Naves espaciais: aterrar nos oceanos será mais seguro?

Desde o início da odisseia espacial que as várias agências responsáveis por colocar naves e astronautas no espaço têm refinado a forma como veículos e tripulantes voltam à superfície terrestre. Será que aterrar na água é a forma mais segura?

Cápsula espacial.
Recolha de uma cápsula espacial da SpaceX, depois de ter feito um splashdown no Oceano Atlântico.

A maioria dos locais de lançamento das missões espaciais, no território dos Estados Unidos, encontra-se junto ao litoral, como é exemplo o Cabo Canaveral. Tanto a SpaceX, empresa aeroespacial criada em 2002 pelo conhecido e controverso Elon Musk, como a própria NASA voltaram a apostar nos Oceanos como locais preferenciais para o splashdown, a aterragem (ou amaragem, neste caso) dos seus veículos espaciais.

Em termos históricos, o splashdown era a técnica utilizada pela NASA até ao surgimento dos Vaivéns Espaciais. As cápsulas com os tripulantes ou outros veículos espaciais eram intencionalmente direcionadas para o Oceano e caíam tendo em conta a força da gravidade, com a ajuda de um paraquedas. Atualmente, as empresas do setor aeroespacial acreditam que este método pode ser a melhor maneira de fazer chegar as tripulações em segurança à superfície terrestre.

Os splashdowns protagonizados pela NASA e pela SpaceX, nos últimos 3 anos, têm-se revelado um sucesso, com muito menos risco do que aqueles que aconteceram há mais de 45 anos.

Quando as naves espaciais reentram na atmosfera terrestre, elas devem desacelerar de velocidades na ordem dos 27 000 km/h até chegarem a velocidades entre os 25 e os 30 km/h. Para que isto seja possível, é utilizada uma técnica chamada aerobraking, que de forma simples consiste na criação de atrito através do contacto com as camadas superiores da atmosfera. O paraquedas só surge na fase final da queda, quando o veículo espacial desce abaixo dos 3 000 metros de altitude.

Depois da queda no Oceano, foram várias as formas de colocar os tripulantes e os equipamentos a salvo. Inicialmente, um helicóptero ligava um cabo à cápsula que depois era içada e colocada num navio. Depois, as naves começaram a ser equipadas com mangas de flutuação que impediam o afundamento e retiravam a urgência ao resgate.

Prós e contras desta técnica

Como já foi referido, os veículos espaciais, antes do surgimento dos vaivéns espaciais que aterravam como qualquer avião comercial, optavam por se “despenhar” no oceano em vez de utilizar a superfície terrestre. A primeira razão para isto acontecer estava relacionada com os locais de lançamento. Por serem junto a zonas costeiras, os veículos já estavam projetados e equipados para se despenharem na água caso ocorresse um problema durante a descolagem.

Outros pontos a favor do splashdown estão relacionados com a suavidade do impacto com a Terra (uma amaragem é sempre mais confortável, para os passageiros, em relação a uma aterragem) e a vastidão dos mares e oceanos que permite que mesmo que os técnicos em terra falhem alguns cálculos, a segurança dos equipamentos e dos passageiros não será comprometida, pois não haverá o risco de queda em áreas densamente povoadas, por exemplo.

Já no que concerne aos pontos negativos é possível salientar a dificuldade de localizar e garantir a segurança de um veículo espacial na vastidão do oceano. Por exemplo, em 1962, um astronauta americano falhou a zona de amaragem por mais de 250 milhas náuticas, o que levou a uma espera de mais de 3 horas até ter sido localizado e resgatado.

O facto de, por vezes, as cápsulas espaciais poderem amarar viradas ao contrário, bem como o risco constante de inundação e morte por afogamento dos passageiros são outros dos pontos negativos a destacar.

Os splashdowns protagonizados pela NASA e pela SpaceX, nos últimos 3 anos, têm-se revelado um sucesso, com muito menos risco do que aqueles que aconteceram há mais de 45 anos. As amaragens de 2020 e de 2022, onde se utilizou uma técnica de entrada na atmosfera diferente, demostraram que o futuro está no regresso a Terra… via Oceano!