Dia Mundial do Tubarão, 14 julho: enfrente o seu medo e descubra cinco incríveis talentos do maior predador dos oceanos
No imaginário coletivo, o tubarão é a espécie marinha mais temível, mas é também uma criatura fascinante e vital para a sustentabilidade dos mares.

Mais de 100 milhões de tubarões são mortos todos anos para fins comerciais, sendo a pesca costeira responsável por cerca de 95% dessa mortalidade. As estimativas de uma equipa internacional de investigadores e da organização The Nature Conservancy mostra bem como este grande predador dos oceanos está seriamente ameaçado, com mais de 10 espécies em risco de extinção.
Os tubarões sobreviveram a extinções em massa e adaptaram-se às mudanças das condições ambientais, persistindo nos nossos oceanos durante mais de 400 milhões de anos.

Temidos por serem predadores de topo, acabamos, muitas vezes, por desvalorizar o seu papel no equilíbrio do ecossistema marinho. É por isso que, para celebrar esta data especial, selecionamos cinco incríveis talentos sobre os tubarões.
É somente uma singela homenagem para reconhecer a sua importância e relembrar a urgência em protegê-los da maior ameaça que enfrentam atualmente: os humanos.
1 – Um carniceiro insaciável
O tubarão é um puro carnívoro, com uma especial predileção por peixes pequenos. Não significa isto que as criaturas marinhas maiores estão a salvo. Mas, por regra, só são devoradas quando se encontram debilitadas. Ao comerem os animais doentes e fracos, o tubarão desempenha uma função vital na manutenção da saúde dos ecossistemas marinhos.

Como nunca para de nadar, nem quando está a dormir, o seu apetite é voraz, gastando muita energia que necessita de ser constantemente alimentada. Para o ajudar na caça, conta com uma dentição que pode chegar aos 60 dentes.
A substituição, em algumas espécies, pode acontecer em fileiras inteiras simultaneamente, enquanto em outras, os dentes são substituídos individualmente.
2 – Um valioso contributo para a ciência
Diferentes partes do corpo do tubarão têm vindo a ser usados na medicina. A sua cartilagem, por exemplo, revelou substâncias que, em animais de laboratório, inibiram o crescimento de tumores.

Os tubarões-brancos, em particular, têm ajudado os cientistas a investigar soluções para combater não só o cancro, como doenças associadas ao envelhecimento. A pele, por outro lado, tem sido amplamente estudada por apresentar propriedades antibacterianas.
O óleo do fígado do tubarão, rico em esqualeno – conhecido por estimular a produção de anticorpos e fortalecer o sistema imunológico-, é usado em vacinas contra a gripe, a tuberculose ou a malária.
3 – Um ancião mais antigo que os dinossauros
Com 439 milhões de anos, o Fanjingshania renovata é o fóssil de tubarão mais antigo até agora encontrado. Descoberto na China em 2022, este achado mostrou que estas criaturas chegaram, pelo menos, 90 milhões de anos antes das árvores e 190 milhões de anos antes dos dinossauros.
Os tubarões já navegavam no oceano antes do supercontinente Pangeia se separar, há 250 milhões de anos, dando origem aos continentes Laurásia e Gondwana. Atualmente, alguns dos descendentes dos tubarões primitivos podem viver centenas de anos. O tubarão-da-Gronelândia, por exemplo, vive em média 270 anos, podendo chegar aos 500 anos.

A maioria das espécies, no entanto, tem uma longevidade mais curta, entre os 20 e 30 anos. No caso do tubarão-branco, a esperança de vida atinge os 70 anos, enquanto o tubarão-baleia pode ir além dos 100 anos.
4 – Um guardião dos oceanos
Investigadores australianos descobriram que os tubarões-tigres despenham uma função central na preservação das pradarias marinhas – ecossistemas responsáveis por sequestrar mais carbono do que as florestas tropicais, ajudando ainda a proteger os ecossistemas de eventos climáticos extremos.

Ao afastar as suas presas, como tartarugas, aves e raias, das águas rasas, o tubarão-tigre acaba por criar uma espécie de reserva protegida para as ervas e algas marinhas crescerem.
Após a descoberta, os investigadores partiram para uma segunda fase do estudo com o objetivo de perceber se outras espécies de tubarão fazem o mesmo e se o fenómeno ocorre também noutros locais como os recifes de corais.
5 – Um sexto sentido hiperapurado
Os tubarões captam correntes eletromagnéticas manoscópicas que os ajudam a navegar no oceano e sobretudo a encontrar as suas presas e outros companheiros e companheiras.

Trata-se de um impulso elétrico quase impercetível que o cérebro de uma presa envia até ao coração, fazendo disparar as pulsações cardíacas. Este apurado sexto sentido permite aos tubarões encontrar um animal onde quer que esteja escondido com bastante eficácia.
Referências do artigo
Leonardo Manir Feitosa, Alicia M. Caughman, Nidhi G. D'Costa, Sara Orofino, Echelle S. Burns, Laurenne Schiller, Boris Worm, Darcy Bradley. Retention Bans Are Beneficial but Insufficient to Stop Shark Overfishing. Wiley Online Library
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How Strong Is a Shark’s Bite? Enciclopédia Britânica
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Sharks longer in the tooth than we thought. James Cook University
Austin J. Gallagher, Jacob W. Brownscombe, Nourah A. Alsudairy, Andrew B. Casagrande, Chuancheng Fu, Carlos M. Duarte et. al. Tiger sharks support the characterization of the world’s largest seagrass ecosystem. Nature
Distinguished Research Reveals Sharks Sixth Sense. University of San Francisco