A "Mona Lisa" está a guardar um segredo surpreendente e venenoso! O que é?

O quadro mundialmente famoso da Mona Lisa esconde um segredo que provavelmente não é conhecido por toda a gente. Nós revelamo-lo aqui.

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Quem é que não a conhece? O quadro mundialmente famoso da Mona Lisa de Da Vinci. Este quadro esconde um segredo!

Leonardo da Vinci é ainda hoje conhecido pelas suas inovações revolucionárias no domínio das artes e das ciências. As últimas análises, publicadas no Journal of the American Chemical Society, revelam que o seu amor pela experimentação se estendia até às camadas de base por baixo das suas pinturas. Surpreendentemente, as amostras da "Mona Lisa" e da "Última Ceia" sugerem que Vinci fez experiências com óxido de chumbo (II), o que levou à formação de um composto raro chamado plumbonacrite sob as suas obras de arte.

As cores e os pigmentos do atelier de da Vinci sempre foram um mistério. Este facto levou os estudiosos a analisar atentamente os seus escritos e obras de arte em busca de pistas. Muitos quadros do início de 1500, incluindo a "Mona Lisa", foram pintados em painéis de madeira que necessitavam de uma espessa "camada de base" antes de serem efetivamente pintados.

Enquanto outros artistas usavam normalmente gesso, da Vinci experimentou aplicar camadas espessas de pigmento branco de chumbo e adicionar óxido de chumbo (II) ao seu óleo, um pigmento laranja que conferia propriedades especiais de secagem à tinta acima.

Análise única de pinturas mundialmente famosas

Também utilizou uma técnica semelhante na tela por baixo da "Última Ceia", que se desviava da técnica tradicional de frescos utilizada na altura. Para estudar estas camadas únicas com mais pormenor, Victor Gonzalez e os seus colegas decidiram aplicar técnicas analíticas atualizadas e de alta resolução a pequenas amostras destas duas pinturas.

A equipa realizou as suas análises numa pequena "microamostra" previamente retirada de um canto escondido da "Mona Lisa". Para além disso, foram retiradas 17 microamostras da superfície da "Última Ceia". Utilizando técnicas de difração de raios X e de espetroscopia de infravermelhos, descobriram que as camadas de base destas obras de arte continham não só óleo e branco de chumbo, mas também um composto de chumbo muito mais raro chamado plumbonacrite (Pb5(CO3)O(OH)2).

Este material não tinha sido detetado anteriormente em pinturas do Renascimento italiano, embora tenha sido encontrado em pinturas posteriores de Rembrandt do século XVII. A plumbonacrite só é estável em condições alcalinas, o que sugere que resultou de uma reação entre o óleo e o óxido de chumbo (II) (PbO). Foram também encontrados grãos intactos de PbO na maioria das amostras da "Última Ceia".

Primeira prova experimental bem sucedida

Mesmo sabendo que os pintores adicionavam óxido de chumbo aos pigmentos para os ajudar a secar, a técnica ainda não foi comprovada experimentalmente para as pinturas do tempo de Da Vinci. De facto, os investigadores só encontraram referências ao PbO nos seus escritos em relação a tratamentos de pele e cabelo, embora se saiba agora que é bastante tóxico. Apesar de não o ter escrito, estas descobertas mostram que os óxidos de chumbo devem ter desempenhado um papel importante na paleta do velho mestre e podem ter ajudado a criar as obras-primas que hoje conhecemos.

A revelação deste segredo alarga a nossa compreensão da criatividade artística de Leonardo da Vinci e do seu gosto pela experimentação. Estas novas descobertas mostram que o mestre era inovador não só na pintura, mas também na investigação de materiais. A sua vontade de experimentar diferentes pigmentos e técnicas sugere que foi um verdadeiro pioneiro na utilização de materiais e das suas propriedades.

É necessária mais investigação

A investigação abre também a porta a novas questões sobre a utilização do óxido de chumbo na arte renascentista. As suposições anteriores sobre os materiais e técnicas utilizados durante este período poderão ser revistas, uma vez que a descoberta de acrite de plumbo nas obras de da Vinci abre uma nova perspetiva. É possível que outros artistas do seu tempo tenham utilizado técnicas semelhantes que até agora não foram reconhecidas.

Um aspeto fascinante desta descoberta é o facto de a acrite de plumbo ser estável em condições alcalinas. Isto levanta a questão de saber como é que da Vinci conseguiu manter esta estabilidade nas suas pinturas. É possível que tivesse um conhecimento profundo das propriedades químicas dos materiais que utilizava e que fosse capaz de os direcionar para obter os efeitos desejados. Isto sublinha o seu génio não só como artista, mas também como cientista.

A descoberta de grande alcance tem repercussões

O significado desta descoberta ultrapassa o mundo da arte e atinge também a comunidade científica. Mostra que a ciência e a arte estão intimamente ligadas e se podem influenciar mutuamente. A aplicação de técnicas analíticas modernas a obras de arte antigas abre novas possibilidades para compreender as técnicas e os materiais utilizados pelos artistas do passado. Este facto é de grande importância para a conservação e restauro de obras de arte, uma vez que uma melhor compreensão dos materiais e técnicas utilizados pode ajudar a garantir a preservação dos tesouros artísticos.

A investigação de Victor Gonzalez e da sua equipa mostra como a colaboração entre especialistas em arte e cientistas pode conduzir a resultados perspicazes. Encoraja a construção de pontes entre diferentes disciplinas e o trabalho conjunto para obter novos conhecimentos. Esta abordagem interdisciplinar pode ajudar a desvendar muitos mistérios não resolvidos no mundo da arte e fornecer uma visão mais profunda da mesma.