É assim que o seu corpo reage a 40 °C: estes são os riscos invisíveis do calor extremo

Quando as temperaturas sobem acima dos 40 °C, não se limita a suar mais: o seu coração, os seus rins e até o seu cérebro entram em modo de emergência sem que se aperceba.

O calor extremo representa uma ameaça real para o corpo
O calor extremo representa uma ameaça real para o corpo

O nosso corpo tem um sistema de autorregulação chamado homeostase, que tem por objetivo manter uma temperatura interna constante, normalmente entre 36,5 e 37 °C. No entanto, quando o termómetro sobe para 40 °C ou mais, todo o equilíbrio é abalado.

A "maquinaria" do corpo em alerta máximo

Para se defender, o corpo ativa os seus mecanismos de termorregulação. Em primeiro lugar, abre os vasos sanguíneos da pele num processo chamado vasodilatação, para expulsar o calor para o ambiente.

Isto faz com que a pele fique avermelhada e sentimos calor. Depois vem o suor. A evaporação do suor é o nosso ar condicionado biológico. Mas a transpiração tem um preço: perdemos água e sais essenciais, o que pode levar a complicações mais graves.

O coração fica sobrecarregado com o calor

Enquanto o sangue corre para a pele para refrescar o corpo, os órgãos internos recebem menos fluxo sanguíneo. Isto obriga o coração a bater mais depressa e com mais força. Para uma pessoa saudável, este pode ser apenas um esforço desconfortável. Para alguém com problemas cardíacos, este stress adicional pode ser o gatilho para um ataque cardíaco, angina ou mesmo colapso cardiovascular.

O calor obriga o coração a bater mais depressa e com mais força.
O calor obriga o coração a bater mais depressa e com mais força.

Não é por acaso que as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte durante as ondas de calor, especialmente em zonas densamente povoadas onde muitas pessoas sofrem de doenças crónicas.

Suor e desidratação: uma combinação perigosa

A transpiração é essencial para evitar o sobreaquecimento, mas rouba-nos litros de água e eletrólitos. Se não repusermos constantemente os fluidos, o sangue fica mais espesso, reduz o volume circulante e baixa a tensão arterial. Isto pode danificar órgãos vitais como os rins, causando mesmo uma insuficiência renal aguda. Por isso, mesmo que não tenha sede, deve beber água com frequência. Não são recomendadas bebidas alcoólicas ou açucaradas quando o seu corpo está no limite devido ao calor.

Golpe de calor: o limite que não deve ultrapassar

Se o calor exterior for tão intenso que o corpo não consegue compensar, pode ocorrer o temido golpe de calor. Nesta situação, a temperatura do corpo sobe descontroladamente. Os sintomas incluem tonturas, confusão, convulsões ou perda de consciência. Trata-se de uma emergência médica grave, com risco de lesões no cérebro, coração, rins, intestinos, fígado e pulmões.

Golpe de calor.
Com o golpe de calor, a temperatura do corpo sobe descontroladamente.

Além disso, o calor excessivo obriga as pessoas a hiperventilar, o que provoca um stress adicional nos pulmões e pode agravar os problemas respiratórios, especialmente em ambientes onde a poluição aumenta no verão.

Calor e imunidade: uma relação complicada

O calor extremo também perturba o sistema imunitário. Com o aumento da temperatura ambiente, o nosso corpo produz proteínas chamadas proteínas de choque térmico (HSPs). Estas atuam como sinais de alarme para proteger outras proteínas mais sensíveis, mas também causam inflamação, alertando o sistema imunitário para um “perigo” que na realidade não existe.

O resultado é que o sistema imunitário comporta-se como se houvesse uma infeção real. No intestino, o calor pode aumentar a permeabilidade da mucosa intestinal, permitindo a passagem de fragmentos bacterianos para o sangue. Isto desencadeia uma resposta imunitária que, em casos graves, se assemelha a uma sépsis, com inflamação sistémica e sintomas potencialmente fatais.

Para se manter seguro, o mais importante é evitar a exposição prolongada ao calor extremo. Limite a atividade física intensa a meio do dia, procure espaços frescos, use roupas leves e, acima de tudo, mantenha-se bem hidratado.

O resultado é que o sistema imunitário comporta-se como se se tratasse de uma verdadeira infeção. No intestino, o calor pode aumentar a permeabilidade da mucosa intestinal, permitindo a passagem de fragmentos bacterianos para o sangue. Isto desencadeia uma resposta imunitária que, em casos graves, se assemelha a uma sépsis, com inflamação sistémica e sintomas potencialmente fatais.

Para se manter seguro, o mais importante é evitar a exposição prolongada ao calor extremo. Limite a atividade física intensa a meio do dia, procure espaços frescos, use roupas leves e, acima de tudo, mantenha-se bem hidratado.