A música pode reduzir os sintomas da demência?
A música pode ser um verdadeiro remédio para nós. Embora seja frequentemente usada como terapia, alguns especialistas questionam o seu papel, especialmente em condições como a demência. Será que realmente ajuda os pacientes?

A música acalma a alma. E muito mais! Os seus efeitos benéficos são bem conhecidos. De antidepressivos a analgésicos, a música tem a capacidade de aliviar até mesmo as doenças mais graves. Isto é especialmente verdadeiro no caso da demência.
Diversos estudos concordam que a música pode ajudar a melhorar distúrbios relacionados com essa doença, como a perda de memória, a ansiedade e a depressão.
Música, um remédio que só pode fazer bem
Dados globais revelam que mais de 55 milhões de pessoas sofrem de demência. Esta doença afeta a função cognitiva, causando declínio progressivo. Embora existam medicamentos para retardar a demência, infelizmente são eficazes apenas para certos sintomas e a sua eficácia é de longo prazo. Quanto mais a doença progride, menos eficazes se tornam.
Os efeitos da musicoterapia variam dependendo do paciente
Por isso, os investigadores holandeses quiseram aprender mais. Analisando cerca de 30 estudos, conseguiram avaliar os resultados de mais de 1.700 pacientes com demência. O objetivo era observar os resultados relacionados com o bem-estar emocional, comportamento e cognição. Uma primeira análise foi realizada no fim da terapia, seguida por uma segunda um mês depois.
Os resultados são mistos. Embora a música pareça melhorar a depressão e os problemas comportamentais em geral, também parece contribuir para a redução dos níveis de ansiedade. No entanto, não foram observadas mudanças nos sinais de agitação ou agressividade. Especialistas afirmam que mais dados são necessários para confirmar estes resultados.

Isto sem mencionar que os efeitos da musicoterapia podem variar de paciente para paciente, como explica o professor Robert Zatorre, cientista do Instituto Neurológico e Hospital de Montreal (no Canadá). "Nem todos respondem. Alguns respondem muito bem, outros um pouco menos, e outros ainda não, e não sabemos por quê. Mas não é mágico nem milagroso. Mesmo para aqueles que respondem, o efeito benéfico pode durar apenas alguns minutos, e depois recaem".
No entanto, Zatorre acrescenta que "para algumas pessoas, pode ter um efeito bastante profundo, então vale sempre a pena tentar e continuar a tentar, porque pode variar de um momento para o outro. A pessoa não responde num dia, mas no dia seguinte volta e responde, então vale sempre a pena. E a vantagem da música é que não custa nada e não há risco. Nunca vai doer".
Referências da notícia
La musique aurait un impact bénéfique sur la démence. 0 3 de novembro, 2024. Jean-Benoit Legault, La Presse Canadienne.
La musique peut-elle aider à atténuer les symptômes de la démence?. 19 de março, 2025. Science-et-vie.