Recolha de resíduos de embalagens em risco de falhar metas europeias. Taxa de reciclagem de vidro é “preocupante"
Os números do primeiro semestre de 2025 são "um claro sinal de alerta". Se não acelerarmos o passo, corremos o risco de não cumprir as metas europeias, alerta Pedro Simões, diretor-geral da Novo Verde.

Os dados do primeiro semestre de 2025 do Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens (SIGRE) revelam um "crescimento insuficiente" na recolha seletiva de resíduos de embalagens.
O cenário, diz a Novo Verde, é “ainda mais preocupante no que diz respeito ao material vidro”, onde a recolha seletiva registou “uma diminuição” nos primeiros seis meses de 2025.
As embalagens de vidro devem ser depositadas no ecoponto verde. Para aí devem seguir embalagens vazias de frascos de conservas (de grão, feijão, pickles, etc.); garrafas de bebidas (água, bebidas alcoólicas, sumos); boiões de fruta, compota ou doce; frascos de verniz, de perfume (mesmo com o borrifador integrado) e de desodorizante (mesmo com a bola de roll on).

Já pratos, copos, chávenas, pirex outras loiças e cerâmicas, como tigelas ou jarros, esses, não devem ser canalizados para os ecopontos. E também os espelhos, lâmpadas e vidros de janela, assim como vidros de loiças decorativas também estão banidos desses pontos de recolha de vidro.
"Significativamente aquém da meta" da UE
A entidade gestora de resíduos de embalagem, que se encontra licenciada para a gestão de um Sistema Integrado de Gestão de Embalagens e Resíduos de Embalagens (SIGRE) dispondo de uma nova licença desde o dia 1 de janeiro de 2025 até 31 de dezembro de 2034, afirma que esta informação é “particularmente desafiante”.
Isto, porque Portugal recicla atualmente apenas cerca de 50% das embalagens de vidro que utiliza, ficando “significativamente aquém da meta europeia de 70%, já para este ano”.
Dados do primeiro trimestre eram indicativos
No primeiro trimestre de 2025, a Novo Verde tinha anunciado um volume de recolha seletiva superior a 116 mil toneladas de resíduos de embalagens de vidro, plástico, papel e cartão, assim como de embalagens de cartão para alimentos líquidos, aço, alumínio e madeira. E, já nessa altura, apontava para baixos níveis de reciclagem de vidro em Portugal.
Como se não bastasse, o “decréscimo na recolha de vidro é particularmente preocupante e exige uma ação imediata e concertada”, alerta Pedro Simões, sublinhando que “precisamos de olhar para todos os canais de recolha e ter uma reflexão crítica sobre onde e como podemos promover ganhos de eficiência de captação, em prol de uma maior e melhor reciclagem".
A Novo Verde ”apela veementemente” à mobilização de todos os portugueses e diz que "todas as embalagens contam". "Cada embalagem de vidro que não é reciclada representa um passo atrás no nosso compromisso com a sustentabilidade”.

O diretor-geral da Novo Verde avisa que “precisamos de intensificar os esforços de separação dentro e fora de casa, de garantir a correta deposição nos ecopontos e de promover uma cultura de reciclagem onde cada embalagem conta para o cumprimento das metas”.
Portugal, assim como o resto da Europa, está comprometido em enviar 65% dos seus resíduos para reciclagem até 2025. Em 2030, será necessário que cada Estado-membro aumente a percentagem 70%.
Estando a Novo Verde “empenhada em liderar este esforço”, dizem que precisam da “colaboração de todos, para potenciar este progresso”. Desafiam, pois, os principais stakeholders para “encontrar soluções que permitam aportar ainda mais embalagens ao sistema”, sublinha o Diretor-Geral da Novo Verde.
Esta entidade garante que tem realizado várias ações de sensibilização e educação em diversos contextos, “reforçando a importância” da separação correta das embalagens e incentivando o descarte adequado deste tipo de resíduo.
Entre essas ações, incluindo com crianças, a Novo Verde inaugurou este ano o Transformarium, o primeiro centro de sensibilização ambiental que utiliza realidade aumentada e vídeo mapping, direcionado maioritariamente para a comunidade escolar.