O futuro da aviação está… no Sol!

Numa altura em que o preço dos combustíveis, bem como a fatura energética no geral, está a aumentar a um ritmo galopante, o surgimento de novos combustíveis pode revolucionar um dos modos de transporte mais poluente. Saiba mais sobre este assunto, connosco!

Aviação.
O setor da aviação é muito importante a nível económico, contudo é um dos modos de transporte mais consumidor e consequentemente, mais poluente.

Dentro de pouco tempo, um novo combustível, designado “querosene solar” transformará as viagens de avião, tornando-as neutras ao nível das emissões de carbono, pelo menos é isso que um estudo recente da Escola Politécnica de Zurique (ETHZ) dá a entender. Nas próximas décadas seremos confrontados com um conjunto de desafios energéticos, mas algumas soluções poderão estar mais próximas do que se imagina.

Quando se aborda a questão do consumo de energia, é sabido que o setor dos transportes, nomeadamente os transportes aéreos e os marítimos, são dos mais consumistas. É possível constatar ainda que, para além de consumir em grande escala, consome quase unicamente combustíveis fósseis. Num mundo em constante mutação, é essencial encontrar uma (ou até mais) alternativa que represente zero emissões de carbono, de forma a que o transporte de mercadorias e pessoas seja sustentável.

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Ao pensar neste paradigma, o Sol, fonte de energia renovável, tem sido visto como o futuro na produção de energia elétrica. Agora, é visto também como uma alternativa aos combustíveis de aviação. No telhado do Laboratório de Máquinas da ETHZ, em Zurique, funciona, de há cerca de 2 anos a esta parte, uma espécie de “mini refinaria solar”.

De forma simples, trata-se de uma infraestrutura em forma de parabólica que converte, através de processos termoquímicos, a luz solar e o oxigénio presente na atmosfera em combustível direto, pronto a ser utilizado. Todos os detalhes deste processo estão presentes no estudo “Drop-in Fuels from Sunlight and Air”, apresentado pela instituição de ensino superior helvética no início do mês.

Desafios na produção e utilização

Os autores deste estudo afirmaram que este tipo de tecnologia já está bastante avançada, ou seja, já pode ser utilizada em aplicações industriais. Assim, o principal desafio a curto prazo é produzir esta tecnologia a uma escala industrial, de forma a que este tipo de combustível entre no mercado.

Para além das vantagens já anunciadas, outra grande vantagem é que se podem utilizar áreas do globo menos povoadas, nomeadamente os desertos quentes, para produzir este combustível de origem solar. As regiões desérticas são os locais ideais de produção, já que o número de horas de Sol é muito superior a outras áreas do globo. A utilização de apenas 1% das terras áridas do planeta pode ser suficiente para responder à totalidade da procura de combustíveis de aviação, a nível mundial.

(...) o principal desafio a curto prazo é produzir esta tecnologia a uma escala industrial, de forma a que este tipo de combustível entre no mercado.

Se por um lado não se utilizariam terras aráveis na produção destes combustíveis, ou seja, esta produção não iria interferir na atividade agrícola e na produção animal, por outro, seria possível tornar as emissões de carbono quase nulas. Em contrapartida, as principais desvantagens enunciadas são o avultado investimento inicial necessário para produzir e comercializar este combustível solar. Assim, para uma entrada no mercado energético, precisariam de apoios concretos dos governos.

Por exemplo, a União Europeia (UE) não está preparada, a nível legislativo, para a introdução de combustíveis solares no mercado. De forma a contornar este problema, os autores deste estudo incitam a UE a criar um sistema de cotas, que obrigaria as empresas de aviação a comprar e a utilizar uma parte dos seus combustíveis de origem solar.

Este sistema de cotas, numa primeira fase, permitiria o investimento na construção de mais unidades de produção, estimulando, posteriormente, a vertente económica e a consequente baixa de preços para todo o setor dos transportes.