Alfredo Graça avança com a previsão do tempo para Portugal em julho: "os mapas da Meteored antecipam semanas duras"
O tempo abrasador de verão ainda agora começou e já estamos a viver a primeira onda de calor. Se pensa tirar férias em julho em Portugal, saiba o que esperar da meteorologia para as próximas semanas!

Para trás fica um mês de junho em que podem ter sido quebrados alguns registos numa parte significativa de Portugal continental, com valores mais típicos de onda de calor a serem noticiados como recorde para a época do ano, ontem, em vários meios de comunicação social portugueses. Além disto, o Mediterrâneo está a registar temperaturas à superfície do mar que são recorde para estas datas, o que tem uma série de impactos no estado do tempo e nos padrões climáticos habituais.
Tampouco devemos esquecer as tempestades (aguaceiros, granizo e trovoada), que são recorrentes e, os registos térmicos extremos, com potenciais recordes a terem sido quebrados no passado domingo, 29 de junho, como por exemplo, em Mora (Évora). Por todas estas razões, muita gente está atenta à previsão do tempo em julho, que é também um dos meses em que se tira férias, por excelência, em Portugal.
O que revela a climatologia acerca do mês de julho em Portugal?
Julho não possui muitos segredos para os portugueses. Tendo em conta a normal climatológica utilizada como referência, a temperatura média (22,5 ºC), conta-nos que julho é um mês praticamente tão quente e seco como agosto à escala do Continente, sendo superado por este último em apenas duas décimas.
São ambos meses da estação estival, e, por isto, não surpreende que julho, mês de pleno verão, costume ser bastante quente e seco. No que diz respeito à precipitação média acumulada, o valor de julho costuma rondar os 12 mm.
Julho é conhecido também por ser um mês de calor intenso ou extremo, com registos de temperatura que, por vezes, podem atingir ou ultrapassar os 45 ºC. Por exemplo, em 2022, foi atingido o recorde de temperatura para julho em Portugal continental (47 ºC no Pinhão).
Por outro lado, apesar da chuva ser normalmente escassa no sétimo mês do ano, algumas zonas da nossa geografia continental podem ficar expostas a trovoadas violentas e à queda de granizo.
Preveem-se ondas de calor? Eis em que aposta o modelo Europeu
Por estes dias, tal como já tínhamos alertado atempadamente na Meteored, o mês de junho e o início do mês de julho trouxe-nos a exposição a um episódio de temperaturas muito elevadas, com direito a avisos amarelo, laranja e inclusive vermelho lançados pelo IPMA, que corroboram a onda de calor ou episódio de tempo (muito) quente que a nossa equipa já vinha avisando durante toda a semana passada.

A posteriori, após registo e recolha, verificação e validação dos dados, é que será possível realmente confirmar se esta foi mesmo a primeira onda de calor do verão de 2025.
Para já, o modelo Europeu é claro. Além dos primeiros dias do mês, que serão abrasadores, no resto de julho os mapas sugerem que as temperaturas poderão estar entre 1 a 3 ºC acima da média em boa parte da geografia do Continente luso.
Julho é, normalmente, o período de trinta e um dias mais quente em várias zonas do nosso país, pelo que, do ponto de vista do calor normal de verão, é expectável que as próximas semanas sejam duras, sobretudo, naquelas onde o calor já é, por norma, mais sufocante: no interior Norte e Centro e do rio Tejo para sul (Alentejo, Algarve e outras zonas).
Nos litorais Norte, Centro e Oeste, na metade ocidental do Algarve (Barlavento, mas em particular Sagres e mais alguns municípios) e nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira as anomalias de calor poderão ser mais suaves ou moderadas, com valores até 1 ºC acima da média para o período.
Irá julho ser um mês com muitos aguaceiros e trovoadas em Portugal?
A previsão da variável precipitação é substancialmente mais complexa, sobretudo na segunda metade da primavera e durante todo o verão. A chuva tende a escassear em quase todo o território de Portugal no sétimo mês do ano, com exceção de certas zonas onde, pontualmente, é mais forte e localizada, e também nos Arquipélagos, especialmente o dos Açores, onde a pluviosidade é comum durante todo o ano, mesmo que nalgumas estações seja menos frequente do que noutras.
Porém, as tempestades desta época do ano podem provocar grandes desequilíbrios hídricos (do ponto de vista hidrológico), uma vez que provocam, por vezes numa questão de minutos ou horas, grandes acumulações à escala local e ainda fenómenos meteorológicos adversos como o granizo, os deslizamentos de terra, desabamentos e ainda fenómenos extremos de vento como os downbursts, entre outros tantos possíveis.

Os mapas não apostam numa tendência definida para as próximas semanas, sendo esta uma situação que se aplica tanto a Portugal continental como às Ilhas dos Açores e da Madeira.
Mesmo assim, tudo indica que a crista anticiclónica será bastante persistente na metade oeste (ou ocidental) do Mediterrâneo. A possibilidade de chegada de mais bolsas de ar frio existe, e isto, provocaria, potencialmente, novos episódios de aguaceiros e/ou granizo e talvez trovoada em várias regiões.