Uma economia circular do cobre pode reduzir as emissões de carbono e melhorar o abastecimento futuro

O fornecimento de cobre é cada vez mais incerto. Tendo em conta as práticas destrutivas das empresas mineiras, poderá a reciclagem evitar o pior e garantir o abastecimento futuro para a transição ecológica?

cobre
O cobre tem muitas utilizações, mas as reservas são escassas.

O cobre faz parte da história da humanidade há muito tempo. Mesmo no século XXI, o seu fornecimento continua a ser essencial para a produção de muitas inovações eletrónicas, desde computadores a smartphones e desde sistemas de aquecimento a componentes de automóveis.

Isto deve-se em parte à elevada condutividade elétrica e térmica do cobre. Em tempos, foi considerado abundante e facilmente disponível, mas atualmente já não é esse o caso.

O cobre é atualmente vital para muitas das economias mundiais, mas o seu fornecimento futuro é cada vez mais incerto. A razão para tal é a crescente procura global e as fontes incertas de cobre de alta qualidade, ideal para utilização em componentes eletrónicos. As qualidades do minério de cobre parecem estar a diminuir.

Uma nova investigação mostra como uma melhor reciclagem do cobre pode garantir o abastecimento futuro, reduzindo simultaneamente as emissões de carbono. O estudo aborda os desafios que surgem à medida que a produção de cobre se torna cada vez mais prejudicial para o ambiente, à medida que se extrai novo minério.

A reciclagem oferece uma forma de reduzir a forte dependência de métodos de extração que estão a danificar cada vez mais a Terra. Mas uma equipa de investigadores oferece uma solução no seu estudo recentemente publicado.

Mapa de abastecimento de cobre.
Distribuição global da oferta de fundição de cobre metálico. Crédito: Xianlai Zeng, et al.

O Professor Xianlai Zeng, coautor do estudo, explicou: “Desenvolvemos modelos dinâmicos e estáticos que projetam o consumo de cobre, a procura acumulada e as emissões de carbono associadas até ao ano 2100.

A nossa abordagem tem em conta uma série de fatores, como o crescimento da população, o aumento do consumo de cobre per capita e a inevitável deterioração da qualidade do minério, que aumenta a procura de energia e as emissões de carbono das operações de extração e refinação.

Descobertas

A equipa de investigação de Zeng observou que o aumento das taxas de reciclagem de cobre pode aliviar as preocupações com a futura escassez e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões de carbono dos processos de extração.

“Se atingirmos taxas de reciclagem de 60-80%, a procura de cobre primário diminuirá significativamente, o que aliviará a pressão sobre as reservas naturais e conduzirá a uma redução significativa das emissões”, explicou Zeng.

Para ter em conta o contexto global, a equipa chegou a esta conclusão depois de simular cenários para todo o mundo. As zonas com elevada procura, como a Ásia, e as zonas com sistemas de gestão de resíduos mais avançados, como a Europa e o Reino Unido, apresentam perspetivas desiguais de sustentabilidade do cobre.

O modelo mostra os efeitos da reciclagem ao longo do tempo

Os modelos da equipa mostram como os métodos de reciclagem melhorados apoiam o fornecimento e a conservação de recursos futuros que são essenciais para o crescimento tecnológico (por exemplo, durante a transição ecológica), mas também desempenham um papel fundamental na redução das emissões de carbono.

Uma perspetiva otimista com uma “reciclagem agressiva” poderia levar a que a produção de cobre atingisse um pico entre 2030 e 2060, antes de começar a diminuir. Pode parecer muito tempo, mas a economia circular exige que se considerem perspetivas de longo prazo em vez de riscos e oportunidades de curto prazo.

Os decisores devem ter em conta as mudanças futuras, em vez de tomarem decisões sem ter em conta as gerações futuras. “As nossas conclusões fornecem um roteiro para os decisores políticos e as partes interessadas da indústria. Sublinham a necessidade de melhorar os sistemas de recolha de sucata, tecnologias de reciclagem inovadoras e medidas políticas específicas para promover a conceção de produtos sustentáveis”, continuou Zeng.

A transição para uma economia do cobre mais circular é essencial - Zeng

O estudo mostra que a transição para uma economia circular do cobre é crucial não só para a segurança dos recursos a longo prazo, mas também para atingir os objetivos globais de redução do carbono e abrir caminho a um futuro industrial mais sustentável.