Três plantas que florescem à noite e dão charme ao seu jardim quando o sol se põe

Guia com espécies que despertam ao pôr do sol, enchem o ar de perfumes suaves e transformam qualquer jardim num cenário cheio de cor e encanto.

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Algumas plantas aguardam a sombra e a frescura para mostrar o seu melhor lado nas horas calmas.

O sol põe-se e, para a maioria das espécies, é altura de se retirar e descansar. Mas para algumas plantas, a noite é a altura de se abrirem ao mundo e trazerem cor e mistério aos jardins.

Eis três espécies que florescem com a Lua e que justificam que fique acordado mais um pouco.

A Maravilha que pinta o jardim ao anoitecer: Mirabilis Jalapa

Entre as flores noturnas mais comuns na Argentina, poucas competem com a Don Diego de Noche - também conhecida por Maravilha ou Mirabilis jalapa - uma herbácea nativa do México que se adapta a quase todos os jardins.

Cresce em passeios, vasos largos e cantos onde outras plantas desistem rapidamente, graças a um tubérculo subterrâneo que engrossa com o tempo e lhe permite voltar todas as primaveras, mesmo depois de um inverno frio.

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A Maravilha abre as suas flores ao pôr do sol e enche o jardim de cores suaves.

A sua graça reside no seu horário: as flores abrem-se ao fim da tarde e permanecem desdobradas até de madrugada, para se fecharem assim que os primeiros raios de sol regressam.

As cores são um espetáculo irresistível: brancos, amarelos, rosas, fúcsias e, por vezes, várias tonalidades na mesma flor. Este efeito não resulta de uma mutação isolada, mas de uma caraterística da própria espécie, capaz de produzir flores bicolores, mosqueadas ou que mudam de cor com o passar das horas.

As corolas medem entre 3 e 5 centímetros e compensam o seu tamanho com abundância e um perfume suave que enche o ar sem exagero. Nas regiões temperadas, pode comportar-se como uma planta perene; nas zonas com fortes geadas, a parte aérea desaparece no inverno, embora o tubérculo resista e rebente quando a temperatura sobe.

Não precisa de muito: sol pleno ou semi-sombra, rega moderada e solo bem drenado. Em contrapartida, floresce regularmente desde o final da primavera até ao início do outono. No entanto, vale a pena estar atento: produz muitas sementes e pode aparecer em locais onde ninguém a convidou. Para quem procura uma flor noturna rústica, abundante e fácil de cuidar, é um aliado perfeito para iluminar o jardim no momento em que o dia começa a desvanecer-se.

Epiphyllum oxypetalum, a rainha da noite que abre apenas uma vez

No mundo dos cactos, poucos geram tanta expectativa como a rainha da noite. O Epiphyllum oxypetalum é uma espécie originária das florestas tropicais quentes da América Central e de parte do norte da América do Sul, onde cresce como epífita: agarra-se a troncos e ramos com raízes aéreas, sem lhes retirar nutrientes, e aproveita a humidade do ambiente e a matéria orgânica que se acumula na casca.

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A rainha da noite em plena floração, uma flor enorme e perfumada que ilumina a escuridão durante algumas horas.

Os seus caules achatados e carnudos - que funcionam como folhas - já indicam que não se trata de um cato típico do deserto. As enormes flores brancas, que atingem 20 a 30 centímetros, têm um perfume doce e abrem-se quando o sol se põe.

O espetáculo dura apenas algumas horas: ao amanhecer, começam a desvanecer-se, como se a planta tivesse gasto toda a sua energia neste gesto único. E não aparece muitas vezes: floresce apenas algumas vezes por ano, quase sempre na estação quente e quando já atingiu uma certa maturidade.

Pode desenvolver-se em varandas bem iluminadas, pátios ligeiramente sombreados e janelas com boa luz mas sem sol direto. Gosta de um substrato arejado - uma mistura de cactos com perlite ou casca de árvore- e de regas espaçadas, molhando bem e deixando secar completamente antes de voltar a regar.

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A versão noturna do pátio pode ter aromas e cores suaves que se revelam apenas ao anoitecer.

Aprecia a ventilação, a humidade e um vaso mais largo do que profundo, pois as suas raízes estendem-se para os lados. Bem implantada, vive muitos anos e, de vez em quando, oferece esse espetáculo fugaz que transforma uma noite normal num pequeno acontecimento.

Cestrum nocturnum, o arbusto perfumado que perfuma todo o pátio

Se está à procura de uma planta cuja marca seja o aroma, esta é imbatível. O Cestrum nocturnum - conhecido como dama de noche ou galán de noche - é um arbusto originário das Caraíbas e de partes da América Central.

As suas flores são pequenas, brancas ou branco-esverdeadas e algo discretas, não chamando a atenção. O seu encanto aparece ao anoitecer, quando liberta um perfume intenso, doce e envolvente que enche o ar e transforma qualquer recanto num clássico jardim noturno.

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Um 'galán de noche' (galanteador noturno, em português) que liberta o seu perfume intenso e transforma o pátio num jardim aromático ao fim da tarde.

Dependendo do espaço e da poda, pode medir entre 2 e 4 metros, e floresce geralmente em lotes durante a primavera, o verão e, em climas amenos, até ao outono. Aprecia a meia-sombra ou o sol suave, um solo fértil e regas regulares nos meses mais quentes.

Não tolera geadas fortes, por isso, nas regiões frias, é melhor protegê-la ou cultivá-la num vaso grande para que possa ser deslocada. No sítio certo, vive muitos anos e transforma o pátio numa delícia aromática que se ilumina ao cair da noite.

Plantas que abrem flores gigantes, cactos que trepam até encontrarem a luz certa, arbustos que perfumam a noite como se fosse um ritual. Cada uma tem o seu tempo, os seus caprichos e o seu encanto. Tudo o que precisa é de um canto com boa luz, um substrato adequado e aquela paciência que é dada às plantas que florescem ao seu próprio ritmo. Quando a noite cai, elas fazem o resto.