O efeito do vento no oceano

Ocupando 71% da superfície do planeta, o manto oceânico desempenha preponderante papel na regulação do clima e por inerência da vida, uma vez que, o processo fotossintético desenvolvido pelos microorganismos aquáticos, liberta 70% do O2 presente na atmosfera. Saiba tudo aqui!

As ondas geradas por ação do vento têm tipicamente uma altura de 3m e o seu período varia de 1 a 30s, podendo em, eventos tempestuosos, exceder os 6m.

Como parte integrante do sistema climático da Terra, o oceano personifica um papel fundamental e multifacetado. Considere-se que mais de metade da radiação solar que atinge a super­fície terrestre é absorvida diretamente pelo oceano, onde é armazenada e redistribuída através das correntes oceânicas, sendo que parte desta energia térmica é também libertada para a atmosfera sob a forma de calor latente, evaporação.

Na interface oceano-atmosfera, o recíproco contacto de fluídos traduz-se em modificações na superfície do mar relativas a temperatura, salinidade e densidade. Este mecanismo de redistribuição energética reflete-se através do movimento nas massas de água, dirigido pelo vento, em circulação horizontal, ou pela densidade da água, quando em circulação vertical ou termo-halina.

Quando produzidas pela força motriz dos ventos, movimentos da crusta e forças astronómicas, as ondas oceânicas representam uma dinâmica onde a gravidade e a capilaridade atuam como forças restauradoras do nível do mar.

Não sendo completamente plana, a superfície do mar possui ligeiras irregularidades que criam pequenas elevações e depressões, sendo que, quando o ar passa sobre essas cristas e vales, devido às variações de pressões, formam-se ondas. E, na colossal liberdade do alto-mar, as ondas oceânicas formam-se em todas as direcções possíveis, navegando até à costa e aí se propagando perpendicularmente à praia, quebrando de forma paralela na areia.

O que fomenta o surgimento de ondas?

A formação de ondas oceânicas advém de uma panóplia de variáveis, conjugadas ou isoladas. Elas surgem por efeito de forças de superfície, geralmente meteorológicas, como precipitação, evaporação, radiação, gradiente de pressão atmosférica, tensão de cisalhamento do vento, (…), ou decorrentes das chamadas forças de corpo, marés, gravidade, rotação, (…).

Fenómeno que decorre da manifestação de forças verticais que actuam na água tendencialmente deformando-a, contra as acções da gravidade e da tensão superficial. Logo que a deformação ocorre, a força gravítica e a tensão superficial actuam de modo a restabelecer a superfície da água, de volta para a sua posição de equilíbrio.

Refira-se que, o movimento das moléculas de água abaixo de uma onda é diferente do próprio movimento da onda. Uma onda pode viajar de um ponto para outro do oceano, porém as moléculas de água não vão a parte alguma. Estas simplesmente sofrem ondulações cíclicas, subindo, e indo para frente com a aproximação da crista de onda, e descendo e indo para trás após a sua passagem. Um processo denominado de movimento orbital da água, o qual decresce com a profundidade, sendo que, à medida que a onda se propaga, o seu movimento oscilatório permanece, devido à interacção da força gravítica com a inércia das massas de água.

A maior atividade de ondas ocorre entre as latitudes 30 e 60⁰, de ambos os hemisférios.

Quando geradas diretamente pelo vento, as ondas superficiais gravíticas, dividem-se em dois tipos, as wind waves, as vagas, que são ondas geradas por ventos locais, desordenadas e de pequena amplitude, e o swell, ondas de maior amplitude, geradas a grandes distâncias, e com uma forma mais regular. A sua velocidade depende do comprimento da onda e da profundidade da coluna da água. Assim, quanto maior o comprimento de onda, mais rápida é a onda, e quanto mais raso o local, mais lenta é.

Aludam-se as 5 variáveis que caracterizam as ondas! A altura, representando a diferença de altitude entre as partes altas, as cristas e as baixas, as cavas. O comprimento, que mensura a distância horizontal entre dois pontos homólogos (cristas ou cavas) consecutivos. O declive, diga-se a relação ente comprimento e altura. O período, a cronologia temporal que demora a passar uma onda completa, e a frequência, ou o número de cristas ou cavas que passam num dado ponto, num minuto.

O efeito do clima no tamanho das ondas

A imensidão do oceano desempenha um papel determinante como termorregulador climático. O crescente aumento da TSM que se tem vindo a constatar, infere quer no movimento das massas de ar, quer na energia transportada nas ondas oceânicas, reflectindo-se em alterações nos padrões dos ventos e criando ondas mais fortes. Monitorizações a nível planetário demonstram que desde 1948, a energia das ondas aumentou 0,4%, preconizando-se que até ao final do presente século algumas regiões do planeta, experimentarão ondas substancialmente maiores.

As ondas oceânicas clivam simultaneamente o poder destrutivo e a sustentação da vida. A sua magnitude consegue danificar navios, arrasar e redesenhar zonas costeiras. Antagonicamente, são o veículo de transporte de nutrientes elementares à vida marinha, e oferecem assombrosos momentos de natural espetacularidade, em spots como Nazaré (Portugal) e Teahupo’o (Taiti).

Empenhadamente procuradas pelos praticantes de desportos náuticos, as ondas personificam a versão mais icónica do desejado verão – um dia de praia, areia, brisa, água salgada, conchinhas, e o som e o bailado das hipnotizantes ondas. Estas, a materialização física de um extraordinário fenómeno da natureza, onde actuam concomitantemente, energia solar e massas de ar!