Novembro de chuvadas e trovoadas!

No mês que agora está a terminar, os céus escurecidos e carregados de nuvens Cumulonimbus, têm-se feito acompanhar de relâmpagos e trovões, que nos lembram quão imponente e admirável é o sistema climático do nosso planeta!

Quando no interior das nuvens de tempestade, há excesso de carga eléctrica, ocorre a necessidade dessas cargas serem libertadas.

Por serem fenómenos que não conseguia perceber, as tempestades e os relâmpagos / trovões em particular, (trovão provém do latim turbone que significa «tempestade») sempre suscitaram curiosidade e contemplação ao Homem, acreditado personificarem as manifestações negativas dos deuses como uma espécie de castigo divino. E este “respeito” persistiu, embora redimensionado, ao longo dos tempos, considerando que, quer em narrativas, quer cinematograficamente (inclusive na actualidade), é associada a utilização de tempestades com trovões, em cenas que pretensamente demonstrem mistério ou suspense.

Foi só no século XVIII que, com uma experiência de Benjamin Franklin, com um papagaio de papel, foi atribuído cariz científico à ocorrência dos fenómenos dos raios, como sendo uma demonstração natural de energia. Foi então percebido, que se tratam de descargas eléctricas que ocorrem entre as nuvens e o solo, sendo que essa produção de calor se traduz sob duas dimensões, na forma de luz, através do chamado relâmpago, e na forma de som estridente, a que chamamos trovão.

Ora, as nuvens formam-se a partir da condensação do vapor de água presente nas camadas de ar da atmosfera. E é justamente com o vapor condensado em gotas de água e diferentes tipos de partículas de gelo, que, quando agregados, se tornam visíveis sob a forma de nuvem. E, a diferença entre uma nuvem de tempestade e as demais reside essencialmente na sua grande extensão vertical, assim como, por se constituir de fortes correntes de ar verticais, estando dependentes da humidade do ar e da instabilidade atmosférica - a variação da temperatura em altura.

Estas massas podem representar-se de modo isolado, ou agregadas num intenso grupo tempestuoso causando forte precipitação.

Na generalidade do território nacional

Os céus têm estado povoados de cerrados grupos de nuvens, dentro das quais, bruscas correntes de ar geram fricção entre as gotas de água e o gelo, levando à formação e acumulação de eletricidade estática, sendo que, no topo das nuvens se vão acumulando as cargas eléctricas positivas, e na zona inferior as negativas. Ora, quando a acumulação de cargas negativas atinge um valor elevado e não mais comportado por um equilíbrio naturalmente inerente, gera-se uma descarga eléctrica sobre a aparência de raios, visíveis como relâmpagos luminosos, os quais se podem dirigir ou para a área superior da nuvem ou para o solo.

O que acontece é que, os raios aquecem instantaneamente o ar e o vapor nele presente durante o seu percurso, obrigando-os a uma expansão brusca, seguida de um igualmente rápido arrefecimento e inerente contracção. E, este aquecimento é tal modo potente que origina uma violenta explosão, ouvindo-se aí então um som vibrante, o trovão.

Uma mesmo que ténue alteração no peculiar equilíbrio que caracteriza o sistema climático, acciona um imediato efeito de reequilíbrio - no interior das nuvens começam a ocorrer batalhas, colisões entre poderosas correntes de ar ascendente e descendente, que se descomprimem manifestando-se na ocorrência de precipitação sob a forma de chuva e granizo (ou até neve), de tal modo intensa que tem a capacidade de alagar os locais onde incide, como temos verificado nos últimos dias!

Ou seja, as trovoadas fazem igualmente parte do reequilíbrio atmosférico, mas não devemos esquecer que a velocidade a que o som e a luz se propagam são descomunalmente diferentes, e por isso, por cada 3 segundos que passem entre a luz de um relâmpago e o som de um trovão, significa que este fenómeno estará somente a cerca de 1km de distância, pelo que convém ter cuidado!