vão continuar a desviar o fluxo de tempestades em latitudes médias e altas em torno do Atlântico leste e da Europa, situação que parece destinada a continuar até ao final de maio. Saiba o que esperar do tempo em Portugal!

Como previsto, a primeira quinzena de maio na Europa está a passar sob a influência de um padrão de bloqueio relativamente persistente no Atlântico leste.
Esta situação é caracterizada por um anticiclone em crista muito longo, e deslocado para as latitudes altas, que se estende a oeste do continente europeu e vai impedindo a típica circulação da corrente de jato polar pelo noroeste do mesmo, ladeando o anticiclone em crista e impulsionando o ar frio para as latitudes baixas que se situam nos flancos do anticiclone em crista.
Porém, embora um padrão de bloqueio tão robusto possa ser previsto com dias ou mesmo semanas de antecedência, estas pequenas depressões (ou tempestades) e outros fenómenos de menor escala podem escapar ao horizonte de uma previsão de mais de 4 ou 5 dias. Deste modo, aconselha-se o seguimento do panorama meteorológico dia a dia, dado que as condições meteorológicas ficam à mercê destes sistemas menores, que são os que, de facto, nos afetam de uma forma mais direta.
De momento, os modelos de larga escala de médio e longo prazo são bastante claros: este padrão de bloqueio irá manter-se também durante uma boa parte da segunda quinzena de maio. Aliás, tudo indica que a crista anticiclónica terá tendência a consolidar-se e também a aproximar-se do continente europeu sem sair das latitudes altas, o que poderá provocar mudanças à medida que a segunda quinzena do mês progredir em Portugal.
A probabilidade de ocorrência de aguaceiros e trovoadas é elevada
Para já, as massas de ar frio continuarão a deslocar-se pelo sul do continente e a contribuir para a formação de mais depressões. Estes sistemas depressionários vão continuar a atingir de forma significativa tanto Portugal, como a vizinha Espanha.

Ao longo deste fim de semana de 10 e 11 de maio, uma das referidas depressões, provavelmente uma gota fria (ou depressão isolada em altitude) de muito curta duração, estará situada a norte da Península Ibérica, continuando a contribuir para um estado do tempo condicionado pelo desenvolvimento de aguaceiros e trovoadas, distribuídos geograficamente de uma forma irregular.
Mais significativa e anómala é a tempestade que se prevê que irá desenvolver-se no Norte de África durante a próxima semana. A tempestade irá movimentar-se em direção ao Mediterrâneo central, afetando vários países dessa área do continente.
Mais à frente em termos cronológicos, a incerteza na previsão meteorológica aumenta consideravelmente, mas não é impossível que pequenos vales depressionários ou até mesmo uma depressão possam descrever trajetórias semelhantes e alterar o estado do tempo em Portugal.
Reforço do anticiclone em crista a longo prazo. O que poderá acontecer?
Longe de este bloqueio se desvanecer ou dissipar com o passar dos dias, os modelos a longo prazo intuem uma importante estabilização atmosférica e o fortalecimento do anticiclone em crista com o início da segunda quinzena de maio, sendo expectável uma possível contribuição de ar quente para todo o sistema e em todas as camadas da atmosfera.
Em princípio, abrir-se-ão deste modo vários caminhos para a evolução da situação meteorológica na Península Ibérica, dois deles bastante prováveis com este tipo de configuração sinóptica.

O primeiro cenário aproxima esta grande crista anticiclónica da Europa Ocidental, facilitando um panorama mais quente e estável, embora sem grandes entradas de ar quente por enquanto.
O segundo cenário “corrói” esta crista anticiclónica a sul e oferece-lhe uma maior importância nas latitudes altas, um panorama que seria mais favorável à chegada de novas massas de ar frio às imediações de Portugal e, portanto, uma evolução rumo a uma situação meteorológica mais fria e instável, semelhante à desta última semana, mas com temperaturas ligeiramente mais elevadas.
Deste modo, é de realçar que, apesar da grande incerteza presente nas pequenas escalas, tudo indica que o padrão de circulação atmosférica de grande escala sobre a Europa terá tendência a manter uma evolução bastante semelhante.