O letal poder dos raios: catástrofe em Moçambique!

Durante o último fim de semana, precipitação intensa, ventos fortes e trovoadas, atingiram o centro oeste de Moçambique, regiões identificadas pelo INM, como áreas de risco pelas cíclicas passagens de tempestades, nomeadamente entre outubro e abril, que deixam sempre um rasto devastador.

A constante procura do mecanismo atmosférico pelo equilíbrio.

Trata-se de uma zona geográfica particularmente afectada por desastres naturais, considerando que, para além de se encontrar a jusante da maioria das bacias hidrográficas da África Austral, a sua caracterização meteorológica é definida pela influência conjugada dos anticiclones subtropicais do oceano Índico, da zona de convergência intertropical, de depressões térmicas da África Austral e da passagem das frentes frias do sul.

E, o passado domingo ficou marcado por mais uma calamidade, cujas consequências foram particularmente gravosas – um raio atingiu um celeiro no distrito de Mossurize, no sul de Manica, reduzindo-o a cinzas, mesmo sob forte precipitação!

Um incidente que triste e lamentavelmente resultou no óbito de três crianças, e no ferimento de seis adultos, nove membros de uma mesma família que se encontrava reunida no local para uma refeição. Já em 2017, na região de Mossurize, vários membros de um grupo religioso, que se encontrava a celebrar o culto debaixo de árvores, pereceram atingidos por raios.

Belo e perigoso?

Os raios ou descargas eléctricas surgem sempre que existe uma diferença de potencial muito grande entre nuvens, ou entre nuvens e solo.

Dentro das nuvens ocorrem as chamadas correntes de convecção, a deslocação de massas de ar devido às diferenças de temperatura, e muitas vezes, essas correntes de ar (ventos) são tão fortes que as colisões entre o granizo e os cristais de gelo, dentro da nuvem, “electrizam” os cristais com carga positiva (parte superior da nuvem) e o granizo com carga negativa (parte inferior da nuvem). Ora, se essa “electrização” for muito alta, ocorre a indução de uma carga positiva na superfície do planeta, estabelecendo um campo eléctrico.

E, se a capacidade dieléctrica do ar atmosférico, que varia entre 10 mil e 30 mil volts por centímetro, for ultrapassada devido a aumento da carga, ou da intensidade do campo eléctrico, o ar torna-se um condutor que, inevitável e facilmente promoverá uma descarga, devido à diferença de carga eléctrica que existe entre as nuvens e o solo – “nasce” um raio!

Uma das poderosas expressões da natureza!

Curiosidades:

Ora, raio é a designação atribuída ao percurso luminoso que uma descarga atmosférica faz até atingir o solo, carregando uma energia eletromagnética que se encaixa numa faixa de frequência que vai de algumas dezenas de hertz até ao visível, e podendo atingir uma intensidade máxima de 5 quilohertz. Contudo, mesmo de baixa intensidade, este fenómeno atmosférico transporta radiação suficiente para interferir em aparelhos, como rádios e televisores.

Mais ainda, a emissão de radiação, na faixa do visível, de uma região de até 1 metro de diâmetro, tem energia luminosa suficiente para iluminar durante cerca de 60s egundos, uma cidade com uma população de aproximadamente 200 mil habitantes, tal o seu poder!

A voltagem de um raio é de 100 milhões a 1 bilhão de volts, e tem corrente suficiente para fazer funcionar, ao mesmo tempo, 30 mil lâmpadas de 100 W! Curioso é que, de toda a energia produzida por um raio, apenas uma pequena parte é transformada em energia elétrica, sendo a grande maioria desta energia destinada para a luz que é emitida, para o som e o calor produzido por ele.

Garantir segurança é essencial, e a sabedoria popular pode sempre ser tida em conta, pelo que, sem um abrigo por perto, e sentindo os “pêlos arrepiar”, ou prurido na pele, pode indicar que um raio estará prestes a cair – ajoelhar, curvar para frente, colocar as mãos nos joelhos e a cabeça entre eles!